CAMPINA GRANDE, Paraíba – O presidente Luiz Inácio Lula da Silva cobrou dos senadores nesta terça-feira, 28, uma solução para a crise do Senado. “Na volta do recesso, eles têm de reunir-se e dizer o que querem do Senado. O que não é possível é permitir esse desgaste porque isso mata as pessoas e mata a instituição.” As declarações foram feitas em entrevista à Rádio Correio Sat, em Campina Grande, a 120 quilômetros de João Pessoa.
Lula afirmou que “o Senado tem maioridade para resolver o seu problema”. “Mas o que não pode é deixar a coisa esticar e esticar”, afirmou. “Se a cada dia você tem uma novidade no jornal, por menor que seja, você vai criando um desgaste na instituição”, afirmou, sobre as denúncias quase diárias de irregularidades envolvendo o presidente do Congresso, senador José Sarney (PMDB-AP), e o ex-diretor-geral do Senado Agaciel Maia.
Nesta terça-feira, o presidente do PSDB, senador Sérgio Guerra (PE), vai apresentar ao Conselho de Ética, uma representação contra Sarney, por quebra de decoro parlamentar, que pode resultar na cassação do mandato do peemedebista. Será a quinta representação no órgão e a primeira por iniciativa do partido tucano. A informação é do vice-líder tucano, senador Alvaro Dias (PR).
Segundo ele, a representação já está pronta e pede a punição máxima a Sarney. O PSDB entendeu que o presidente do Senado feriu o decoro parlamentar em vários episódios denunciados pelo líder do PSDB, Arthur Virgílio (AM), e também publicados pela imprensa: ligação com atos secretos, favorecimento do neto em contratos na Casa, entre outros.
De acordo com Dias, a representação “dá mais força” do que as quatro denúncias já apresentadas por Arthur Virgílio ao Conselho de Ética na qualidade de senador. Pelas normas regimentais, somente os partidos políticos podem apresentar representações ao Conselho de Ética propondo a instauração de processos “políticos” para a cassação de mandato. Individualmente, parlamentares podem apresentar denúncias contra senadores propondo a apuração de determinados fatos.
Caso a representação seja aceita pelo presidente do conselho e instaurado o processo de cassação, o julgamento no colegiado se dá em votação aberta. Para ser levado ao plenário da Casa, é preciso que a maioria dos conselheiros aprove o pedido de cassação. A decisão final sobre a perda do mandato parlamentar é tomada por todos os senadores em votação secreta.
Estratégia de Franklin
A Rádio Correio Sat é de propriedade do senador Roberto Cavalcanti (PRB-PB), aliado do governador da Paraíba, José Maranhão (PMDB). Até fevereiro, Cavalcanti era suplente de Maranhão no Senado. Ele assumiu a vaga deixada por Maranhão assim que o ex-governador Cássio Cunha Lima (PSDB), eleito em 2006, foi cassado pelo Tribunal Superior Eleitoral (TSE) por compra de votos.
O presidente destacou a estratégia de conceder entrevistas à imprensa local. “É uma ideia do ministro Franklin Martins (Comunicação Social) que eu faça isso em cada Estado que visito”, afirmou. A entrevista de Lula foi retransmitida por 30 emissoras e rádios comunitárias de todo o Estado.
agencia estado
Rizzolo: É engraçado, Lula cobra uma postura do senado e ao mesmo tempo, faz de tudo para proteger Sarney. Numa manobra vergonhosa, o PT articula a permanência de Sarney de todas as formas, o próprio presidente alega que na verdade o PT não esta interessado em prejudicar Sarney, segundo o presidente, são apenas alguns senadores.
Ora, aonde estamos? Se esta situação “se estica”, é porque o governo promove a sustentabilidade amoral devida para que o senador Sarney apareça como protagonista de um escândalo diário, num verdadeiro desrespeito ao povo brasileiro. E o que se faz? Nada. Todos observam de forma contemplativa. As instituições estão fragilizadas, a falta de moral permeia o Congresso, a ética por toda esvaziada, e a integridade pública que se dane. O PT, o governo, a Dilma, estão aí para prestigiar toda essa turma, ao mesmo tempo em que cobram do Senado que a situação não “se estique”. Que bela democracia a nossa hein!