EUA e Venezuela decidem restabelecer embaixadores

Os Estados Unidos e a Venezuela revelaram nesta quarta-feira que vão enviar seus embaixadores de volta a Caracas e Washington, nove meses após a retirada dos diplomatas de seus postos por conta de um desentendimento político.

Autoridades dos dois países confirmaram a decisão, que ocorre após um alívio da tensão entre Estados Unidos e Venezuela desde a posse do presidente americano, Barack Obama, em janeiro.

De acordo com o governo americano, Patrick Duddy retornará à função de embaixador dos Estados Unidos em Caracas, de onde foi expulso em setembro pelo presidente da Venezuela, Hugo Chávez.

Na ocasião, Chávez disse que a decisão de expulsar Duddy era uma manifestação de solidariedade à Bolívia, que havia acusado o governo americano – ainda sob o comando de George W. Bush – de envolvimento em um suposto plano contra o presidente Evo Morales.

Chávez afirmou na época que as relações da Venezuela com os Estados Unidos seriam restabelecidas quando os americanos tivessem um novo governo que respeitasse a América Latina.

Logo após a expulsão de Duddy, o governo americano reagiu solicitando o afastamento do embaixador venezuelano Bernardo Alvarez. Nesta quarta, o ministro do Exterior da Venezuela, Nicolas Maduro, confirmou que Alvarez também retornará para seu posto em Washington.

Obama e Chávez

Em abril, durante a reunião da Cúpula das Américas, Chávez se encontrou com Obama pela primeira vez e disse que esperava enviar um embaixador de volta a Washington em breve.

Como sinal de retomada das relações entre os dois países, Obama cumprimentou Chávez durante o encontro e aceitou um presente, um livro, do líder venezuelano.

O livro As veias abertas da América Latina, escrito pelo uruguaio Eduardo Galeano, foi entregue pessoalmente por Chávez a Obama, antes do início da sessão plenária da 5ª Cúpula das Américas. Como dedicatória, Chávez escreveu “para Obama, com afeto”.

O presidente venezuelano foi um crítico severo dos Estados Unidos durante o mandato de George W. Bush e chegou inclusive a acusar o governo americano de fazer planos para assassiná-lo.

A reaproximação entre os dois países reforça a postura do governo de Obama de defender uma política de distensão com nações que tiveram desavenças políticas com os Estados Unidos.

Pouco antes do anúncio da volta de seu embaixador a Caracas, o governo americano anunciou que vai enviar um embaixador à Síria pela primeira vez em quatro anos. BBC Brasil – Todos os direitos reservados. É proibido todo tipo de reprodução sem autorização por escrito da BBC.

agência estado

Rizzolo: Já estava na hora de se restabelecer as relações diplomáticas, com a Venezuela. É claro que Chávez é um cidadão difícil, quando menos se espera ele vem com aquelas observações nada educadas. Chávez é imprevisível, e bem fez os EUA na época de retirarem seu embaixador. O problema é que não adianta ser dócil com a Venezuelana de Chávez, com o Irã de Mahmoud Ahmadinejad, e com a Coréia do Norte de Kim. Estes só entendem a força como argumento, tornma-se controlados por um tempo, depois descambam para o radicalismo.

Lula pede ação de países ricos contra a crise e fim do G-8

WASHINGTON – O presidente Luiz Inácio Lula da Silva disse neste sábado, 15, na reunião do G-20, convocada para tentar encontrar saídas para a crise financeira que se espalhou pelo mundo, que a melhor solução para evitar que a crise se alastre, são os países ricos resolverem seus problemas. “É a primeira vez que os problemas estão nos países ricos e não nos pobres. Não adianta ficar procurando medidas paliativas se não resolver o problema crônico da política americana e da política econômica européia”, afirmou Lula. O presidente disse ainda que o G-8 “não tem mais razão de ser” e defendeu maior participação dos emergentes.

Pouco antes de seguir para reunião na Casa Branca, o presidente explicou a necessidade de o G-20 ter uma “regulação séria” e se transformar em um verdadeiro foro político. “O G-8 não tem mais razão de ser porque é preciso levar em conta as economias emergentes no mundo globalizado”, comentou Lula, acrescentando que, “se todos os presidentes estiverem de acordo com isso, a crise será debelada com mais rapidez”.

Para Lula, se medidas não forem tomadas, como o nosso país está tomando, “a crise pode se aprofundar ainda mais e chegar a todos os países”, inclusive no Brasil. Ele salientou ainda que é preciso que os países ricos “tratem de fazer” com que os recursos que já injetaram na economia, “cheguem na ponta para que o mercado financeiro volte a funcionar com uma certa normalidade”, porque “do US$ 1,5 trilhão que os Estados Unidos injetaram na economia, apenas US$ 250 bilhões foram repassados”.

Lula reconheceu que a situação norte-americana “é delicadíssima”, até porque o momento é de transição, mas insistiu que o presidente dos Estados Unidos, George W. Bush, anfitrião do encontro, “tem de assumir a responsabilidade de que ele é o presidente até dia 20 de janeiro e que não pode ter vacilações nesta questão do tratamento da crise”. Bush, em entrevista na sexta-feira, insistiu na sua resistência de regular o mercado.

Brasil

O presidente lembrou que “todas as medidas que o BC e o Ministério da Fazenda têm tomado são no sentido de fazer com que o mercado interno supra parte desta deficiência que vai ter no mercado externo, como a crise nos Estados Unidos e na União Européia”.

Ele lembrou ainda a necessidade de restabelecer a representatividade e a legitimidade das instituições financeiras multilaterais. “Precisamos de mais produção, mais emprego e mais inclusão social”, pregou Lula, diante de uma platéia de presidentes na Casa Branca, em Washington, depois de salientar que o Brasil não vai abdicar de crescer e, para isso, manterá os investimentos previstos no PAC.

Lula, que insistiu no discurso da necessidade de regulamentação dos mercados, disse ainda que é essencial a reativação dos setores produtivos, para que se mantenham os empregos e a economia em movimento. O presidente lembrou ainda que a receita brasileira para combater a crise internamente é expandir o mercado interno.

O presidente comentou também, que, no jantar de sexta-feira com todos os países do G-20, na Casa Branca, ao falar com Bush sobre a necessidade de regulamentação do mercado, insistiu que não é possível que se ganhe dinheiro, sem trabalho. “Eu disse ao Bush que, quando eu era metalúrgico, para conseguir comprar uma TV, eu tinha de fazer 40 ou 60 horas extras por mês. Eu tinha de me matar de trabalhar. Não é justo que alguém fique bilionário, sem produzir uma única folha de papel, um único emprego, sem pagar um único salário”, narrou Lula.

Emergentes ‘farão sua parte’

Ao salientar que os países emergentes vão continuar a fazer a sua parte, crescendo e gerando os empregos, Lula acrescentou que “o que pode acontecer de pior é que uma crise que começou por conta da especulação, venha causar problemas sérios no setor de produção dos países que tanto precisem crescer”.

O presidente observou que a economia poderá não mais crescer nos patamares que o governo desejava, mas está adotando políticas para que o crescimento não pare.

“No Brasil, depois do sacrifício que fizemos, para manter a economia estável, não vamos abdicar de fazer o Brasil crescer”, declarou Lula. “Todas as medidas que o BC e o Ministério da Fazenda tem tomado são no sentido de fazer com que o mercado interno supra parte desta deficiência que vai ter no mercado externo”, disse.

De acordo com Lula, o PAC tem um papel fundamental nesse processo. “Nos poderemos facilitar que o povo brasileiro tenha acesso a esses bens que ele não tem. Por isso nos vamos manter todo o investimento do PAC e trabalhando para facilitar a irrigação do sistema financeiro”, comentou. E emendou: “nos temos muito que fazer no Brasil e nós não vamos parar de fazer os investimentos previstos porque a economia brasileira não pode deixar de crescer”.

Recepção

Na chegada para a cúpula, presidente foi saudado por um sonoro “Lula” pelo presidente dos Estados Unidos ao ser recepcionado para a fotografia do aperto de mãos na chegada para o encontro sobre mercados financeiros e economia mundial. Outro presidente saudado por Bush por apelido ou primeiro nome foi o francês Nicolas Sarkozy, a quem o presidente norte-americano chamou de “Nick”.

O presidente brasileiro foi o último líder a ser recepcionado para a cúpula. Além de chefes de Estado e de governo, estão presentes os dirigentes de organizações multilaterais: o diretor-gerente do Fundo Monetário Internacional (FMI), Dominique Strauss-Kahn, o presidente do Banco Mundial, Robert Zoellick, e o secretário-geral da ONU, Ban Ki-Moon.

Os participantes da cúpula integram duas sessões plenárias que são fechadas para a imprensa. A expectativa é que o presidente Lula faça duas intervenções, uma em cada sessão, com duração de no máximo cinco minutos cada.

Agência Estado

Rizzolo: Bem uma coisa é o presidente Lula sugerir o fim do G8, outra são os países ricos aceitarem esta proposta um pouco absurdo no meu ponto de vista. Os países ricos jamais irão abdicar de serem os condutores das políticas econômicas internacionais, e os emergentes, enquanto não forem classificados como ricos e economicamente de peso, ficarão neste ” conselho consultivo” que nada resolvem e apenas discutem o “sexo dos anjos”.

Sinceramente acho que o presidente Lula faz uso do marketing político para lançar mão dessas propostas já sabidamente inviáveis e inaceitáveis. A verdade é que os ricos determinam os rumos da economia, e cabe aos emergentes ter capacidade econômica para acompanhar os ” desbalanceamentos financeiros” causados pelos agentes financeiros pouco regulados. A recessão já chegou ao Brasil e cabe a nós enfrentarmos de frente fora da esfera da vaidade política.