O pré-sal já está dando lucro – Coluna Carlos Brickmann

Coluna de quarta-feira, 9 de setembro

O mar de petróleo da camada pré-sal só deve jorrar normalmente daqui a uns dez anos. Mas o dinheiro começou a jorrar bem mais cedo: o pré-sal já se mostrou extremamente lucrativo para os franceses e seus parceiros brasileiros.

Em um dia, o Brasil gastou algo como US$ 15 bilhões em armas – sem contar as 25 usinas nucleares a ser construídas em 25 anos. Os 36 caças supersônicos Rafale são moderníssimos e o Brasil é pioneiro: o primeiro país a comprá-los, depois que perderam todas as concorrências internacionais de que participaram. Os quatro submarinos a diesel e o casco de submarino nuclear compartilham com os Rafale uma característica comum: todos ainda terão de ser construídos (o que não é tão ruim, porque o óleo do pré-sal, que segundo o presidente Lula será protegido pelas novas armas, continua aninhado nas mesmas rochas porosas onde se aloja há milhões de anos). Mas o pagamento já está sendo feito.

Os fatos mais estranhos são a exigência de que uma empreiteira específica, a Odebrecht, se encarregue, sem concorrência, do estaleiro a ser concluído; e as tais 25 centrais nucleares, uma por ano. Nos últimos 47 anos, o Brasil construiu duas centrais nucleares e está a meio caminho da terceira. Precisará acelerar bem o passo, qual um Usain Bolt da tecnologia atômica, para cumprir o novo prazo.

E por que 36 aviões? Desde que a velha esquadrilha brasileira de Mirages ficou obsoleta, falava-se em 12 caças – agora, de repente, multiplicados por três.

Definitivamente, este é o ano da França no Brasil.

Perguntas incômodas

As armas novas já foram encomendadas. Qual o soldo de um militar com capacidade para trabalhar num avião de US$ 100 milhões a unidade? Já estão normalizadas as refeições, o rancho, dos recrutas do Exército?

O sonho e o feijão

O presidente da Venezuela, Hugo Chávez, quer formar uma “aliança bolivariana” para se contrapor às grandes potências. A Venezuela comprou supersônicos Sukhoi, fuzis e tanques russos (os submarinos, por enquanto, estão suspensos). Colômbia e Chile compraram supersônicos F-16 americanos. O Brasil comprou armas francesas. Resultado da política venezuelana de se contrapor às grandes potências: as grandes potências estão felizes com tantas vendas de armas.

Semana quente…

Dois temas da maior importância começam a ser decididos hoje:

1 – O Supremo inicia o julgamento do caso Cesare Battisti – o italiano acusado de terrorismo que a Itália quer extraditar e a quem o ministro da Justiça, Tarso Genro, concedeu asilo político;

2 – O Congresso vota a ampliação do número de vereadores em 7.343, espalhados pelo país. Novos vereadores, novos assessores, novas secretárias, novos contínuos, novos salários e benefícios, novos parentes, novos móveis, novas verbas – e novos espaços, que terão de ser obtidos com reforma ou ampliação de edifícios. Querem que você, caro leitor, acredite que os gastos serão reduzidos.

…semana fria

A votação dos novos vereadores é um atrativo para que os parlamentares compareçam a Brasília, apesar da semana mais curta. Mas não se espere nada diferente disso: nem urgência para a nova legislação do pré-sal, nem articulações para aprovar a CSS (aquela contribuição “só” para a saúde, etc., etc.) Nem sempre é bom que o Congresso se mate de trabalhar. Como disse uma vez o governador mineiro Hélio Garcia, sempre que ele descansava não criava despesas.

Santo do pau oco

O senador paraense José Nery é do PSOL: doido para denunciar irregularidades dos outros (menos da presidente de seu partido, Heloísa Helena, que deve quase um milhão ao Fisco, em processo já transitado em julgado, mas parece que ela pode). Descobriu-se que ele mora de graça na casa de uma assessora, em Brasília, mas nunca se esqueceu de pegar os R$ 3.800 mensais de auxílio-moradia. Ele foi um dos que mais criticaram José Sarney por fazer a mesma coisa.

Candidaterríssimo

O presidente da Fiesp, Paulo Skaf, não entrou em nenhum partido, não se definiu entre petistas e tucanos, nada disso. Mas Duda Mendonça não está na Fiesp por acaso. Nem é por acaso que Paulo Skaf virou apresentador dos anúncios da Fiesp no horário mais caro da TV, o intervalo do Jornal Nacional. Se surgir uma oportunidade, é candidato ao Governo paulista. Se não surgir, tentará criar uma.

Fatos e fotos

Até ministros do Supremo já foram flagrados prestando mais atenção a conversas via computador do que nos argumentos da defesa e da acusação. A história se repete: o desembargador Carlos Roberto Santos Araújo, do Tribunal de Justiça da Bahia, foi fotografado jogando xadrez pelo computador. Tentou negar, dizendo que o jogo era apenas uma imagem na tela. Era – mas se movia e apresentava peças em posições diferentes entre uma foto e outra. O fotógrafo Haroldo Abrantes, de A Tarde, de Salvador, foi quem percebeu e registrou a cena. O TJ baiano decidia o fechamento de seu órgão de gestão. Era importante – e daí?

Carlos Brickmann é Jornalista, consultor de comunicação. Foi colunista, editor-chefe e editor responsável da Folha da Tarde; diretor de telejornalismo da Rede Bandeirantes (prêmios da Associação Paulista de Críticos de Arte, APCA, em 78 e 79, pelo Jornal da Bandeirantes e pelo programa de entrevistas Encontro com a Imprensa); repórter especial, editor de Economia, editor de Internacional da Folha de S.Paulo; secretário de Redação e editor da Revista Visão; repórter especial, editor de Internacional, de Política e de Nacional do Jornal da Tarde.

Palpiteiros internacionais não querem Brasil enriquecendo urânio

E impressionante a quantidade de palpiteiros que surgem se opondo ao desenvolvimento social e tecnológico brasileiro. Desta feita, surgiu no Brasil, o ex-inspetor da Organização das Nações Unidas (ONU) para armas nucleares, Hans Blix afirmando que “não faz sentido” para o Brasil ter um programa de enriquecimento de urânio. Passando uma imagem de pessoa contraditória, que ora afirma que não havia encontrado evidências de que o regime de Saddam Hussein possuía armas de destruição em massa, tem também um discurso de compreensão tecnológica. Como generoso que é, defende o uso de energia nuclear e diz não ver risco do desenvolvimento de uma arma nuclear na Venezuela. Apóia também, ainda num rompante maior de generosidade técnica, a ampliação do número de usinas nucleares no Brasil.

O que o diplomata sueco que hoje coordena um centro contra a proliferação de armas nucleares não quer, é que o Brasil desenvolva o projeto de enriquecimento de urânio. Dessa forma poderíamos construir armas atômicas, não é ? Isso não ! E aí, como diz o caipira, ” ele vira um bicho”. Ora, ele como um bom representante daqueles que não querem e não gostam de um Brasil soberano, disfarça e afirma estar preocupado com “o impacto de hidrelétricas e do etanol na floresta amazônica”, mas na verdade o que ele não quer é ver o Brasil dominando totalmente o ciclo de produção de energia nuclear que ocorrerá em 2010, quando o país então, não dependerá mais de outras nações para enriquecer urânio.

Com efeito, alem dos problemas da Amazônia, o camarada Blix provavelmente de forma velada, também esta preocupado com o fato do Governo investir R$ 1 bilhão nos próximos dois anos, no desenvolvimento do projeto nuclear brasileiro, sendo que para o próximo ano está previsto um primeiro investimento de R$ 130 milhões, como afirmou o comandante da Marinha, o almirante Júlio Soares de Moura Neto, e mais, segundo o almirante poderemos gaseificar o “yellow cake” a partir de 2014.

Não podemos deixar de desenvolver nosso potencial nuclear, o Brasil possui, hoje, a 6ª maior reserva geológica de urânio do mundo. Parte do povo brasileiro vive em miséria absoluta sobre uma das maiores jazidas de urânio, escondida sob a vegetação seca e os mandacarus da caatinga do sertão do Ceará. Ali está a jazida de Itataia, uma montanha cheia de pedras avermelhadas.Já surgem, além de palpiteiros, os privateiros, aqueles que querem ” de mansinho ” se apropriarem das enormes jazidas de urânio do país, querem sim acabar com o monopólio de exploração do urânio no país, cuja detentora é a INB (Industrias Nucleares do Brasil).

O Brasil pode estar dormindo, mas eu não, e tenho certeza que muitos, cidadãos, militares, engenheiros, advogados, patriotas como eu, também estão bem acordados, principalmente em relação às preocupações ecológicas do camarada Hans Blix.

Fernando Rizzolo