Tempestades, inundações e a hora do crime

SP1

*por Fernando Rizzolo

Foi na verdade um descuido, ou melhor, uma distração, naquela tarde. Apesar de o céu estar encoberto, nem passou por mim a ideia de que o retorno do meu escritório à minha casa se tornaria um pesadelo. No início da chuva, São Paulo parecia a cidade de sempre, mas, naquela mesma tarde, transformou-se na capital do alagamento. Foram quatro horas parado dentro do meu carro, com o motor quase sempre desligado, tendo como companhia o iPad.

Ao chegar em casa, já cansado, liguei a TV bem no horário que eu costumo chamar de “a hora do crime“. É impressionante que, neste país, várias emissoras se especializaram em programas sobre crimes, exibidos sempre por volta das 19 horas – e há programas para todos os gostos. Já há algum tempo vinha observando o porquê da minha demora para pegar no sono. Culpa de estar a par de todos os crimes cometidos em São Paulo, ou do trânsito infernal ?? Ou seria o temor de ficar ilhado numa esquina e ter de sair pela janela do carro abanando as mãos como um louco? Sinceramente, não sei.

Hoje, no Brasil, como em qualquer parte do mundo precisamos ser seletivos em relação ao que assistimos na TV, e cabe a nós e não às emissoras esse filtro. Ouvir diariamente apregoações sobre a pena de morte, chacinas, vítimas de assalto, isso no fundo acaba nos contaminando e sem nos percebermos ficamos abalados. Viver em cidade grande tem um preço, e quando pretendo ir ao litoral para descansar, também na TV local existe a “hora do crime”, versão litorânea, com os atores de bermuda. No entanto, estando lá, sempre se pode desligar o aparelho e olhar o mar.

Diante disso tudo, por entre enchentes, “hora do crime”, violência nas cidades, inclusive aquelas que eram sonhos de tranquilidade – como as do Sul do país, que se tornaram hoje alvo de queima de ônibus –, apenas nos resta a paz interior, uma palavra de esperança, que bem poderia ter surgido em horas complicadas como aquela tarde em que São Paulo parou. Mas o Poder Público nada falou, portanto penso que fatalidades da natureza nas grandes capitais não são boas para políticos comentarem. Melhor esperar que passem. Assim, após quatro horas dentro do carro, com iPad já sem bateria, e após ter sido inteirado sobre todos os crimes da cidade, a solução foi dormir. Pena que demorei para pegar no sono…. por que será, hein…..?

Chávez se solidariza com chuvas no nordeste do Brasil e oferece ajuda

CARACAS- A Venezuela expressou nesta terça-feira, 22, sua solidariedade com o Brasil, especialmente com os habitantes de Pernambuco e Alagoas, pela tragédia causada pelas fortes chuvas que atingiram os estados na última semana e que já deixaram ao menos 41 mortos e 607 desaparecidos.

“O presidente Hugo Chávez transmite suas mais sentidas condolências aos familiares e amigos das milhares de vítimas, e manifesta seu profundo pesar pelos numerosos danos materiais causados por este fenômeno”, afirmou um comunicado da chancelaria venezuelana.

Segundo o texto, o “governo bolivariano” colocou à disposição do Brasil “os meios humanos e materiais que modestamente possam contribuir modestamente para salvar vidas e aliviar as dificuldades provocadas por esta catástrofe”.

Além disso, Caracas expressou sua confiança em que o povo brasileiro “saberá superar esta adversidade graças a seu espírito combativo e solidário.
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Rizzolo: É nesse momento que realmente encontramos os países solidários e amigos. Quando muitos apregoam a desunião, o fim do Mercosul, lançam verbalizações demoníacas contra Hugo Chavez, surge a Venezuela nos estendendo a mão. Eu não vi até agora nenhum país europeu, se solidarizar com a catástrofe do nordeste. A união dos países da América do Sul e o respeito que devemos ter com a democracia participativa venezuelana são prerrogativas essenciais a um candidato à presidência. Devemos enxergar a solidariedade bolivariana como um a demonstração de carinho ao nosso povo, agora os radicais não gostam , não é ? Para eles o povo do nordeste que se dane, e romper com os nossos vizinhos é o sonho de verão de todo radical de plantão. Eu conheço a Venezuela, suas favelas, e o avanço social que o Chavez empreedeu, antes de falar mal sugiro: vão lá e vejam.

Possível saque faz morador temer deixar casa em Angra

ANGRA DOS REIS – Algumas pessoas que tiveram suas casas condenadas no Morro da Carioca estão se recusando a sair com medo de terem seus bens levados por saqueadores. Muitas residências que já estão vazias com seus moradores em abrigos ou em casa de parentes foram roubadas. Hoje, debaixo de um sol forte e temperatura que chegava aos 40 graus, jovens, mulheres e idosos uniam esforços para retirar aparelhos de televisão, geladeiras, micro-ondas e até armários de suas casas. A Defesa Civil aponta risco em 98 casas ainda ocupadas.

“Tivemos que desocupar porque abriu uma cratera. A próxima chuva vai levar a minha casa, a da minha mãe e a do meu cunhado. O problema é que a gente sai e vêm uns bandidos aqui para saquear. Levaram computador, televisão e objetos pessoais do nosso vizinho. Precisa reforçar o policiamento aqui”, queixou-se o pastor da Assembleia de Deus Carlos Alberto Amaral de Oliveira, 42 anos.

Empregado do Detran, Benedito Marcos Pinheiro Cunha, 36, ainda não recebeu orientação para deixar sua casa. Ela não está na rota das pedras que ainda ameaçam descer da ribanceira que desceu sobre a comunidade. Se, no entanto, a sua residência entrar na lista das interdições, Cunha já decidiu que não vai embora. “Mandei minha mãe e minha irmã para a casa de parentes. Mas eu não saio daqui. Não vou deixar minhas coisas para os bandidos que estão atuando na comunidade. Não aceito que saqueiem a minha casa”, disse.
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Rizzolo: As tragédias secundárias que essa catástrofe trouxe são lastimáveis. A grande questão das enchentes, dos deslizamentos, é a falta de vontade política em se resolver o problema. Jogar a culpa na natureza, na questão climática, é nada mais do que uma pobre manobra diversionista que tem por finalidade fazer com que os políticos, se eximem da culpa. O artigo meu acima, traça uma análise sobre esta questão que passa por questões sociais e políticas que devem ser solucionadas com urgência.

Maioria dos piscinões de São Paulo está cheia de lixo

SÃO PAULO – Garrafas pets, restos de móveis, entulho e terra suja. Dez dos dezoito piscinões ao ar livre da capital paulista – o 19º piscinão, o do Pacaembu, na zona oeste, é subterrâneo – mais parecem lixões. Criados para amenizar os estragos de enchentes, como a que parou São Paulo na terça-feira, a maioria dos reservatórios da capital está em condições precárias de manutenção.

Quinta e sexta-feira da semana passada, a reportagem visitou os 19 piscinões e constatou que apenas oito estavam limpos. Com a cidade embaixo d água, na terça-feira passada, o prefeito Gilberto Kassab disse que os “piscinões estavam com a limpeza realizada adequadamente”.

Os moradores do Campo Limpo, zona sul, vizinhos do piscinão Jardim Maria Sampaio discordam. “Faz muito tempo que a Prefeitura não limpa isso aí. Basta olhar para os muros e ver a quantidade de lodo e garrafas pets. A sujeira junta ratos, baratas e mosquitos, que acabam indo para as casas”, afirma a vendedora Luzinete de Souza, de 26 anos.

Situação semelhante ocorre na Brasilândia, zona norte, no piscinão do Bananal. “É tanta sujeira que ninguém aguenta o cheiro. Pede para o prefeito vir aqui e ver se está limpo. Fora o matagal, que está cheio de ‘noias’ (usuários de drogas)”, diz o comerciante Antonio Padilha, de 57 anos, que mora próximo do reservatório.

Segundo a Secretaria de Coordenação das Subprefeituras, até outubro foram removidas 120 mil toneladas de lodo e lixo dos piscinões. No ano passado, até dezembro, foram 160 mil. O serviço é executado por empresas contratadas por meio de pregões, que são remuneradas de acordo com a quantidade retirada: em média R$ 70 por tonelada.

O coordenador de drenagem da secretaria, Domingos Gonçalves, defende que a sujeira flagrada pela reportagem é “normal”. “Ninguém vai encontrar um piscinão brilhando nesta época do ano, mas está tudo em ordem”, afirma. “Continuam recebendo água rapidamente e escoando aos poucos, que é a sua função.” As informações são do Jornal da Tarde.

Rizzolo: É, realmente a administração Kassab está problemática. Primeiro as alegações de não houve caos, agora a constatação da imundice nos piscinões. Não é possível que depois de tanto discurso, tanto marketing Kassab abandone a cidade dessa forma. No mesmo passo do mau gerenciamento, estão os aumentos do IPTU, etc. Só através de uma política séria visando combater as enchentes dessa cidade é que chegaremos à normalidade, enquanto existirem as afirmativas de que ” é normal, ou está tudo bem” não sairemos disso.

Kassab elogia obras em córregos e nega caos em SP

SÃO PAULO – O prefeito de São Paulo, Gilberto Kassab (DEM), afirmou hoje que recebeu “com muita satisfação” a informação de que, pela primeira vez, não houve transbordamento nos Córregos Aricanduva, na zona leste, e Pirajussara, na zona sul. Kassab afirmou que as obras nesses locais “suportaram bem” a intensidade da chuva. Ele negou que as precipitações tenham causado o caos na capital paulista. “Não foi o caos, a chuva foi é muito intensa.”

“A mesma intensidade, até o ano passado, causava o transbordamento (dos córregos). Tivemos um comportamento adequado, foi muito positivo. As obras mostraram seu efeito”, comemorou o prefeito, em entrevista transmitida ao vivo pela televisão.

De acordo com Kassab, dos mais de cem pontos de alagamento na cidade, 26 estavam intransitáveis. O prefeito informou que mais de 700 funcionários da Companhia de Engenharia de Tráfego (CET) estão nas ruas desde cedo para tentar organizar o trânsito e que as multas de hoje por desrespeito ao rodízio de carros foram canceladas.

Kassab afirmou ainda que a secretária estadual de Saneamento e Energia, Dilma Pena, avalia a possibilidade de se instalar uma bomba a mais na Usina Elevatória de Traição para melhorar o escoamento da água. Segundo o prefeito, a cabeceira do Tietê foi o local mais atingido do rio.
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Rizzolo: Bem negar o caos em São Paulo, é tentar não enxergar o sofrimento da população, principalmente a pobre, vítima das inundações que assolaram hoje a cidade . Sinceramente a gestão da prefeitura de São Paulo está bem como dia de hoje: um caos. Explicações de cunho técnico não atendem as perspectivas do povo, contra fatos não há argumentos, e melhor seria assumir a realidade e trabalhar no sentido de resolver os problemas.