Néstor Kirchner: o homem que peitou o FMI e a banca internacional

A morte, súbita e inesperada, do ex-presidente da Argentina e secretário-geral da Unasul, Néstor Kirchner, causou forte comoção não só por lá como em toda a América Latina. E não é para menos. Kirchner foi firme na defesa dos direitos humanos e punição dos militares golpistas cujo regime deixou um saldo de 35 mil mortos e desaparecidos e, com a moratória da dívida externa, resgatou a Argentina da depressão econômica e abriu caminho a uma extraordinária recuperação.

Por Umberto Martins

A Argentina é dona de um passado exuberante, mas ingressou num longo período de decadência após o primeiro governo Perón (1946-1955) e ao longo dos anos 1980 e 1990 viveu anos trágicos, marcados pela ditadura militar (1976-1986) e o neoliberalismo liderado por Carlos Saul Menem, que presidiu o país entre 1989 e 1999 e ficou famoso ao proclamar que sua administração mantinha “relações carnais” com os EUA.

Herança maldita

Lá, ainda mais que aqui no Brasil, o neoliberalismo deixou uma herança que, sem qualquer exagero, merece ser classificada de maldita. O país quebrou em 2001 e foi sacudido por rebeliões populares que acabaram abrindo caminho para a eleição de Néstor Kirchner em 2003. Ele derrotou Carlos Menem, um político entreguista, corrupto e desmoralizado perante a opinião pública.

As políticas neoliberais resultaram na desnacionalização e desindustrialização da Argentina que, atolada em dívidas, foi cair nas mãos ingratas do Fundo Monetário Internacional (FMI), esta mesma instituição que hoje se apresenta como reformada e continua distribuindo palpites infelizes e impondo, onde pode, pacotes recessivos, privatizantes e antinacionais.

Moratória

Ao assumir, Néstor Kirchner encontrou uma economia destroçada e enfrentou sérios desafios para colocar a casa em ordem. O ex-presidente foi obrigado a enfrentar poderosos interesses e não vacilou. Teve a coragem de peitar o FMI, a banca internacional e a relação de subserviência diante dos Estados Unidos, cultivada pela direita pelo menos desde a ditadura e exacerbada por Menem, além, é claro, da oligarquia local.

Uma de suas primeiras providências na área econômica foi consolidar a moratória da dívida externa, que tinha sido decretada em 2001 por absoluta falta de dinheiro para pagar os credores, e propor um ousado plano de reestruturação dos débitos, que reduzia em 75% o valor da dívida.

O FMI deixou de dar as cartas, os banqueiros estrangeiros chiaram, respaldados, em maior ou menor medida, por seus governos. No final das contas, foram constrangidos a aceitar os termos da renegociação definido pelo ex-presidente. A mídia de referência, também conhecida como mídia golpista, alardeou o fim do mundo. Ainda hoje dizem que o capital estrangeiro, especialmente do ramo financeiro, foge da Argentina como o diabo da cruz. Seja lá como for, isto não causou maiores prejuízos à economia.

Rebeldia premiada

A moratória, previam ideólogos neoliberais, iria condenar o país a uma recessão infindável. Mas não foi o que sucedeu. A verdade é que, sufocada pelo endividamento externo e o neoliberalismo, a Argentina chegou ao fundo do poço e foi de lá resgatada pelo governo Kirchner. A moratória foi um passo fundamental nesta direção. Se continuasse pagando juros, em detrimento da poupança e dos investimentos internos, o país não teria saído do buraco.

Os indicadores econômicos mostram que a estratégia de Néstor Kirchner foi um inquestionável sucesso. Durante os quatro anos do seu mandato (2003 a 2007), a economia argentina cresceu 44%, seminterrupção e com uma expansão média anual de 9%, performance inédita até então. O desemprego cedeu e as condições de vida do povo melhoraram visivelmente.

No plano externo, a Argentina recuperou a dignidade e a soberania nacional, distanciando-se dos EUA e priorizando o fortalecimento do Mercosul e a integração latino-americana. A defesa dos direitos humanos e a punição de torturadores e assassinos alimentados pelo regime militar foram outros grandes feitos de Néstor Kirchner, cuja rebeldia diante dos EUA, o FMI, a banca internacional e a oligaraquia local, acabou sendo premiada pela história. É por estes e outros motivos do gênero que a morte do ex-presidente causou tamanha comoção e, por enquanto, calou a boca até da direita argentina.
vermelho
Rizzolo: Investidores e economistas estão ansiosos por verem se Cristina irá abandonar a estreita relação política que mantêm com o dirigente sindical Hugo Moyano, e se desistirá das acirradas disputas que têm mantido com o setor agrícola e com as empresas de comunicações. A facção peronista comandada por Kirchner provavelmente apresentará Cristina como candidata a presidente em 2011, mas ela deve buscar um vice com maior capacidade de construir consensos, e em curto prazo provavelmente irá fazer uma reforma ministerial. Tanto Kirchner quanto Cristina levaram para a Casa Rosada um estilo combativo, que incluía frequentes conflitos com ruralistas, Forças Armadas, veículos de comunicação e a Igreja Católica.

Governar com a Razão e com o Coração

Pouco se poderia dizer do que constitui o emocional do povo da América Latina. Uma mistura de raças, em que o índio, o negro, o europeu se misturam e compartilham um espaço que durante décadas foi alvo de descaso por parte de seus governantes. A percepção dos pobres da nossa região sempre foi a do abandono, da desesperança, e da falta de oportunidade. Das ditaduras militares que açoitavam os menos favorecidos, emergia a tristeza em forma de lirismo, reflexo de uma vida imersa na injustiça social, sempre combatida sob inspiração da indignação.

Foi através da democracia participativa que a maioria dos países da América Latina acabou elegendo presidentes do povo, comprometidos em reagir contra o abandono social e que acima de tudo tinham as feições da população de seu país. No Brasil não foi diferente; nossa tradição política elitista sempre rechaçou candidatos à Presidência com pouca formação acadêmica. Incutiu-se no inconsciente coletivo que, para uma pessoa pretender ser presidente da República, deveria ter consubstanciado seu curriculum com títulos acadêmicos, e tal versão conceitual política foi propagada principalmente na população mais pobre desde os anos 1960.

Com efeito, esse falso juízo de admissibilidade política, visava a promover candidatos comprometidos com o capital, e que mantinham pouca relação com a imensa população pobre deste país. O governo Lula, de características mais humanas e com o olhar voltado para o combate à miséria, trouxe nova esperança e resgatou a autoestima do povo brasileiro. Esse governo fez com que o potencial humano do nosso povo aflorasse e desenhou-se assim uma nova forma de identidade do trabalhador brasileiro. Partiu-se da ideia conceptiva de que mesmo sem cultura se pode fazer, e se houver oportunidades de formação, pode-se mais ainda.

Não é à toa que os discursos conservadores, margeadores de uma visão elitista de governo segundo a qual a cultura de um presidente seria a condição da capacidade gestora de promover o desenvolvimento, sofreu uma grande mudança. O governo FHC e o esteio conservador tucano que permeiam os redutos ideológicos da pretensa social-democracia tornaram-se opacos diante da constatação da nova realidade política: governar com a razão e com o coração.

A proposta da candidata Dilma nada mais é do que a continuidade desse modelo que prima pela técnica, sem jamais se disponibilizar aos interesses daqueles que esqueceram do coração para, em lugar da justiça social, se entregar cegamente aos caprichos do capital sem o viés social.

Fernando Rizzolo

Uribe critica comentários de Lula sobre crise com Venezuela

O gabinete do presidente colombiano, Alvaro Uribe, emitiu nota criticando os comentários do presidente Luiz Inácio Lula da Silva sobre a crise com a Venezuela.

” Deploramos que Lula, com quem temos as melhores relações, tenha se referido à crise como um caso pessoal e ignore a ameaça que representa a presença de guerrilheiros das Farc na Venezuela”, diz a nota.

“É deplorável que Lula, com quem temos as melhores relações, tenha se referido à crise como um caso pessoal e ignore a ameaça que representa a presença de guerrilheiros das Farc na Venezuela”, diz a nota.

“Ainda não vi conflito. Eu vi conflito verbal, que é o que nós ouvimos mais aqui nessa América Latina”, afirmou Lula ontem após se reunir com o presidente da Nicarágua, Daniel Ortega.

Lula se encontrou no começo da semana com o ministro das Relações Exteriores da Venezuela, Nicolás Maduro, com quem discutiu a crise. Ontem, o presidente indicou que pretende negociar uma distensão entre Colômbia e Venezuela com o presidente eleito da Colômbia, Juan Manuel Santos, que toma posse no próximo dia 7, e Chávez.

A Colômbia acusa a Venezuela de abrigar, com a anuência do governo do presidente Hugo Chávez, guerrilheiros das Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia (Farc), incluindo vários líderes do grupo. Caracas nega que dê proteção à guerrilha.
efe

Rizzolo: Bem, acho que por hora o que o presidente Lula fez foi o suficiente. Ora, se não queremos tensão, crise, conflito, temos que levar as coisas de uma forma amena. E na verdade está bem claro que Uribe antes de acabar seu mandato quer mesmo gerar um conflito com a Venezuela. Agora, o Brasil como país que tem tradição no entendimento, apregoa a paz, a mediação, evidentemente tenta distensionar as partes, o que é natural. O Brasil não deve se indispor com vizinhos, e para isso mantem sempre sua postura independente e conciliatória, mas parece que Uribe quer mesmo confusão a todo preço, desestabilizando a região. Bom mesmo por hora é o Brasil ficar longe disso, e acompanhar o desenrolar dos fatos.

Chávez se solidariza com chuvas no nordeste do Brasil e oferece ajuda

CARACAS- A Venezuela expressou nesta terça-feira, 22, sua solidariedade com o Brasil, especialmente com os habitantes de Pernambuco e Alagoas, pela tragédia causada pelas fortes chuvas que atingiram os estados na última semana e que já deixaram ao menos 41 mortos e 607 desaparecidos.

“O presidente Hugo Chávez transmite suas mais sentidas condolências aos familiares e amigos das milhares de vítimas, e manifesta seu profundo pesar pelos numerosos danos materiais causados por este fenômeno”, afirmou um comunicado da chancelaria venezuelana.

Segundo o texto, o “governo bolivariano” colocou à disposição do Brasil “os meios humanos e materiais que modestamente possam contribuir modestamente para salvar vidas e aliviar as dificuldades provocadas por esta catástrofe”.

Além disso, Caracas expressou sua confiança em que o povo brasileiro “saberá superar esta adversidade graças a seu espírito combativo e solidário.
agência estado

Rizzolo: É nesse momento que realmente encontramos os países solidários e amigos. Quando muitos apregoam a desunião, o fim do Mercosul, lançam verbalizações demoníacas contra Hugo Chavez, surge a Venezuela nos estendendo a mão. Eu não vi até agora nenhum país europeu, se solidarizar com a catástrofe do nordeste. A união dos países da América do Sul e o respeito que devemos ter com a democracia participativa venezuelana são prerrogativas essenciais a um candidato à presidência. Devemos enxergar a solidariedade bolivariana como um a demonstração de carinho ao nosso povo, agora os radicais não gostam , não é ? Para eles o povo do nordeste que se dane, e romper com os nossos vizinhos é o sonho de verão de todo radical de plantão. Eu conheço a Venezuela, suas favelas, e o avanço social que o Chavez empreedeu, antes de falar mal sugiro: vão lá e vejam.

‘Pensem 2 vezes’, dizem EUA sobre relação América Latina-Irã

WASHINGTON – No lançamento da nova estratégia diplomática para a América Latina, a secretária de Estado americana, Hillary Clinton, advertiu os países da região sobre a influência iraniana e fez um chamado ao respeito pelas instituições democráticas em países como a Venezuela e a Nicarágua.

“As pessoas que querem se aproximar do Irã deveriam pensar em quais as consequências disso. Esperamos que pensem duas vezes”, disse Hillary em um discurso sobre as relações entre EUA e América Latina nesta sexta-feira, 11.

Segundo a secretária de Estado, os EUA estão cientes dos interesses iranianos em se promover na região. “Relacionar-se com o Irã é uma má ideia”, afirmou. “Espero que os países latino-americanos reconheçam que o Irã é um dos maiores promotores e exportadores do terrorismo nos dias atuais”.

O Irã tem se aproximado de países como Bolívia, Venezuela e Nicarágua. No mês passado, o presidente iraniano, Mahmoud Ahmadinejad esteve na região para uma visita a Brasil, Bolívia e Venezuela.

Democracia

Hillary ainda fez um firme pedido para que Venezuela e Nicarágua mantenham-se no caminho da democracia. Segundo a secretária de Estado, países cujo líderes eleitos legitimamente não podem maltratar a ordem constitucional e democrática, o setor privado e os direitos do povo.

“A democracia não se trata de líderes individuais, mas de instituições fortes”, disse.

No começo do ano, o presidente venezuelano, Hugo Chávez, conseguiu aprovar um referendo que o permite se candidatar sucessivamente à presidência. Na Bolívia, Evo Morales foi reeleito na semana passada após uma reforma constitucional que permite apenas uma reeleição.
agencia estado

Rizzolo: Após longo e tenebroso inverno de silêncio, omissão, e fraqueza, o governo Obama resolve reagir e advertir a América Latina sobre os perigos das relações com o Irã. O que todos já esperavam há tempos surge agora através das palavras da secretária de Estado americana, Hillary Clinton . As conseqüências ainda advindas dos EUA ainda são desconhecidas, mas as afirmativas servem como base para uma maior reflexão da postura política de alguns países inclusive o Brasil. Demorou mas a reação começa a surgir.

Igreja critica os problemas de corrupção na América Latina

CIDADE DO VATICANO – A Igreja Católica disse estar muito preocupada com o comércio de drogas, a corrupção e o tráfico de armas na América Latina, e demonstrou disposição em colaborar “eficazmente” com as autoridades para desenvolver projetos que acabem com esses problemas na América Latina.

É o que afirma um documento divulgado nesta terça-feira, 1, pelo Vaticano por ocasião da 14ª Reunião do Conselho especial para a América da secretaria geral do Sínodo de Bispos, realizada nos dias 17 e 18 de novembro.

Os bispos latino-americanos denunciaram que o continente sofre de graves problemas como o comércio de drogas, reciclagem de lucros ilegais, corrupção, violência, corrida armamentista, discriminação racial, dívida externa, desigualdades entre grupos sociais e destruição da natureza.

Sobre a corrupção, assinalaram que é um fenômeno “muito disseminado” no continente e que a Igreja apoia os esforços das autoridades civis para “derrotá-la ou, pelo menos, reduzi-la”.

Além do comércio de drogas, que, segundo os religiosos, “ameaça a integridade dos povos americanos”, os bispos denunciaram a facilidade com que armas circulam na América Latina.

“A Igreja deve levantar a voz que denuncia o rearmamento e o escândalo do comércio de armas, que consome grandes quantias de dinheiro que deveriam ser destinadas a combater a miséria e a promover o desenvolvimento”, diz o texto Vaticano.

Os bispos também afirmaram que é necessário promover uma cultura da solidariedade que incentive iniciativas de apoio aos pobres e aos marginalizados, especialmente aos refugiados.
agencia estado

Rizzolo: Bem em relação à corrupção não resta a menor dúvida, o rearmamento fica pela corrida armamentista de Chavez, patrocinado pelo Irã, Rússia, e China que tentam ter maior influência na América Latina. Apoio aos refugiados é bom, dependendo do refugiado, é claro. Tráfico de armas se resolve com vontade política, polícia e erradicação da miséria. Não falaram nada que ninguém saiba.

Oposição usa crise em Honduras contra Venezuela no Mercosul

A votação sobre a entrada da Venezuela no Mercosul, que deve acontecer na próxima semana, no Senado, ficou ainda mais “complicada” com o agravamento da crise em Honduras, de acordo com a oposição.

O argumento é de que o presidente da Venezuela, Hugo Chávez, contribuiu para o retorno do presidente deposto, Manuel Zelaya, a Honduras – causando um “problema” para o Brasil.

O fato é citado no parecer do relator, senador Tasso Jereissati (PSDB-CE). Depois de quase seis meses de análise, o senador concluiu que a Venezuela não deve ser aceita no bloco.

“Mais uma vez Chávez é responsável por dificuldades e embaraço ao governo brasileiro”, diz o texto, referindo-se ao retorno de Zelaya e à escolha da embaixada brasileira como “destino final”.

Há cerca de três meses, Jereissati chegou a considerar um parecer favorável “com ressalvas”.

O texto final será apresentado nesta quinta-feira, na Comissão de Relações Exteriores.

O parecer traz ainda uma série de outras críticas ao presidente da Venezuela. Entre elas, afirma que Chávez contribui para a “discórdia” na região e que sua gestão traz “incertezas” quanto ao cumprimento de compromissos.

Adiamento

O documento será apresentado nesta quinta-feira, mas é provável que a base governista faça um pedido de vista, adiando a votação para a próxima semana.

O pedido de vista também permite que um novo parecer, inclusive com diferente teor, seja apresentado e aprovado na Comissão. O documento costuma ajudar os senadores na votação em plenário, sobretudo entre aqueles que não acompanham de perto a discussão.

O presidente da Comissão, senador Eduardo Azeredo, diz que o impasse em Honduras colocou o governo “em contradição”.

“O governo defende com afinco a democracia em Honduras e ao mesmo tempo quer abrir o Mercosul para a Venezuela, que atualmente segue uma linha autoritária”, diz.

Segundo ele, há “claros indícios” de atentados à democracia e à liberdade de imprensa no país vizinho.

O tema também foi abordado no parecer de Jereissati, que inclui um anexo com relatórios da Organização dos Estados Americanos (OEA) citando casos de descumprimento à carta democrática identificados na Venezuela.

O texto questiona ainda a legitimidade das eleições no país vizinho, “onde políticos são proibidos de concorrer” e a forma “quase ditatorial” de governar do presidente Chávez.

‘Constrangimento’

O parecer do relator diz que o governo coloca o Congresso em situação “constrangedora”, pois se vê obrigado a analisar um protocolo de adesão que “ainda carece de documentos”.

O texto refere-se ao fato de a Venezuela ainda não ter cumprido todos os pré-requisitos dentro dos prazos estabelecidos.

“A decisão de não incorporar os seus resultados no texto do Protocolo de Adesão impõe, sem dúvida, um constrangimento indevido ao Congresso Nacional”, diz o parecer.

Segundo o documento assinado pelo senador Jereissati, “na União Européia, aos candidatos a membros se impõe uma lista de condições e enquanto não as cumprem não são aceitos”. BBC Brasil – Todos os direitos reservados.
BBC/ agencia estado

Rizzolo: Bem, a grande discussão é saber se a Venezuela deve ou não fazer parte do Mercosul. O grande erro nessa história, é a oposição misturar questões políticas com econômicas. Não é possível integrarmos o Mercosul, avançarmos em direção a uma interação comercial maior na América Latina, sem a Venezuela. E olha que eu sou um dos maiores críticos do chavismo. Conheço a Venezuela, critico a política chavista, mas sinceramente misturar as coisas denota uma insensibilidade política e econômica sem tamanho. Não concordar com um regime, com posições políticas, não invalida as questões maiores que dizem respeito ao comércio bilateral. Se assim fosse, não teríamos relações comerciais coma China, e outros países autoritários.

Certa vez ouvi de um empresário brasileiro uma afirmativa muito coerente, quando perguntei a ele sobre os pesados investimentos siderurgicos que fazia seu grupo na Venezuela de Chavez, e ele apenas me respondeu: ” Chavez passa, a Venezuela fica “. Nesse prisma que precisamos ter o foco, o resto é bobagem da oposição, que diga-se de passagem, não tem mais discurso, e usa este tema para ter ganho secundário eleitoral. Quem sofre é o empresariado que quer vender e ter uma participação maior no mercado venezuelano. Uma pena.

EUA querem usar aviões não-tripulados na América Latina

WASHINGTON – Os EUA estão transferindo para a América Latina uma de suas principais inovações militares, aprimorada no Iraque e na fronteira entre Afeganistão e Paquistão: os aviões não-tripulados de combate (UAV, na sigla em inglês). Da guerra ao terror na Ásia, o armamento deve ser levado para a guerra às drogas nas Américas. Em vez de membros da Al-Qaeda e do Taleban, os alvos serão traficantes latinos.

Apesar de sua grande capacidade de ataque, os UAVs devem ser inicialmente empregados em operações de vigilância na região. Estima-se que os EUA tenham atualmente 7 mil dessas aeronaves espalhadas pelo mundo – em 2000, elas não chegavam a 100.

O Comando Sul do Pentágono (Sothcom), que atua na América do Sul, Central e Caribe, confirmou ter realizado em maio dez missões de “batismo de fogo” do armamento no continente. Em uma delas, um aparelho ultramoderno modelo Heron decolou da base aérea americana de Compala, em El Salvador, e permaneceu por 20 horas despercebido filmando um barco. Suspeitava-se que a embarcação transportava drogas pela costa do Pacífico.

Segundo militares, as informações detalhadas fornecidas pela aeronave provaram que se tratava de um transporte de narcóticos. Com o sinal verde, a polícia salvadorenha entrou em ação. “Foi um início histórico”, comemorou à revista Time o comandante da Marinha Kevin Quarder, responsável pela operação batizada de “Monitoreo”.

Discrição

Até agora, os EUA só confirmaram testes em El Salvador. Mas Vanda Felbab-Brown, especialista em narcotráfico da Universidade Georgetown, afirmou ao Estado que “inevitavelmente essa nova tecnologia será usada também na fronteira dos EUA com o México” – principal front da nova guerra de Washington às drogas.

Além de México e El Salvador, Vanda lista Guatemala, Colômbia e Peru como países que devem entrar na zona de ação dos UAVs. Discreto, o armamento deve evitar polêmicas como a causada pelo acordo entre Washington e Bogotá que autoriza a ampliação de militares dos EUA na Colômbia.

A opção pelos UAVs na América Latina começou a ganhar força em 2003 com a captura de quatro seguranças privados dos EUA pelas Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia (Farc). Os americanos estavam em um avião Cessna abatido enquanto fazia uma operação de vigilância na selva colombiana. Eles passaram cinco anos em cativeiro e foram libertados em julho de 2008, juntamente com a ex-candidata a presidente Ingrid Betancourt.

Aviões não-tripulados seriam “ideais para trabalhos sujos, por isso essa é uma escolha inteligente”, afirma Peter Singer, da Brookings Institution. “Não podemos pedir a equipes antidrogas que mantenham os olhos abertos por 20 horas seguidas. Poupa-se muito dinheiro se você distingue rapidamente uma lancha rápida carregada com cocaína de um barco com uma festa de estudantes.”

Primeira força policial do mundo a usar aeronaves não-tripuladas, a Polícia Federal (PF) adquiriu em julho três Herons. O equipamento ainda está em fase de testes.
agencia estado

Rizzolo: Os EUA estão dispostos a enfrentar o narcotráfico na América Latina. Os aviões não tripulados se apresentam como um instrumento adequado na sua aplicação. De forma similar o avião pode combater grupos terroristas, detectando os focos, facilitando dessa forma a repressão. Acho a utilização deste instrumento muito bem-vindo na América Latina, aliás quem é democrata de verdade, sabe que o que vem dos EUA está diretamente ligado à democracia, ao contrário daqueles que Chavez e outros líderes tanto aplaudem, como Irã, Rússia, Coreia do Norte e outros bichos…

Vizinhos ‘têm receio de liderança de Lula, diz ‘La Nacion’

O presidente Luís Inácio Lula da Silva enfrenta receio de seus colegas sul-americanos quanto à busca do Brasil pela liderança regional, segundo reportagem publicada nesta segunda-feira pelo jornal argentino La Nacion, por ocasião da cúpula presidencial em Salvador.

O encontro vai reunir 29 presidentes latino-americanos. “Alguns analistas avaliam que o país anfitrião vai mostrar sua liderança regional nesta cúpula quádrupla – a do Mercosul, da Unasul, a primeira da América Latina e do Caribe e a do Grupo do Rio – mas outros analistas advertem que nem todos os líderes estão contentes com o presidente Luís Inácio Lula da Silva, inclusive a Argentina”, diz o jornal.

“Há mal estar da Argentina, Equador, Bolívia e Paraguai com o Brasil”, diz o jornal, que diz que estes países “questionam a orientação que (o Brasil) quer impor na economia”.

Segundo o La Nacion, as diferenças começaram durante as negociações da Rodada Doha de comércio global em julho, em Genebra, quando o Brasil, que negociava em nome dos países em desenvolvimento, aceitou a proposta dos países ricos apesar da oposição argentina.

“O Brasil usa os países em desenvolvimento para se posicionar como jogador global e depois faz com eles o mesmo que os países desenvolvidos”, disseram analistas do governo de Cristina Kirchner ao jornal. Segundo esses analistas, a Índia e a África do Sul também teriam ficado descontentes com a mudança de posição brasileira em Doha.

Já o Equador, segundo o jornal, está envolvido em duas disputas com o Brasil, um por conta da expulsão da Odebrecht por conta de uma represa e outra por um empréstimo do BNDES para a construção dessa empresa.

“Os países reunidos no bloco Alternativa Bolivariana para a América (ALBA), liderados pela Venezuela de Hugo Chávez, se solidarizaram com o Equador neste caso. Diferentemente da petro-diplomacia de Chávez, Lula não saiu pela região apoiando candidatos presidenciais nem assegurando o abastecimento energético.”

O La Nacion afirma que Bolívia e Paraguai também mantêm tensas negociações com o Brasil, a Bolívia por conta do preço do gás vendido ao vizinho, e o Paraguai por conta do preço da eletricidade gerada por Itaipu.

Em editorial sobre as cúpulas paralelas em Salvador, o La Nacion afirma que no encontro, os presidentes Lula e Chávez vão continuar disputando dissimuladamente a liderança regional, mas que, provavelmente, será difícil que os líderes regionais cheguem a um acordo sobre uma política comum e como colocá-la em prática. BBC Brasil – Todos os direitos reservados. É proibido todo tipo de reprodução sem autorização por escrito da BBC.

Agência estado

Rizzolo:Muito embora a política internacional brasileira tem sido desastrosa em muitas questões, realmente pode-se observar um mal-estar entre os vizinhos na medida em que o governo brasileiro não chancela todas as posições adotados pela maioria dos países da América Latina.

E isso o faz com muito bom senso, vez que a contaminação ideológica nas tomadas de decisões desses países, atrapalham o desenrolar e os avanços com os demais países como os EUA e a Europa. A visão ainda antiamericana desses países, é retrógrada e o Brasil jamais deve compactuar com esses ideais bobos. Lula muito embora alguns não concordem, é um grande estadista, e acredito que a melhor forma de manter-se nos limites de sua popularidade atual, é se afastar daqueles que internamente bradam o grito petista de radicalismo.

Aliás, a nova pesquisa sobre a avaliação do presidente Luiz Inácio Lula da Silva subiu a 80,3% em dezembro e bateu novo recorde, segundo pesquisa CNT/Sensus divulgada nesta segunda-feira, 15. Em setembro, a aprovação pessoal do presidente estava em 77,7%.

Os Tentáculos das Farc na América Latina

Uma das características mais perigosas dos regimes sejam eles quais forem, é a arbitrariedade legitimada em nome de um bem maior. Assim sucedeu-se em várias ditaduras no planeta, desde os regimes comunistas até as ditaduras de direita muitas delas oriundas de movimentos militares. A legitimação das atrocidades em nome de um bem maior, ou um ideal, faz com que os agentes se despojem do sentido da culpa, tornando-os mais perigosos e mais cruéis

A condescendência da esquerda na América Latina com as Farc, é passiva desta análise, o discurso fácil da luta de classes serviu de esteio para que a guerrilha tornasse simpática as esquerdas que imperam na América Latina, trajadas de diferentes formas muitas delas travestidas de um discurso democrata e populista.

A essência da democracia é o desejo popular da maioria, contudo ainda persiste na América Latina a personificação dos caudilhos, que de uma forma ou de outra, tentam através do populismo, manobras de perpetuação no poder invalidando e interferindo nas discussões de cunho democrático, onde por princípio deveria se abster o conteúdo argumentativo manipulatório, principalmente aquelas baseadas na luta de classes, onde sua aplicabilidade do ponto de vista político, é mais impactante e absorvível pelas camadas mais pobres.

Os EUA se distanciaram da América Latina face ao foco no Oriente Médio; as interferências do governo americano pouco se fizeram presentes na América do Sul, até porque as anteriores foram baseadas na implementação de regimes ditatoriais militares que ganharam a antipatia do povo em função da posição e da propaganda da esquerda que sabiamente soube aproveitar o conceito de democracia, mesclando-o com o populismo; mistura essa perfeita e explosiva para o aflorar inclusive mobilizações políticas até do ponto de vista paramilitar, como a atuação das Farc.

Com efeito é preocupante a atuação da guerrilha mais propriamente das Farc e seus eventuais tentáculos na América Latina, prova disso é a afirmação do “czar” da segurança nacional dos Estados Unidos, Michael Chertoff, que condenou na semana passada o apoio recebido pelo grupo guerrilheiro Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia (Farc) por parte de governos sul-americanos e defendeu que todos os países da região se preocupem com a possível transferência de bases da guerrilha para seus territórios.

Em conversas com os ministros da Justiça, Tarso Genro, e da Defesa, Nelson Jobim, na segunda-feira, Chertoff também deixou clara a preocupação dos Estados Unidos com a sofisticação dos recursos do narcotráfico para alcançar os principais mercados consumidores – como o uso de pequenos submarinos – e pediu a colaboração do governo brasileiro na intensificação de seus controles sobre portos e aeroportos. Alem disso, as revelações do ministro da Defesa da Colômbia, Juan Manuel Santos sobre as conexões das Farc no Brasil, corroboram a suspeita de seus tentáculos inclusive no nosso território nacional.

Na verdade o conceito de democracia de uma forma geral nunca esteve tão distorcido como nos dias de hoje na América Latina, a legitimação da democracia populista tenta esvaziar as discussões democráticas e nos conduzem a uma visão distorcida do poder popular chancelado pela luta de classes. Há hoje uma necessidade imperiosa de se restabelecer a verdadeira democracia não populista, mas através da difusão de meios educativos e elucidativos das técnicas impregnadas por esta nova modalidade de governar, para que possamos restabelecer uma convivência mais harmoniosa do ponto de vista ideológico inclusive em relação aos nossos vizinhos. Leia também : Quarta Frota; um bem necessário ?

Fernando Rizzolo

Rússia pode posicionar bombardeiros em Cuba, diz jornal

SÃO PAULO – Bombardeiros russos com capacidade para levar armas nucleares pode ser posicionados em Cuba em resposta ao plano dos Estados Unidos de construir um sistema de defesa antimísseis no Leste Europeu, segundo afirmou o jornal russo Izvestia, citando fontes militares do país. Em resposta, um alto funcionário da Força Aérea americana, o general Norton Schwartz, afirmou nesta terça-feira, 22, que Moscou estaria cruzando “uma linha vermelha” se usar a ilha cubana para abastecimento de combustível de seus aviões.

Segundo o jornal americano The Washington Post, a reportagem relembra a crise do mísseis de Cuba em 1962, que quase desencadeou um conflito nuclear entre os Estados Unidos e a ex-União Soviética. Segundo a BBC, o incidente teve início quando aviões de espionagem americanos descobriram bases de mísseis soviéticos em Cuba, a pouca distância dos Estados Unidos. A decisão do governo soviético de enviar os mísseis a Cuba foi, na época, vista como uma resposta à expansão dos mísseis americanos na Europa.

Oficiais do Ministério da Defesa russo tentaram jogar água fria na notícia, afirmando que a história foi escrita por sob um nome falso e cita uma fonte em uma organização que não existe. O Izvestia, segundo aponta o Post, costuma ser usado como fórum para vazar estratégias do Kremlin. “Enquanto eles estão posicionando o escudo antimísseis na Polônia e na República Checa, nossos bombardeiros estratégicos estarão aterrissando em Cuba”, diz a fonte anônima citada pelo jornal.

O general Schwartz, cujo nome é considerado para ocupar o cargo mais alto da Força Aérea americana, afirmou ao Comitê de Armas do Senado que se a Rússia chegar a concretizar a instalação em Cuba, o país deve estar forte e indicar que isso é algo que cruza um ponto inicial, a linha vermelha dos EUA”. Ainda não está claro, segundo o Post, se a fonte sugeriu que a Rússia poderia reabrir a base em Cuba ou usar o espaço aéreo para escalas de seus bombardeios Tu-160 e Tu-95, que são capazes de atingir os EUA a partir de bases da Rússia.

A Rússia é contra a instalação do sistema de defesa americano no Leste Europeu, afirmando que este plano é uma ameaça à sua segurança. Recentemente, a Rússia disse que usará meios militares contra a instalação do escudo antimísseis perto de suas fronteiras. A chancelaria russa disse que o Kremlin seria forçado a usar “métodostécnico-militares”. O primeiro-ministro Vladimir Putin disse em 2007, quando era presidente, que o país poderia voltar seus mísseis contra países europeus caso o sistema fosse instalado.
Agência Estado

Rizzolo: É como eu sempre digo, existe sim uma mobilização da Rússia e da China no território da América Latina, nada é por acaso. Essa ” união” de Chavez com a Rússia, esse ” embalo” em não ser tão enérgico com as Farc, esse Conselho de Defesa Sul-Americano, essas fronteiras brasileiras abertas; para tudo isso existe um único contraponto real, firmes, em nome da democracia que podemos confiar, que é a Quarta Frota americana. Ah! Mas o Rizzolo agora entende que os EUA “são bonzinhos”, antes era um simpatizante de Chavez. Sim, antes, mas “antes de tudo” sou um democrata que sabe pular da barca na hora certa.

Não há dúvida que a democracia está em perigo na América Latina, só não vê quem não quer. Chavez se armando até os dentes- 4 bilhões de dólares em equipamento russo -, a possibilidade da Rússia posicionar bombardeiros em Cuba, a aquiescência dos governos de esquerda na América Latina em relação a Chavez e as Farc, tudo isso nos leva a um só caminho, darmos boas vindas à Fourth Fleet, e nos armarmos também. Ou estou errado?

FMI prevê diminuição de crescimento de Brasil e América Latina

Washington, 9 abr (EFE).- O esfriamento econômico dos Estados Unidos debilitará, mas não estrangulará, a economia do Brasil, que crescerá 4,8% este ano, frente aos 5,4% do ano passado, seguindo assim a tendência prevista para a América Latina, segundo divulgou hoje o Fundo Monetário Internacional (FMI).

O organismo financeiro aponta em seu último relatório semestral “Perspectivas Econômicas Mundiais” uma previsão de crescimento de 3,7% para a maior economia da América Latina em 2009.

Por trás do ímpeto da economia brasileira está, segundo os analistas do FMI, o dinamismo registrado no mercado de trabalho, com o aumento da geração de empregos e a redução da taxa de juros real.

O FMI adverte, no entanto, que a alta dos custos da energia e dos alimentos fez aumentar os preços em toda a região, fazendo com que o Banco Central brasileiro encerrasse seus cortes da taxa básica de juros.

As previsões do Fundo para a América Latina seguem a mesma linha, e apontam um crescimento de 4,4% em 2008, frente aos 5,6% de 2007, e prevê uma expansão de 3,6% em 2009.

O dado de crescimento para 2008 é levemente superior ao antecipado em outubro passado, quando o Fundo previu que a região cresceria 4,3%.
Folha online

Rizzolo: A velha desculpa da inflação que pelos números não assusta ninguém, serve de esteio e argumentação para que o Sr. Meirelles aumente ainda mais as taxas de juros. O Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) – que serve de referência para a meta de inflação – mostrou nesta quarta-feira, 9, alta de 0,48% no mês passado, registrando o maior março desde 2005. O dado ficou similar à leitura de 0,49% de fevereiro e superou o teto das previsões de 33 analistas ouvidos pela Reuters, de 0,46%. Ora, estamos falando de um número baixíssimo que não justifica frear a economia. Ademais as opiniões desses “analistas”, são sempre as jogar o Brasil para baixo.

Ao invés de estarmos focando no desenvolvimento e no aumento da produção visando o combate à inflação, como faz a China, até porque precisamos gerar empregos, insiste-se em focar o combate de uma inflação que nem sequer ameaça a economia, com mais aumento das taxas de juros, para que mais dólares acabem adentrando no País via especuladores, para que menos consigamos exportar nossos produtos o que, naturalmente, afeta a nossa balança comercial. Já estou ficando monótono de tanto falar nisso, mas não dá para calar. Não querem o País cresça. Porque que será, hein?

Neopopulismo e a Estratégia Política

Por trás da questão do mal uso dos cartões corporativos, e da estratégia do governo em acobertar sua investigação fazendo uso da sua maioria no Congresso, e de outros meios de caráter duvidosos do ponto de vista ético, existe uma linguagem comum para não dizer corriqueira utilizada como instrumentação política por aqueles novos modelos de líderes que surgem na América Latina. A nova instrumentação política, envolve estratégias de acessibilidade às massas via discurso com dialética de fácil entendimento regionalizada, e que passa por cima dos meios tradicionais e convencionais de comunicação.

É de se notar, que quando Lula fala aos trabalhadores em inaugurações de obras, existe mais do que a notoriedade midiática do evento, mas sim, um interesse em jogar palavras populares que repetidas são na sua essência, e de fácil concepção diante à grande massa que pouco tem acesso ou compreensão devida da intensidade dos atos de improbidade administrativa do governo. Assim quando se coloca uma questão de relevância, como o caso do dossiê, em que esbarra e se questiona a ética de membros da Casa Civil, pouca receptividade de cunho indignatório se obtém por parte da grande massa que não lê jornais, e pouco se interessa ou compreende de forma devida o que está ocorrendo.

Dessa forma, o circunspecto populacional participativo da questão nacional, se perde face a pouca cultura e ao baixo nível intelectual da grande maioria da população. Segmento este, que acaba servindo de esteio para num golpe estratégico, dar legitimidade aos líderes populares na manipulação das situações políticas de enfrentamento, sem ao menos saírem com a perda do apoio popular e seu devido prestígio.

Pude observar isso não só no Brasil como na Venezuela, quando lá estive o ano passado a convite para participar de um Congresso em Caracas. Chavez em seu programa de domingo à tarde, fala a linguagem do povo, através de parábolas de fácil entendimento e de palavras populares do dia-a-dia. Os jornais, por sua vez, inserem comentários cuja conceituação interpretativa exige certa reflexão sobre uma seqüencia de fatos, que com certeza o trabalhador Venezuelano não tem como acompanhar face ao nível de compreensão mais apurado dos textos, e muito, em função da digestibilidade mais fácil da versão popular chavista dos fatos, delineada de forma popular. Estaríamos então diante de uma questão crucial, onde a relevância dos escândalos e das questões éticas estão represadas apenas diante de certo contingente populacional, que por tradição, já de plano não aceitam o populismo na sua essência, e já possuem capacidade reflexiva.

O fim das concessões de TV na Venezuelana, a retaliação com as elites, por muitas vezes não são bem compreendidas pelas massas, que apenas acabam se apropriando da argumentação elaborativa revelada através do discurso popular. Tal explicação poderia ser dada ao fato de que, mais vale ao trabalhador pobre brasileiro entender que existe um complô contra Lula, do que entender o mecanismo dos cartões corporativos, e quem seria o culpado pela questão da confecção do dossiê contra FHC; esses problemas, na verdade, não mergulham na análise daquele que ganha um salário mínimo, contudo, um bom discurso agressivo, com um linguajar nordestino, onde se insinua uma luta entre os ricos e pobres, entre os poderosos e aqueles que como Lula lutam em favor dos desvalidos, acaba sim prosperando, em função da capacidade comunicativa identificatória.

Numa análise perfunctória, poderíamos dizer que uma insinuação sobre os evangélicos inserido na novela das oito, tem maior profundidade contestatória nas massas do que um comentário sobre a negativa de Dilma em assumir sua culpa na confecção do dossiê, ou na eventual possibilidade da Polícia Federal entrar no caso, para dar início a uma investigação.

Poderia finalizar afirmando que muito das estratégias neopopulistas contemporâneas observadas nos governos da América Latina, estão enraizadas numa tentativa de sobrevivência em função de que acreditam elas que as oposições, contam muitas vezes com informações estratégicas internacionais, e que, os governos populistas, apenas podem se valer em desqualificar a oposição, e fazer uso de uma dialética popular de empatia, para poderem a todo custo permanecer no poder atráves de novos mandatos com o apoio popular, e ter a necessária governabilidade. Aliás do ponto de vista política estratégico, isso tudo não é novidade, advém de uma velha lição leninista, e da antiga estratégia revolucionaria de Trotsky, nada mais do que isso, apenas implementada e apresentada com uma nova roupagem, e de forma velada.

Fernando Rizzolo

A alta das commodities e da devastação

Um dos grandes desafios da atualidade, é como manter um nível de desenvolvimento e ao mesmo tempo preservar o meio ambiente. Essa questão atinge em maior impacto países como o Brasil, que possuem extensa área de cultivo e florestas que necessitam ser preservadas a todo custo.

Seria um excesso de ingenuidade, acreditarmos que o governo tem possibilidade de controlar a evolução do agronegócio, aquecido e impulsionado por financiamentos, e pela demanda internacional expressada nos altos preços das commodities agrícolas, minerais, e ambientais, cujos valores se sustentam em bons índices no mercado internacional. Com efeito, a elevação dos preços de pelo menos duas commodities, soja e carne, tiveram sim, participação no crescimento da derrubada ilegal de árvores; corroborando este fato, observarmos que um dos fatores que foram apontados para a diminuição do desmatamento, foi a queda nos preços internacionais. Mas só esses fatos não justificariam o problema ambiental.

As medidas de contenção como o bloqueio de financiamento público para atividades que desmatem, atingirá os créditos do Pronaf (Programa Nacional de Fortalecimento da Agricultura Familiar), um dos mais propalados pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva, além de financiamentos do Banco do Brasil, do BNDES e do Basa (Banco da Amazônia). Contudo, grande parte dessa devastação não e promovida pela pobre agricultura familiar, e sim, pela recuperação financeira do agronegócio, vez que, para se fazer devastação é necessário estar capitalizado.

Agora a grande questão, é saber de que forma poderemos ser grandes fornecedores de desses produtos em alta no mercado, e, ao mesmo, atuarmos numa “fina dosemetria” para que os excessos não sejam cometidos; esse é o grande desafio. Não há dúvida, muito embora românticos insistam em afirmar ao contrário, que o agronegócio vai cada vez mais prevalecer no Brasil, até porque, no ano passado o setor absorveu R$ 40 bilhões de reais em créditos. Apesar do governo tutelar com incentivos à agricultura familiar, ela é difusa, não organizada, e os recursos acabam não chegando de forma devida aos trabalhadores, face à burocracia.

A estrutura conceitual do agronegócio, passa mais por volume, produção e eficiência, e não há como negar que em razão disso, a balança comercial do agronegócio fechou o ano de 2007 com um saldo recorde: US$ 49,7 bilhões. Este valor foi alcançado graças ao desempenho das exportações do setor que atingiram a cifra de US$ 58,4 bilhões – 18,2% superior ao ano de 2006, contra US$ 8,7 bilhões das importações – resultado tanto do aumento dos volumes (5,6%) quanto dos preços (12%).

Um dos fatores de desenvolvimento não só do Brasil, mas de toda a América Latina é, sem dúvida, exclusivamente graças a fatores externos, como a expansão da economia mundial e os altos preços das commodities, e isso a meu ver é preocupante. Não podemos resumir nossa economia, e ficar de todo dependente das commodities, que impulsionam o valor das nossas exportações em virtude das demandas por estes produtos, principalmente pelos países asiáticos; surtos externos de crescimento, não vão durar para sempre.

De forma racional e sincera, o governo deve admitir suas falhas quando impõe totalmente as causas da devastação aos valores atribuídos internacionalmente às commodities, isso, na verdade, não justifica a intempestividade em aferir os danos causados ao meio ambiente. O que falta na realidade, é menos eufemismos e bravatas por parte da ministra do Meio Ambiente Marina Silva, e mais competência no monitoramento das áreas, para prever a tempo os danos não só causados pelo mercado internacional de commodities, mas face a problemas de ordem “técnica”.

Fernando Rizzolo

Turbulência global ameaça o crescimento da América Latina, diz “FT”

Os desdobramentos nos mercados globais neste ano sugerem que a América Latina poderá perder seu brilho, diz reportagem desta sexta-feira do jornal “Financial Times” (íntegra disponível para assinantes).

O texto justifica a previsão dizendo que as bolsas de toda a região caíram mais rapidamente do que a maioria do restante do mundo, com um declínio médio de quase 16% desde o início do ano.

O “FT” reconhece que houve uma diminuição da dependência dos Estados Unidos, que atualmente absorvem menos de 20% das exportações do Brasil, Argentina, Chile e Peru. Mas ressalta que muitos mercados para os quais a América Latina se diversificou serão duramente atingidos por uma desaceleração americana.

Outra ressalva é o fato de os governos sul-americanos não terem promovido as reformas que aumentariam a produtividade e a perspectiva de crescimento a longo prazo. O Brasil – como outros países do continente – aumentou seus gastos, mas fez pouco para reformar um sistema previdenciário deficitário e a carga tributária aumentou.

Analistas dizem que muitos mercados emergentes estão particularmente vulneráveis, já que a quantidade de dinheiro que atraíram para portfólios de investimento é alta e a fuga de capital poderia se tornar uma torrente caso o sentimento permaneça ruim.

“Não há como a região escapar do que está acontecendo internacionalmente. Há um amortecimento, mas ele desaparecerá”, diz Walter Molano, da BCP Securities.

Folha de São Paulo

Rizzolo:Na realidade, a tese do deslocamento (decoupling), onde alguns economistas otimistas afirmam que as economias emergentes manterão seu dinamismo, apesar dos problemas na potência número um dando um impulso necessário para movimentar outros países, entendendo que o mundo não depende mais de um único motor, não é correta, e tem que ser vista com cautela. No nosso caso específico, que dependemos muito dos preços das commodities, a partir do momento que outros países como China e Índia diminuírem seu consumo face a interrelação econômica com os EUA, fatalmente sentiremos e iremos verificar que não estamos tão ” descolados” como emergente. A saída, como sempre digo, é o mercado interno aquecido.

Lula é líder com melhor imagem na América Latina, diz pesquisa

Uma pesquisa da ONG Latinobarômetro, divulgada nesta sexta-feira, em Santiago, no Chile, afirma que o presidente Luiz Inácio Lula da Silva é o líder político com melhor imagem na América Latina e o único a manter o posto nos últimos dois anos. A ONG entrevistou mais de 20 mil pessoas em 18 países, à exceção de Cuba, em setembro e outubro deste ano.

Hugo Chávez, da Venezuela, George W. Bush, dos Estados Unidos, e Fidel Castro, de Cuba, apareceram nos últimos lugares neste ranking. Numa avaliação de zero a dez, Lula recebeu a nota 5,7. Mas apesar do resultado favorável ao presidente, os brasileiros mostraram-se pouco otimistas em relação ao futuro.

Os brasileiros estão entre os latino-americanos que mais temem perder o emprego nos próximos 12 meses, ficando atrás nesta lista apenas dos moradores da República Dominicana, de El Salvador e do Equador. No Brasil, 70% temem perder seu posto de trabalho. No ano passado, este índice era de 42%.

Este percentual vem caindo na América Latina como um todo. Em 1998, por exemplo, 78% temiam ficar desocupados. No ano passado, 67%. E este ano, 64% afirmaram preocupar-se em perder o emprego.

Quando perguntados sobre como qualificariam a situação da economia do país, 26% dos brasileiros responderam que ela é “muito boa” e “boa”. No ano passado, esse percentual era de 28%. Neste ranking, a Venezuela lidera com 52%.

A situação no Brasil chama ainda mais a atenção quando os entrevistados responderam sobre sua expectativa para a economia do país em 2008. No Brasil, 35% afirmaram que a economia do ano que vem será “muito melhor” ou “melhor” do que a deste ano, uma queda de 20 pontos em relação ao ano anterior, quando esse percentual foi de 55%.

Neste item, só a Venezuela mantém o mesmo otimismo registrado no ano passado, com 60% da população acreditando que a economia do ano que vem será “muito melhor” ou “melhor” do que a deste ano.

De acordo com o estudo, a alta do preço do petróleo, que influencia diretamente a economia do país, poderia ter motivado a resposta dos venezuelanos. Mas no geral, ressalta a ONG, as perspectivas dos moradores dos outros países da região são diferentes das dos venezuelanos.

“Estes números indicam que os cidadãos sabem que a situação econômica do país em 2008 será menos favorável comparativamente com a situação que se esperava para a região em 2007”, diz o estudo. “Não sabemos com exatidão como se formam estas expectativas”.

No geral, os principais problemas apontados pelos moradores dos principais países da região foram desemprego e delinqüência.

Este ano, de acordo com o estudo do Latinobarômetro, a delinqüência foi definida como o maior drama para os moradores de oito dos 18 países pesquisados. No ano passado, este item reunia seis países. Em 2007, Brasil e Chile foram incorporados.
BBC BRasil

Rizzolo: Esse dado é muito interessante na medida em que Lula procura de forma diplomática estabelecer relações amistosas com os países vizinhos na América Latina, pontuações como a inclusão da Venezuela no Mercosul, viagens a Cuba, uma relação cordial com o garoto dos EUA, Álvaro Uribe, apoio a Cristina Kirchner, enfim, Lula desenvolve as relações diplomáticas sem conflito e com uma visão desenvolvimentista, haja vista as questões que envolveram o bom senso em relação a Evo Morales quando da nacionalização dos hidrocarbonetos, isso é saber governar, pelo menos nesse aspecto esta sendo excelente.É claro que em relação à pergunta sobre o receio de perder o emprego atualmente é maior no Brasil face aos problemas externos, nesse ponto o artigo é tendencioso.

Investir na América Latina, hora de avançar

A pequenez do pensamento de alguns políticos brasileiros, aliada a propagação dessas idéias tendenciosas pela mídia golpista dos Jornalões, nos faz deparar nesse domingo chuvoso com advertências apocalípticas de Sarney ao aterrorizar os leitores contra a Venezuela do “Bicho Papão Chavez”, que no seu ponto de vista “prepara uma corrida armamentista perigosa ao Brasil” Depois, ao folharmos outros jornais observamos a mesma retórica protocolar, em causar pânico em relação ao “temido Chavez” justificando um aumento nos gastos para reequiparmos nossas Forças Armadas. Nada disso é verdade. O que está ocorrendo na América Latina é apenas um ajuste social, apenas uma nova modalidade de democracia que é baseada nos desígnios populares, na Consulta Popular da aplicabilidade dos recursos do Estado, que poderíamos chamar de democracia participativa. O que é muito natural em face à inclusão da enorme população pobre que agora na América Latina, vive sim uma tempestade de esperança, e participação política.

Chavez reequipa suas Forças Armadas não para “invadir o Brasil”, ou “implementar o socialismo”, isso é uma besteira absurda; a Venezuela estrutura sua Forças Armadas, porque estavam sucateadas pelo neoliberalismo, como estão as nossas aqui no Brasil. Reequipa suas Forças Armadas para manter a soberania nos seu território visando sim uma eventual invasão norte americana. Argumentos sem o menor conteúdo probatório, que tem apenas por objetivo o terror, trazem no bojo a intenção maior, que é a desintegração da união na América Latina. Admiro empresário como Jorge Gerdau que afirmou a necessidade de investirmos na América Latina sem medo, para marcarmos nossa posição. Já que estamos perdendo mercado no nosso próprio território quando empresas espanholas com a OHL, subsidiadas pelo governo espanhol, nos arrancam do solo brasileiro deixando as empresas nacionais sem condições de competir em igualdade, numa demonstração do governo federal de pouco patriotismo e de descaso com o empresariado brasileiro. Os subsídios se referem ao Fundo de Comércio Financeiro, a principal ferramenta para estímulo à compra de ações de companhias e participação em licitações públicas no exterior por empresas espanholas. Essa política de subvenção, alvo de investigação pela Comissão Européia, explica a ofensiva econômica de conglomerados ibéricos sobre a América Latina e os Estados Unidos, mercados promissores no setor de infra-estrutura de transportes.

Como afirmou o Ministro Nelson Jobim, temos que desenvolver nossa tecnologia militar, e para isso precisamos mudar a Lei de Licitações, onde o que impera é o menor preço. Nem sempre o menor preço é o indicado, hoje, para o Brasil o melhor preço é a soberania, a possibilidade de absorvermos a tecnologia e não dependermos dos outros. Isso na verdade serve como esteio na analise do que estamos procurando nesse momento no nosso país, precisamos desenvolver nosso parque industrial nacional, prestigiarmos nosso empresariado, sim, como os espanhóis o fazem, seja lá qual forma adotar. Criarmos ambiente de harmonia na América Latina é essencial para que possam fluir investimentos brasileiros nos paises vizinhos, agora gerarmos tensão, terror, intriga, medo , tudo extamamente à pedido dos EUA, em nada leva o povo brasileiro e o empresariado nacional a avançar politicamente e economicamente na América Latina.

Infelizmente no Brasil, o empresariado nacional ainda se impressiona com opiniões de políticos, via Jornalões, que querem sim, perpetuar seus laços com políticas norte americanas republicanas que por sinal já estão chegando ao seu fim, bastam as declarações do novo embaixador americano na Venezuela, Patrick Duddy, ponderadas, amigáveis, conciliadoras, uma nova postura americana em relação ao país de Chavez que os políticos brasileiros ainda não descobriram, ou porque não gostam dos democratas, ou porque não lêem inglês.

Fernando Rizzolo

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América Latina não precisa de um líder, diz Lula

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva disse em uma entrevista exclusiva ao jornal americano The New York Times que a América Latina “não está tentando procurar um líder” nem “precisa de um líder”.
Segundo o jornal, Lula descartou sugestões de que ele deva ser um contraponto ao presidente da Venezuela, Hugo Chávez, que “tem agressivamente atraído as atenções na região com seus acordos na área de energia e suas manobras políticas em favor de candidatos de esquerda”.

“O que nós precisamos fazer é construir uma harmonia política, porque a América do Sul e a América Latina precisam aprender a lição do século 20”, disse o presidente, que se encontrou com Chávez na quinta-feira em Manaus.

“Nós tivemos a oportunidade de crescer, nós tivemos a oportunidade de nos desenvolver, e nós perdemos essa oportunidade. Por isso nós ainda somos países pobres.”

Gasoduto e banco

Em uma coletiva após o encontro com Chávez, Lula já havia dito que “não existe disputa” entre Brasil e Venezuela por um suposto papel de liderança na região, nem divergências entre os dois líderes.

Leia mais: Lula e Chávez confirmam projetos conjuntos de Energia

Mas, segundo o The New York Times, “as relação entre Brasil e Venezuela ficaram por vezes estremecidas (…), com o Brasil parecendo se distanciar de algumas propostas de Chávez para maior integração regional”.

Na entrevista ao jornal, Lula reiterou seu apoio a um projeto defendido por Chávez nesse sentido, o Banco do Sul, que financiaria projetos de desenvolvimento.

Mas com relação a outro projeto, o gasoduto que o venezuelano quer que seja construído entre Venezuela e Argentina, passando pelo Brasil e pela Bolívia, Lula se mostrou mais cético.

De acordo com o The New York Times, Lula disse que uma questão crucial é se haverá gás suficiente para tornar o projeto viável.

“Resiliente”

Na entrevista de 1h15 ao jornal americano, publicada com o título Um líder resiliente proclama o potencial do Brasil em agricultura e biocombustíveis, o jornal destaca o fato de que Lula parece não estar sendo afetado por problemas domésticos do Brasil, como a crise aérea ou os escândalos de corrupção.

“Essas preocupações praticamente não parecem deixá-lo preocupado”, descreve o autor da entrevista, Alexei Barrionuevo, que diz que Lula desenvolveu uma “notável resiliência política” devido ao bom momento econômico vivido pelo Brasil e à sua popularidade.

Barrionuevo também abordou na entrevista os planos de Lula para além de 2010.

O presidente voltou a deixar claro que não teria vontade de permanecer no poder e que espera voltar a viver em São Bernardo do Campo, no ABC paulista, onde começou sua trajetória política.

Falando de sua “aposentadoria” como presidente, Lula também aproveitou para, indiretamente, ironizar Fernando Henrique Cardoso.

“Eu não vou participar de um programa de estudos para graduados na Universidade de Harvard”, afirmou Lula, se referindo a uma atividade regular do ex-presidente tucano.

BBC Brasil

Rizzolo:Ao mesmo tempo em que a mídia americana e brasileira tenta gerar intrigas ou simular desavenças entre Lula e Chavez afirmando de forma ardilosa que “as relações entre Brasil e Venezuela ficaram por vezes estremecidas (…), com o Brasil parecendo se distanciar de algumas propostas de Chávez para maior integração regional”, envolve Lula como sendo um líder “mais democrático”, demonstrando e aprovando sua “volta por cima, sua flexibilidade”, um recado a Chavez que no entender de Bush não é democrata. Mas o que Bush quer na verdade, é fazer com que os EUA participem mais da nossa economia, e em contrapartida oferecem o de praxe e costume: nada. Vamos pensar em desenvolver nossa indústria nacional, e negociar o protecionismo americano não abrindo mais nosso mercado, mas impondo a dimensão do que somos hoje em termos de mercado consumidor, e negociar sim, abrindo um amplo debate sobre uma coisa que eles não gostam, imposto sobre remessa de lucros, coisa que não existe desde 1995. Que tal? Vamos negociar !