Rei não agüenta ouvir de Chávez que seu premiê apoiou o golpe

Embora nem sempre seja preciso enunciá-la por completo, Chávez só falou a verdade. Aznar é fascista mesmo e todo mundo sabe que só os embaixadores dos EUA e da Espanha prestigiaram, em 2002, a cerimônia de posse da efêmera junta civil-militar que rasgou a Constituição venezuelana, prendeu o presidente da República, fechou o Congresso, o Judiciário, mas borrou-se de medo ao dar de cara com o povo bolivariano nas ruas e fugiu para Miami. Porém, sua majestade achou que tinha o direito de mandar o presidente Chávez “calar a boca”. Tanto não tinha que quem acabou se retirando do plenário da 17ª Cúpula Ibero-Americana foi ele. Já a mídia golpista elogiou a atitude da peça viva de museu, que, em pleno século 21, responde pelo nome de Rei Juan Carlos. Tudo em nome da “democracia”, é lógico.

Países ibero-americanos defendem progresso com soberania e justiça

Chefes de Estado e de governo de 22 países reunidos de 8 a 10 últimos em Santiago do Chile na Cúpula Ibero-americana repeliram o embargo dos EUA a Cuba e defenderam um crescimento econômico independente e com justiça social

Após três dias de debates, os chefes de Estado e de Governo de 22 países aprovaram no sábado, dia 10, a Declaração de Santiago do Chile, um documento de 24 pontos com as resoluções da XVII Cúpula Ibero-americana, que estabelece os compromissos para garantir um crescimento econômico sustentado, independente e de inclusão social na região e repeliu o embargo dos EUA a Cuba.

Os líderes também assinaram um plano de ação e 10 comunicados anexos entre os quais se destacam a exigência de acabar com o embargo dos Estados Unidos contra Cuba por ser “uma política contrária ao direito internacional”, e o respaldo às aspirações da Argentina de recuperar as Ilhas Malvinas, ocupadas pela Inglaterra.

Os 19 países latino-americanos, mais Espanha, Portugal e Andorra, em outro comunicado especial condenaram o tratamento de aberta impunidade dispensados pelos EUA ao terrorista cubano-venezuelano, Luis Posada Carriles, responsável pela explosão de um avião cubano em 1976 sobre Barbados, em que morreram 73 pessoas.

O documento principal condensou os debates do encontro em que os dirigentes frisaram a necessidade de mudanças na política que levou os países a uma situação insustentável de miséria e o expressivo avanço imprimido pelos governos progressistas na região. “Não há como existir coesão entre nossas nações sem transformações profundas no estado em que vivem nossos povos”, sublinhou o presidente venezuelano, Hugo Chávez, com a concordância da maioria dos chefes de Estado. O texto aprovado enumera princípios gerais, e recolhe compromissos “para progredir e alcançar níveis crescentes de inclusão, justiça, proteção e assistência social e solidariedade”, além de avançar para a igualdade de direitos entre as mulheres e os homens, assim como acelerar a vigência de normas justas na previdência e seguridade social.

ACORDOS

Os presidentes do Brasil, Luiz Inácio Lula da Silva, e da Bolívia, Evo Morales, realizaram uma bilateral para detalhar os acordos que estão sendo detalhados sobre novos investimentos da estatal Petrobrás no país irmão e que permitirão ampliar a exportação de gás. Lula também realizou o anúncio da recente descoberta de reservas de petróleo entre 5 e 8 bilhões de barris de óleo leve, segundo dados da Petrobrás. O presidente brasileiro declarou seu interesse de ingressar na OPEP, logo que o país se tornar exportador de petróleo, fato certo em poucos anos. “Obviamente, temos a intenção de participar no foro em que podem se decidir políticas para o mundo inteiro”, disse.

Evo encontrou-se com a anfitriã da reunião, a presidente chilena Michelle Bachelet, com uma pauta de 13 pontos. Destacaram o trabalho conjunto em busca da normalização das relações diplomáticas entre os dois países, rompidas há 29 anos, e avançaram na análise do pedido boliviano de uma saída ao oceano Pacífico. Desde a posse de Evo, ocorreram três encontros presidenciais, depois de anos de esfriamento das relações.

O presidente equatoriano, Rafael Correa, informou em sua mensagem radiofônica dos sábados, que foi transmitida desde Santiago, que a assinatura da criação do Banco do Sul se realizará no dia 10 de dezembro, como estava previsto, mas na Argentina, e não na Venezuela.

Correa acrescentou que os chefes de Estado da região acertaram que o documento seja assinado em Buenos Aires, no dia em que Cristina Fernández de Kirchner assumirá a presidência. O Banco será formado, em princípio, pelo Brasil, Venezuela, Argentina, Colômbia, Equador, Bolívia, e Paraguai.

“É um imenso passo na integração latino-americana e sobre tudo sul-americana para financiar nossos projetos de desenvolvimento, e acabar com os projetos a controle remoto como os que nos impunha o FMI e o Banco Mundial, que nos quebraram”, manifestou.

Correa, reforçado por declarações do presidente Hugo Chávez, convocou os países da região a que pensem em aplicar no Banco do Sul suas reservas monetárias, que hoje ficam nos Estados Unidos, e que somam na atualidade cerca de 450 bilhões de dólares.

JUAN CARLOS

No sábado, último dia da Cúpula Ibero-americana, durante a intervenção do presidente do governo espanhol, José Luis Zapatero, aconteceu a polêmica com o presidente da Venezuela, Hugo Chávez, na qual acabou se envolvendo, de forma pouca diplomática, o rei espanhol Juan Carlos.

José Zapatero disse em seu pronunciamento que “um país nunca poderá avançar se busca justificações de que alguém de fora impede seu progresso”. O presidente venezuelano, diante dessa afirmação, pediu um aparte e fez algumas ponderações, levando em conta a história na América Latina e sua própria experiência. “Não se pode minimizar o impacto dos fatores externos”, contrapôs Chávez, se referindo à participação do governo dos Estados Unidos no golpe contra Salvador Allende, no Chile, e ao apoio de Aznar ao golpe no ano 2002, tramado pelos EUA em conluio com a oligarquia venezuelana. Para reforçar sua linha de raciocínio, de que existem forças externas que jogam contra o desenvolvimento soberano dos países, Chávez revelou no aparte a Zapatero dados sobre uma conversa que manteve com o então presidente do governo espanhol em julho de 1999. Aznar lhe dissera: “Venho te convidar para que te juntes ao nosso clube, você tem petróleo, deves te incorporar ao primeiro mundo, basta que você o decida, já que tens um forte apoio popular e político”.

“Mas eu tinha que deixar as relações com Cuba. Aznar me disse que não me convinha a amizade com Fidel Castro, um exemplo de dignidade, de luta, de resistência a um império”, contou Chávez. Prosseguindo, o chefe de governo venezuelano relatou: “E o que acontece com os países pobres, como Haiti, os da América Central ou da África?”, ao que Aznar respondeu: “Esses se ferraram”. “Esse é o rosto mais forte do fascismo e do racismo”, concluiu Chávez.

Zapatero retomou então a palavra para pedir “calma” a Chávez e exigir “respeito para com Aznar porque, embora seja uma pessoa com a qual compartilhe ideais”, ele tinha sido “eleito pelos espanhóis”, esquecendo que o neo-franquista ignorou olimpicamente a vontade desse povo, que se manifestou aos milhões nas ruas contra a presença de soldados espanhóis no Iraque, fato que se expressou na acachapante derrota que colheu nas urnas em 2004.

RESPEITO

Foi nesse momento, quando Chávez pediu o mesmo respeito para seu governo e seu povo, exigindo o fim da ingerência na política de seu país, que o rei, levantando o dedo, disse mal-humorado: “Por que você não se cala?”

O presidente Chávez reconheceu mais tarde que ele, naquele momento concentrado na troca de idéias com Zapatero, não escutou a frase do rei. “Teve sorte o senhor rei, que eu não o ouvisse”, disse, acrescentando que teria lhe respondido: “Se eu me calasse, gritariam até as pedras dos povos da América Latina, que estão dispostos a ser livres de todo colonialismo depois de 500 anos”, em referência uma conhecida passagem bíblica.

O rei espanhol acabou por retirar-se da reunião durante o discurso seguinte, o do presidente da Nicarágua (ver matéria ao lado), quando o líder sandinista fez duras críticas a empresas espanholas que “atuam no país como uma máfia e usam táticas de gangsters”.

Aí foi demais para o monarca. Juan Carlos levantou-se e saiu.

SUSANA SANTOS

Hora do Povo

Rizzolo: O ex. primeiro-ministro direitista da Espanha José María Aznar foi um especialista em dar maus conselhos, segundo Fidel Castro, Aznar foi um aliado dos EUA em genocídios e massacres, tinha se reunido com o presidente Bill Clinton em 13 de abril de 1999, num momento incerto da guerra contra Iugoslávia, e lhe expressou textualmente: “Se estamos numa guerra, façamo-la completamente, para ganhá-la toda e não só um pouco. Se precisamos persistir durante um mês, três meses, façamo-lo. Não entendo por que não bombardeamos ainda a rádio e a televisão sérvias”. Não há dúvida que o camarada Aznar não merece uma defesa tão veemente por parte do rei espanhol Juan Carlos e do primeiro-ministro espanhol, José Luis Rodríguez Zapatero, mais conhecido como Bambi. Que conversa é essa? Juan Carlos é um reacionário especialista em opressão, que impõem a monarquia aos países catalães, e não abre o debate ao povo sobre essa imposição. Pequenos episódios revelam o conflito latente entre os espanhóis e seu rei. Já em 1981, quando do frustrado golpe contra o Parlamento Espanhol, o comportamento de sua majestade deixou dúvidas. Ele levou algumas horas antes de se definir pela legalidade democrática. Para muitos, o golpe chefiado por Millan del Bosch pretendia que todos os poderes fossem conferidos a Juan Carlos, em um franquismo coroado.

A defesa do rei denota seu caráter belicista e antidemocrático. A 17ª Cúpula Ibero-Americana, é espaço de discussão e de liberdade de expressão, contudo, a velha Europa colonialista, insiste em ” mandar calar a boca” dos líderes da América Latina, como que se quisessem nos colocar ” no nosso lugar “. O vice-presidente da Venezuela, Jorge Rodríguez, neste domingo, classificou como “vulgar e grosseira” a atitude. “Não pode vir ninguém com a grosseria e a vulgaridade de mandar o chefe do Estado venezuelano calar a boca, que não será calada por nada nem ninguém”. Como sempre digo, os que não gostam da democracia, gritam, mandam calar a boca, e não apreciam ouvir as verdades. Esses são os ” democratas “.

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