Estudantes lutam em defesa da universidade pública

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A ocupação da reitoria da USP em repúdio ao ataque do governo de São Paulo à autonomia universitária e contra a progressiva degradação da qualidade do ensino surpreendeu pela ousadia e determinação dos estudantes que a lideraram. Lançando mão da “desobediência civil” como arma de pressão política, a ocupação conseguiu em poucos dias o que parecia impossível, depois de meses de tratativas e negociações infrutíferas.

O efeito arrebatador da ocupação sobre a consciência cívica da pacata comunidade universitária levou o governo estadual a recuar em suas intenções intervencionistas e forçou a reitora a acatar boa parte das demandas dos estudantes. Não se conseguiu tudo que se pretendia. A necessária unidade entre pesquisa e ensino, ameaçada pelas pressões das “empresas” interessadas em usufruir os polpudos recursos da Fapesp, permanece no limbo. Mesmo assim, as vitórias do movimento estudantil foram consideráveis.

Muito além das demandas específicas que detonaram o movimento, a ocupação da USP pôs a nu a crise da universidade brasileira. Tal como está, a universidade brasileira desagrada a todos.

Para os neoliberais, a universidade pública é um “luxo caro” que precisa justificar sua existência. Para tanto propõem subordiná-la às exigências do mercado. Por essa razão, ela vem sendo submetida a repetidas rodadas de ajustes fiscais e reformas liberalizantes.

Para quem imagina que a universidade pública é um patrimônio estratégico do povo brasileiro, sua capacidade de produzir conhecimento para o Brasil deve ser resgatada. Para tanto, ela precisa desesperadamente de recursos para sobreviver e, mais importante, carece de um projeto nacional que lhe dê sentido.

Ao colocar na agenda política nacional a defesa da Universidade Pública e a democratização de suas estruturas de poder, a ocupação da USP ganhou uma dimensão que extrapolou suas intenções iniciais, transformando-se numa espécie de bastião da luta em defesa da universidade pública, uma luta que tem uma história que se confunde com a própria afirmação do Brasil como sociedade nacional.

Para reprimir o despertar do movimento estudantil, as forças da ordem procuram caracterizar a ocupação da reitoria como um fenômeno artificial, dirigido por partidos de esquerda que manipulam a boa fé e a ingenuidade dos estudantes. É uma forma estúpida de ocultar a realidade.

Os estudantes que tomaram para si a responsabilidade que faltou a muitos são o produto de seu tempo: frustrados com o progressivo sucateamento das universidades públicas; indignados com o horizonte negativo que se lhes antepõe como futuro; profundamente descrentes na democracia do “mensalão” e das “navalhas”; desconfiados até mesmo em relação aos partidos de esquerda, que julgam conservadores e politiqueiros.

Goste-se ou não, o movimento é conduzido por estudantes generosos, dispostos ao sacrifício por uma causa coletiva, com muita coragem e pouca bagagem política, cansados da crise permanente da sociedade em que vivem e com muita pressa para resolver os graves problemas do Brasil. O forte eco de suas ações sobre o conjunto dos estudantes revela a grande efervescência e a enorme frustração latente nos universitários brasileiros.

Os estudantes que ocupam a reitoria da USP despertaram para a política. Logo aprenderão as duras lições da luta de classes numa sociedade intolerante com todo movimento que lança mão do conflito como forma legítima de conquista de direitos coletivos. Para os donos do poder, o conflito só é permitido, e com grande liberalidade, para a defesa do status quo.

É dever de todas as forças políticas comprometidas com a democracia evitar por todos os meios que os estudantes que se levantaram para defender a universidade pública sejam postos no pelourinho. Defender os estudantes que ocupam a reitoria da USP contra qualquer tipo de punição é defender a desobediência civil como forma legítima de luta quando todas as outras simplesmente não dão mais resultado.

Plínio de Arruda Sampaio Jr. é professor do Instituto de Economia da Universidade Estadual de Campinas (IE/UNICAMP).
Correio da Cidadania

Rizzolo: A manutenção do ensino público é essencial, como diz Plinio de Arruda Sampaio Jr. ” Para os neoliberais, a universidade pública é um “luxo caro” que precisa justificar sua existência. Para tanto propõem subordiná-la às exigências do mercado. Por essa razão, ela vem sendo submetida a repetidas rodadas de ajustes fiscais e reformas liberalizantes.”, hoje, a saúde pública e o ensino são ” bens de comércio “, os neoliberiais que detestam tudo que é público e amam e veneram tudo que ´” dá lucro ” querem destruir o ensino público, e principalmente as Universidades Públicas , para que de uma vez por todas ” possam cobrar sem serem incomodados mensalidades exorbitantes do pobre jovem brasileiro “, que além de não ter chance nem de obter seu nem seu primeiro emprego, tem que ainda se submeter aos ” donos de universidades ” que ganham dinheiro a custa do ensino e explorando estudantes.

Eu estudei na Universidade de São Paulo, e posso dizer que hoje a USP é uma das células pensantes da intelectualidade brasileira junto com outras inúmeras Universidades Públicas, é uma pena que PUC de São Paulo tranformou-se numa máquina de fazer dinheiro, a união da Igreja com Banqueiros, com intuito de “sanar problemas financeiros”, aumentou o controle das instituições financeiras na universidade brasileira, tornando os banqueiros, assim, sócios maiores dos capitalistas do ensino privado no país.

E existe até Universidades do exterior comprando Universidades privadas brasileiras, com dois intuitos , primeiro o porque a rentabilidade e o lucro máximo que existe é excelente, segundo a manipulação ideológica e intelectual é maravilhosa, podendo eles até sonegar informação tecnológica ao estudante brasileiro, transformando-o no futuro num ” longa manus ” e num papagaio do império lobotomizado. E tem gente do PSDB que representa interesses de Universidades do exterior. Atenção plena nesses camaradas, hein !

Câmara aprova R$ 5,2 bi para obras do PAC de habitação e saneamento

A Câmara dos Deputados aprovou, no dia 12, a medida provisória que abre crédito extraordinário de R$ 5,2 bilhões para União financiar obras de saneamento básico e habitação no Programa de Aceleração do Crescimento (PAC), através da Caixa Econômica Federal.

“A MP 347 do PAC fez uma preparação para a CEF estabelecer financiamento em áreas de habitação e saneamento básico. Mas, para que a preparação acontecesse, a Caixa precisaria de ter disponibilidade contábil de recursos e isso aconteceu com a edição da MP 365”, explicou o relator da matéria, deputado Colbert Martins (PMDB-BA), sobre a medida provisória aprovada anteriormente. Segundo o deputado, do ponto de vista contábil a Caixa dispõe dos recursos para financiamentos das obras inseridas no PAC. A MP segue agora para o Senado.
Hora do Povo

Rizzolo: Precismos investir muito em sanemento básico, principalmente nas cidades em que existe a proteção pela legislação de mananciais, e essa medida provisória vem de encontro a todo um trabalho que envolve questões até de saúde pública. Quanto à habitação , é um dos pilares do PAC, sendo o setor de construção civil um segmento de suma importância na geração de emprego e desenvolvimento.

Agora de nada adianta tudo isso, se continuarmos com a política tímida do Banco Central na manutenção desse patamar das taxas de juros e cambio, precisamos crescer, precismaos sim de cortes significativos na taxas de juros, e não apenas ajustes ” pra inglês ver ” ou pra deixar a esquerda ” menos falante “, o problema chama-se Brasil, e por trás dessa política de juros e cambio percersa existe sim outra questão, são os interesses internacionais em fazer segurar o crescimento e o desenvolvimento do nosso país, depois vem com aquela conversa de que ” temos receio da volta da inflação ” , usam a inflção como ameaça para satisfazer seus interesses espúrios, e continuar mantendo o Brasil como o paraíso da especulação.

Hoje no Estadão ( domingo ) , Paulo Skaf, Presidente da Fiesp, aborda exatamente essa questão dos juros e do cambio, é claro que crescimento requer reformas estruturais, mas acredito que a mais urgente do elenco de reformas é a reforma polítca, que o PSDB insiste em ” melar “. É impressionante como a direita faz o jogo do atraso !

Congresso em Berlim funda Partido da Esquerda Alemã

O congresso de fundação do Die Linke partei (Partido da Esquerda, em alemão) encerra-se neste sábado (16) em Berlim, capital da Alemanha. Assim, se formalizará a fusão das duas maiores formações políticas da esquerda alemã.

De um lado o PDS (Partido democrático socialista), com força eleitoral principalmente no leste da Alemanha e originado com base no antigo Partido Socialista Unificado, que dirigiu a experiência da República Democrática Alemã entre 1949 e 1990.

De outra parte está o WASG, cujo expoente é o ex-minstro Oskar Lafontaine, ala à esquerda que se desprendeu do SPD, o Partido social-democrata alemão, por ocasião da oposição de setores desse Partido às reformas do ex-premiê Gerard Schöreder.

Na mensagem enviada pela direção do PCdoB ao partido amigo, lê-se que “o surgimento do Partido da Esquerda na terra natal de Karl Marx, Rosa Luxemburgo e Olga Gutmann Benario Prestes, é motivo de atenção de nosso Partido, conscientes que seu surgimento na cena política alemã poderá resultar no fortalecimento da luta dos trabalhadores e do povo alemão por mais direitos, pelo progresso social e pelo socialismo”.

A mensagem dos comunistas brasileiros também lembra que “a recente reunião do G-8, realizada em seu país, foi expressão da busca, por parte dos países imperialistas, de renovar os meios de pilhagem dos países em desenvolvimento. Cinicamente, ao por em pauta o tema do aquecimento global no centro de sua agenda, o G-8 busca ludibriar a opinião pública internacional, extremamente sensível ao tema, ao mesmo tempo em que busca aprovar medidas que aprofundam as restrições ao desenvolvimento do sul do mundo”.

site do PC do B

Rizzolo: A esquerda alemã está se reorganizando e avançando, a vulnerabilidade da europa aumenta diante dos desígnios americanos de que com pretenções esdrúxulas tenta se apoderar de território de alguns países para instalação de misseis que visam apenas a Russia.

“Bush conseguiu unir contra ele conservadores e liberais”

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Reproduzimos abaixo entrevista do ator e diretor Danny Glover, feita pela jornalista cubana Rosa Miriam Elizalde, em Caracas

ROSA MIRIAM ELIZALDE*

Quase dois metros de estatura, a figura atlética e um vigor que nem remotamente se aproxima ao que esperamos encontrar em um homem que já completou os 60 anos. Ao escutá-lo falar, não duvidamos que estamos diante de um líder apaixonado pelos direitos civis nos Estados Unidos e um respeitado embaixador da boa vontade da UNICEF, que esteve em missões contra a pobreza no Egito, Haiti, Mali, Namíbia, Senegal e África do Sul, mas suas palavras não encaixam com o estereótipo de uma celebridade de Hollywood.

É difícil imaginar o policial de “Máquina Mortífera” e o marido violento de Cellie, a protagonista de “A Cor Púrpura”, encarnado no homem real que de pronto pede a palavra, humildemente, da platéia onde assiste às Jornadas Internacionais da TeleSul. Fala pouco e claro: “O tema do controle dos meios de comunicação e a participação democrática neles, não está na agenda de debate nos Estados Unidos. Meu governo sempre trata de aplacar qualquer tipo de resistência dentro e fora do meu país e essa postura tem um impacto direto nos meios de comunicação que promovem a guerra e a desinformação”.

Depois, o que queremos é conhecer melhor este ator e diretor de cinema norte-americano, que não dissimula sua simpatia pela Revolução bolivariana e cubana.

Com Danny Glover não existem formalidades, nem poses de estrela. Está como poderia estar qualquer um de nós, com jeans e um boné, só e meio perdido a um passo do Teatro Teresa Carreño, em Caracas, e simplesmente sorri e diz sim quando lhe peço esta entrevista.

Rosa – Porque Danny Glover é como é? Como foi educado?

Danny Glover – Sou herdeiro do movimento pelos direitos civis nos Estados Unidos, que surgiu no país depois da Segunda Guerra Mundial. Nasci com o impulso da transformação social que significou esse movimento, similar a outros que emergiram naquela época, como a defesa da identidade social, da liberdade nacional e a resistência ao colonialismo. Sou filho dessa experiência.

Desde jovem tratava de entender as circunstâncias que me rodeavam: a democratização da sociedade, a luta por justiça para os trabalhadores, a chegada da televisão, o ambiente liberal de São Francisco, a história recente do movimento operário nessa cidade, que herdamos…

Minha vida está marcada pelo grande líder do sindicato dos estivadores, Harry Bridges, um trabalhador imigrante australiano que organizou em 1934 uma greve que durou 83 dias e paralisou São Francisco. Ele conquistou, entre outras coisas, a incorporação dos estivadores afro-americanos ao trabalho nas docas. Bridges era socialista. São Francisco tinha um dinamismo social que posteriormente penetrou no resto do país.

Tudo isso me influenciou desde jovem e esse era o ambiente nas escolas onde estudei. Primeiro, em uma escola pública de São Francisco, logo no City College e, depois, em São Francisco State College, onde me envolvi ativamente no movimento “Black Power” e nas lutas do movimento estudantil. Por isso Danny Glover é como é.

R – Você foi um dos líderes da greve estudantil mais longa da história dos Estados Unidos. Porque organizaram a greve? Conquistaram o que queriam?

D G – Certo. Fui um dos líderes do “Black Student Union”, em 1968, a organização que obrigou a Universidade Estadual de São Francisco a constituir uma faculdade para os Estudos Étnicos. A greve que organizamos foi tão forte, que no verão de 1969 me acusaram de dirigir uma suposta conspiração para levantar motins. Posteriormente me declararam culpado de coisas mais leves, mas me processaram penalmente.

Me marcou para sempre a orientação comunitária que formou parte da experiência que tivemos na Universidade Estadual de São Francisco. O Black Panther Party (Partido Panteras Negras) também me marcou, como o movimento de solidariedade internacional.

Era a época da Guerra do Vietnã, do Che no Congo e na Bolívia. Não estávamos à margem do que ocorria fora dos Estados Unidos e líamos tudo: Marx, Mao, Julius Nyrere, Francis Nkrumah. Além dos estudos, pertencíamos a um grupo de estudantes que sentíamos que tínhamos uma missão a cumprir na sociedade. Não tínhamos nos matriculado para estudar comércio. Nosso propósito era utilizar a luta universitária para transformar nossa comunidade. Éramos negros, latinos, e brancos, membros ou não dos Panteras Negras e do movimento “Brown Berets, dos chicanos. Juntos nos declaramos em greve para incorporar ao currículo da universidade o centro de estudos étnicos. Exigíamos o estudo de nossa verdadeira história, conhecer e resgatar as contribuições dos negros, dos latinos, e dos pobres dos Estados Unidos. Também nos declaramos em greve em solidariedade aos estudantes parisienses de 1968.

Tivemos êxito. Conquistamos, com o grande apoio comunitário, a criação do primeiro centro de estudos étnicos dos Estados Unidos.

FAMÍLIA

R – Que influência teve a sua família na formação da sua perspectiva política?

D G – Meu pai, James Glover, era de Kansas City. Minha mãe, Carrie Hunley, da Geórgia rural. O fim da Segunda Guerra Mundial os levou a São Francisco e formaram parte dessa geração muito politizada pelos sindicatos. Eram empregados do Correio Nacional e membros do sindicato dos trabalhadores dos correios. Descobri a Revolução Cubana quando me inteirei de que o sindicato de meus pais a apoiava. O presidente do sindicato em São Francisco, David Johson, usava uma boina como a de Fidel. Dizíamos “Little Fidel” (pequeno Fidel). Isso me mostrou muito sobre o que estava havendo em Cuba.

Eu tinha só 8 anos quando aconteceu o boicote dos ônibus de Montgomery, Alabama, o movimento iniciado por Rosa Parks, a mulher que se negou a aceitar a segregação racista no transporte coletivo. Vi pela primeira vez os negros na televisão que se transformavam em verdadeiros instrumentos de troca. Posso dizer que as experiências definitivas de minha vida foram minha infância em Haight Ashbury, São Francisco, e meus pais, o sindicato, a luta estudantil. Sobre esse mundo se construiu minha consciência social.

O ALGODÃO

R – Como fez sua família para enfrentar uma sociedade profundamente discriminatória?

D G – Não podemos separar a vida particular do povo norte-americano de sua história. Nem tampouco a história do povo. Há um fato importantíssimo que quase nunca se leva em conta: a máquina para recolher algodão foi inventada em 1944. Até então, todo o algodão era colhido a mão, só em 1965 que 100% do algodão passou a ser recolhido a máquina. Significou uma transformação enorme nas vidas das pessoas que colhiam o algodão a mão.

Minha avó teve um pressentimento da importância dessa transformação e incorporou a palavra “educação” como parte essencial de seu vocabulário. Seus filhos foram à escola, caminhando dez milhas todos os dias e vestidos com roupas feitas de fronhas de travesseiros, mas foram à escola.

Minha mãe sempre me dizia que a questão central de sua infância havia sido não estar obrigada a colher algodão em setembro, como todas a mulheres da família. Foi nossa verdadeira “Declaração de Emancipação de todos os escravos”. Já a havia feito Abraham Lincoln, em 1863, mas foi significativo para os negros estadunidenses quando apareceu a máquina do algodão. Foi o marco da vida de minha mãe, seu imperativo moral. De alguma maneira isso a levou a participar no Conselho Nacional de Mulheres Negras e no sindicato de trabalhadores do correio.

R – O que mudou para um menino negro de hoje em relação ao que foi sua infância?

D G – Hoje não existe o racismo deslavado de ontem. Pelo menos não é tão óbvio. A segregação que tanto desumaniza não é tão aberta. É inegável que tivemos algumas vitórias. No entanto, 70% das crianças negras ainda estudam em escolas segregadas, mesmo depois do caso de Brown of Education, de 1954, que levou a Corte Suprema a declarar inconstitucional a segregação nas escolas.

Quando eu era criança, as escolas públicas da Califórnia estavam incluídas entre as 5% melhores da nação. Agora estão entre as piores. Na minha infância havia mais unidade entre os negros e outras minorias marginalizadas dentro da comunidade. Agora não é tão assim.

HOMENAGEM AOS ESPÍRITOS

R – Falemos do filme que você dedicará a Toussaint-Louverture, com a colaboração da Venezuela, que tem gerado tanta polêmica.

D G – A película narrará a vida do líder que inspirou a revolução dos escravos em 1791, da qual surgiria posteriormente o Haiti. É uma co-produção internacional, que ajudará o cinema venezuelano. O que for arrecadado com os ingressos do filme será utilizado para construir certa capacidade de produção cinematográfica na Venezuela. Uma relação de trabalho que ajudará a gerar empregos e ajudará as comunidades.

R – É verdade que este filme é também uma homenagem a sua bisavó?

D G – Minha bisavó nasceu em plena escravidão. O filme, se é uma homenagem a alguém, é a ela e a todos os espíritos que resistiram à opressão ao longo da História.

R – Que relação pode existir entre o Danny Glover de “Máquina Mortífera” e o de Toussaint-Louverture?

D G – É o mesmo Danny Glover, que sempre trata de fazer filmes com certo valor social. Não invalido nenhum de meus filmes. Todos são parte desse processo. “Máquina Mortífera” é único e especial, particularmente a segunda parte, que aborda o tema do apartheid. Não é por acaso que o governo da África do Sul o tenha censurado.

R – Tem alguma esperança de que finalmente o governo do seu país se retire do Iraque? Como pensa que terminará essa história?

D G – Sinto muita dor pelos milhões de iraquianos, cujas vidas têm sido afetadas por esta guerra desnecessária. Também pelas mais de 3 mil famílias estadunidenses que perderam absurdamente um ente querido. Não creio que a intervenção militar de Washington no Iraque acabe logo. Honestamente, não percebo uma transformação na política exterior do meu país no futuro próximo.

R – Na Jornada Internacional da TeleSul você falou da manipulação midiática da administração Bush e citou como exemplo que não havia informação sobre a proposta de Cuba de enviar médicos para atender aos afetados pelo furacão Katrina. Porque ocorreu isso?

D G – O Katrina abriu um precedente muito perigoso nos Estados Unidos. Veja o plano que o governo realizou como resposta à tragédia. Nova Orleans era uma cidade construída pelos pobres e os negros do país, profundamente marginalizados pelo governo e a infra-estrutura econômica da cidade. O Katrina chegou a uma cidade já marginalizada. A resposta do governo foi aproveitar-se da desestabilização que ocorreu depois do Katrina, que é filha dos problemas sociais que já existiam desde antes, agravados logicamente depois do desastre. Que fez o governo? Decidiu filtrar quem regressa ou não a Nova Orleans, e iniciar uma mudança na população que garanta à direita estadunidense exercer o controle político, cultural e social de uma região sumamente conflituosa para eles. É terrível.

O absurdo rechaço aos 1500 médicos cubanos com experiência em assistência à populações em situação de catástrofe reflete a falta de verdadeiro interesse para atender às necessidades dos negros e dos pobres da cidade. Não querem salvá-los, mas despojá-los do que for possível, desaparecer com eles, como está ocorrendo em Nova Orleans. Isto é uma mostra do que está ocorrendo em todas as cidades do país.

R – Você apóia John Edwards para presidente. Que tipo de presidente seria ele?

D G – Não sei, francamente, mas ao menos ele fala sobre algumas coisas que têm impacto em nossas vidas, como por exemplo as diferenças sociais nos Estados Unidos. Me interessa tudo que pudermos construir dentro e fora do Partido Democrata.

R – Como você avalia o lugar do presidente Bush na história dos Estados Unidos?

D G – Aconteceu um milagre. Hoje, os conservadores têm a mesma opinião sobre Bush que os liberais . Se deram conta de que quem dá crédito ao presidente e menciona seu nome, não fala de coisas que verdadeiramente valem a pena.

* É autora dos livros “Chaves Nuestro” e “Los Disidentes” (os dois com o também jornalista Luis Báez) e diretora de redação do site Cubadebate
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