Uma apologia ao lucro do Bancos

No artigo da Folha de domingo só para assinantes “Os bancos e a Crise”, o Presidente da Febrabam, Fabio C Barbosa, faz uma verdadeira apologia sobre o lucro dos Bancos, insinua ele que uma economia para estar blindada tem que prestigiar acima de tudo a rentabilidade e o lucro dos Bancos. Ora, isso é uma piada, no Brasil os bancos lucram mais que nos EUA, somos um país pobre, o capital financeiro em face aos juros estratosféricos não é permeado à produção, e sim é a especulação, o Presidente afirma que “Daí os governos, em todos os países do mundo, se preocuparem em preservar sistemas bancários saudáveis, hígidos, rentáveis”, numa colocação defensiva dos lucros, da internacionalização financeira, e da especulação, mas o que não se fala é que o pobre agricultor, o pequeno empresário que via num Banco Estatal como o Banespa e outros um parceiro, isso já não existe mais, a pilhagem dos Bancos Estatais e a entrega dos mesmos aos internacionais, foi uma afronta ao pequeno comerciante, ao pequeno industrial que era contemplado com uma política bancária de empréstimo baseada no desenvolvimento da média e pequena indústria.

Itaú, Bradesco, Unibanco e Banco do Brasil são mais rentáveis que os maiores bancos dos Estados Unidos. Em um cálculo realizado pela consultoria Economática, esses quatro bancos ocupam os primeiros lugares em um ranking de rentabilidade que compara bancos dos EUA e do Brasil. O cálculo, realizado pelo economista Einar Rivero, mostra que a rentabilidade desses quatro bancos brasileiros no primeiro semestre de 2007 é quase o dobro dos norte-americanos no mesmo período. Enquanto os brasileiros tiveram, entre janeiro e junho, uma rentabilidade mediana de 14,55%, os americanos ficaram com 7,36%.

Cada vez mais os bancos estão lucrando às custas da escravidão do povo, que fica acorrentado pelos pés, mãos e pescoço às taxas de juros absurdas, caindo na ciranda do endividamento, da qual não consegue mais sair, pois em uma análise simples, é óbvio chegar a conclusão que ninguém consegue vencer um empréstimo de 24 meses com taxas anuais de 300% de juros, quando seu salário tem aumento real (quando tem) de menos de 10% ao ano. É triste, mas é a realidade, estamos presenciando o enriquecimento exagerado de alguns poucos a custa do empobrecimento exagerado de dezenas de milhões. Nas afirmações do Presidente podemos inferir que o importante para que a economia siga “em paz e blindada” é termos sim que prestigiar o lucro imoral dos Bancos no Brasil; é como se dissesse que se não for assim, garantindo o lucro dos banqueiros, os pobres sucumbirão.

Fernando Rizzolo

Tales Faria: “A vulgarização das representações do PSOL”

Está nos jornais que o PSOL entrou na quinta-feira (6) com a quarta representação contra o presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL). Desta vez, por causa de reportagens das revistas Veja e Época nas quais o ex-marido de uma assessora de Renan acusa o presidente do Senado de ter participado de um esquema de desvio e lavagem de dinheiro em ministérios comandados por seu partido.

por Tales Faria*

Está nos jornais que o PSOL entrou na quinta-feira (6) com a quarta representação contra o presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL). Desta vez, por causa de reportagens das revistas Veja e Época nas quais o ex-marido de uma assessora de Renan acusa o presidente do Senado de ter participado de um esquema de desvio e lavagem de dinheiro em ministérios comandados por seu partido.

Antes, o PSOL entrou com representação motivada por outra reportagem da revista Veja segundo a qual Renan teria promovido ações não identificadas dentro do governo para beneficiar a cervejaria Schincariol, que teria dívidas com o INSS, já que a empresa comprou uma fábrica de refrigerantes do deputado Olavo Calheiros, irmão de Renan.

Antes ainda, o PSOL entrou com outra representação, também tendo como base apenas uma reportagem da revista Veja acusando Renan de ter usado seu filho como laranja na comprta de uma rádio.

E, antes de tudo, teve a tal representação baseada em mais uma reportagem da revista Veja dizendo que a empreiteira Mendes junior pagava a pensão da filha do presidente do Senado com a jornalista Mônica Veloso

Do caso da Mônica Veloso resultou um processo no qual em nenhum momento se acusa mais Renan de ter usado a empreiteira para pagar a pensão. Quanto ao caso da Schincariol, não há um só senador que leve a sério; o caso da rádio também é cheio de imprecisões; e este último, do ex-marido da assessora, idem, idem… Mas não vou ficar aqui fazendo a defesa do presidente do Senado. Ele tem quem faça isso por ele.

Apenas estou achando curioso o papel do PSOL. O partido resolveu que bastou a Veja escrever qualquer coisa que a legenda vai entrar com representação no Conselho de Ética. É curioso ver a maneira como os jornais e a maioria dos comentaristas políticos tratam o tema co naturalidade.

Duvido que, em qualquer outro caso, concordassem com essa vulgarização de representações que o PSOL está promovendo. A ex-senadora Heloísa Helena (AL), o deputado Chico Alencar (RJ) e demais representantes do partido estariam sendo xingados de demagogos e, provavelmente, ia-se parar de noticiar suas representações.

Curiosos essse nossos tempos, em que parte da direita e da extrema esquerda resolvem fechar uma aliança…

*Tales Faria é jornalista e escreve no Blog dos Blogs, onde este comentário foi publicado originalmente.
Site do PC do B

Rizzolo: Já comentei várias vezes que acho esse comportamento do Psol “trotskista” muito estranho, aliança com a burguesia em determinadas circunstâncias é típica do Stalinismo e mesmo assim tem um sentido de avanço nos conquistas sociais, contudo, ao que tudo indica. o Psol faz uma aliança sem sentido apenas para “no vácuo” das denúncias vazias da Veja ter um pouco de notoriedade, e para se mostrar “ética” para a elite incauta. Fazer o jogo da direita para ser confundida com esta e ganhar uns “pontinhos” deve no mínimo fazer Trotsky se mexer no túmulo e ganhar talvez o arrepio da ala Morenista do PSTU. Coisa feia, hein !

Flávio Aguiar: “Os valores da nossa ‘élite'”

Em clima de feriadão, elaborei um decálogo para quem queira disputar espaço na “élite” nacional. Porque, convenhamos, elite mesmo é outra coisa, é Noel Rosa, Lupicínio Rodrigues, Eduardo das Neves, Santos Dumont, Bartolomeu de Gusmão, Chico Buarque, Chiquinha Gonzaga, Maísa, Elis Regina, Gilda de Mello e Souza, Tarsila do Amaral, Pagu, só pra começar…

Eu já escrevi alhures que o Brasil tem uma elite e uma “élite”. Nossa elite é formada por gente como José de Alencar, Machado de Assis, Maria Esther Bueno, Tostão, José Mindlin, Carvalho Pinto, Celso Furtado, Didi, Daiane dos Santos, Maria da Conceição Tavares, Luis Gonzaga Belluzzo, Raymundo Faoro, Antonio Candido, Chico de Oliveira, Abdias do Nascimento, Marilena Chauí, Anita Garibaldi, Sepé Tiaraju, Zumbi, Tiradentes, Maria Quitéria e por aí foi e vai por este Brasil afora e adentro.

Já a nossa “élite”… são aqueles que acham que são a nossa elite. Que detestam abrir a janela e dar com bananeiras ao invés de pinus eliótis. No máximo temos aqueles pinheiros recurvos e tronchos, em forma de taça. Detestam sair à rua e encontrar nosso povo com cara de povo e não uma paisagem de calendário impresso na Suíça.

Mas enfim, é a “élite” que temos.

Assim, imaginei alguns mandamentos para quem queria nela entrar.

1. Use frases como: “se este fosse um país minimamente sério…”, “se este fosse um país civilizado…”.

2. Não fale alto, mas esteja convencido de que você deve adorar transporte coletivo – na Europa, é claro. Porque aqui, quanto mais espaço pra carrão importado e menos pra corredor de ônibus, melhor.

3. Despreze tudo o que for nacional. E adore tomar vinho europeu de quinta categoria pagando os tubos na seção de importados.

4. Desenvolva urticária ao ouvir falar em “América Latina”, “Mercosul”, “Evo Morales”, “Hugo Chavez”. “América Latina” é coisa do tempo de “poncho e conga”, lembra? Sonhe com a Alca, acordos unilaterais com os Estados Unidos, e outras coisas assim elevadas. Quem sabe alguns bairros de S. Paulo e mais algumas ruas selecionadas no país poderiam ser admitidos na União Européia?

5. África, então, dá irisipela. Nem pensar. Governo Lula? Cruzes! Tome Engov.

6. Ache o fim do mundo as sacolas dos sacoleiros que vão ao Paraguai. Bom mesmo é saco de supermercado de Miami.

7. Só freqüente restaurante que não sirva caipirinha de pinga. Caipirinha, só caipiroska, mesmo que a vodka seja de oitava categoria.

8. Considere que “corrupção” é coisa de e para pobre. Se for nordestino e tiver a pele escura, melhor ainda. Tem até pesquisa acadêmica corroborando isso…

9. Suspire nostalgicamente pelo tempo em que empregada doméstica só podia pegar o elevador de serviço.

10. Não leia a Carta Maior. Nem o Correio da Cidadania. Nem a Revista do Brasil. Ou a Carta Capital. Ou o Brasil de Fato. Ou qualquer coisa semelhante. Se ler, é para desancar, chamar de chapa branca pra baixo. Imprensa, só a grande. Mesmo que esteja cada vez mais marrom.

E boa sorte. Inclua-nos fora disso, e aproxime-se pra lá.

Flávio Aguiar é professor de Literatura Brasileira na Universidade de São Paulo (USP) e editor da TV Carta Maior.
Site do PC do B

Rizzolo: Uma coisa vc pode fazer que a elite faz e faz muito, e eu abriria exceção: Ler o Blog do Rizzolo escondido, fumar charuto cubano Cohiba que é muito bom, vinhos pode ser uva Malbec argentino contanto que seja envelhecido em tonel de carvalho, e um tremendo esforço pra fazer cara simpática quando me encontra com os representantes da “elite”, empresários paulistas, tucanado, nos almoços em que sou convidado, afinal como convidado eles tem que me “engolir”, me cumprimentam com um sorriso meio de lado e me perguntam: Tudo bem ? e eu digo Mais ou menos ! ( risos….) Se quiser rir mais, leia As contradições da elite e o charuto cubano