Estilo de vida ou Visão da vida

Estava muito frio e o quarto escuro, acendi minha luz de leitura e constatei : eram 3:20 da manhã. Estava com uma dor de cabeça insuportável; como de costume, me posicionei me acomodando melhor, e pedi a Deus que me aliviasse aquela dor, em seguida peguei meu livro de reza em hebraico e orei durante 5 minutos; após ter feito isso tomei duas aspirinas de 500mg. Deitei-me novamente e dormi.

Pela manhã refleti o quanto esse costume tem sido freqüente em minha vida, até porque sofro de uma enxaqueca odiosa, e com freqüência surge a incômoda dorzinha que me acompanha há quase 30 anos. Mas o que mais me fez pensar, foi a ritualística quase que imperceptível dos meus atos, como que para ter eu acesso a aspirina, precisaria passar por Deus.

Não só nas pequenas coisas da vida temos que criar costumes, os hábitos saudáveis devem ser construídos passo a passo na formação da nossa imagem e na consolidação dos nossos princípios. No judaísmo a fé é acompanhada de ” obrigações” ( mitzvot ) que pouco interessa a quem as faz saber no fundo seu significado, sendo o mais importante fazer. Na minha reflexão matinal consegui enfim analisar o ponto nevrálgico da questão da fé e das obrigações que temos com Deus, impostas por Ele.

Na verdade há uma relação entre o espiritual e o material que se consolida pelo ato comissivo de fazer, e isso é claro na Bíblia ( torah). O fato de fazermos uma benção antes de comer ( como um costume também dos evangélicos), promove uma ” energização” aos alimentos, e nos dá um sentido maior ao ato de se alimentar.

Mas sem querer dar uma conotação religiosa ao texto, que não é o propósito desta reflexão, entendo ser de suma importância desenvolvermos certos hábitos físicos que se relacionam com o espiritual, e isso, de forma alguma tem a ver com a religião em si de cada pessoa. Um católico ou evangélico que descobrir ao ler no Antigo Testamento, as vantagens e o porquê de se usar barba, poderá incorporar esse hábito ao seu estilo de vida, e ainda por ter se aprofundado no assunto, levar uma conversa entre amigos na direção à Deus, do sagrado. Segundo a Torah, o sagrado Zôhar e o Arizal, não se deve cortar a barba.

Por mais que se possa achar estranho, usar barba é um mandamento, e isso no meu ponto de vista são valores bons que deveríamos incorporar em nossas vidas, e que não depende especificamente da fé que se professe. Estilo de vida significa valorizarmos nossas vidas com valores para nós sagrados, e que na sua essência, são propagadores de ações boas, que por sua vez levam mais pessoas a compactuarem desses ideais também as incorporando a suas vidas.

Nosso povo brasileiro carece de valores, nossos filhos precisam crescer num ambiente sadio, e as propostas para isso Deus já nos enviou, basta agora incorporá-las e vivencia-las, nada é fácil no início. Tampouco você precisa levar tempo para tomar sua aspirina, mas lembre-se que até uma dor de cabeça pode levar você a Deus. Obs. Só para não dizer que não falei sobre política no texto: ser patriota também é uma estilo de vida. ( risos..)

Fernando Rizzolo

Charge do Pater para A Tribuna