O que há de tão terrível na idolatria?

por Tzvi Freeman

Por que o judaísmo é tão intolerante quanto à idolatria? Não estou falando de templos imensos com sacrifícios humanos. Mas sim, falo do idólatra civilizado, na privacidade de seu próprio lar. Com um emprego, família, hipoteca, que faz doações para o Fundo Mundial contra a Fome e o Greenpeace – e ao invés de um D’us, ele simplesmente tem dois ou três, ou mesmo várias dúzias, todos alinhados no painel do carro. Por que o judaísmo faz disso um pecado capital, exigindo a erradicação total da idolatria em cada canto do mundo? Desde que não prejudique ninguém, o que há de tão terrível?

Resposta:

Há muitas maneiras de se responder a isso, mas tomemos uma perspectiva histórica. Os historiadores concordam que nosso atual padrão ético origina-se na ética judaica. Sim, os gregos nos legaram as ciências naturais, a filosofia e a arte; os romanos nos deram estrutura governamental e engenharia; dos persas, temos a poesia e a astronomia; dos chineses, o papel, a impressão, a pólvora, acupuntura e mais filosofia, e assim por diante. Porém o fato histórico é que todas estas culturas (e todas as outras não citadas) apoiaram e até glorificaram atitudes e comportamentos que hoje em dia abominamos universalmente. Nos dias de hoje, se você se livrar dos filhos não desejados, praticar a pederastia, colocar seres humanos para se matarem uns aos outros por esporte, ignorar os direitos daqueles inferiores a você na pirâmide social e recusar-se a reconhecer qualquer responsabilidade social para com os pobres e os desabilitados, e mal consegue esperar para correr para a guerra contra o país vizinho, você é um bárbaro. Você teria sido um perfeito cidadão de Atenas ou Roma, mas hoje, nenhum clube o aceitaria.

De onde vêm estes valores? Existe somente uma fonte que os historiadores podem apontar: a Torá. E o mesmo ocorre com a educação universal e o ideal da paz no mundo.

Ora, isso dá a qualquer erudito um problema de monta para resolver. A História é geralmente vista como algo similar à uma floresta virgem e diversificada, onde uma coisa cresce a partir de outra. As sementes caem e brotam. As árvores ramificam e florescem, depois caem e nutrem cogumelos a partir de sua raiz apodrecida. Toda a vegetação e criaturas da floresta dividem o mesmo ar, água e solo, e nenhuma criatura pode subsistir isolada. Assim também, uma civilização se ergue do barro, ramifica-se, e cai para tornar-se o solo nutriente para a próxima. As idéias se transformam, numa perpétua metamorfose ao passarem pelos filtros das variadas culturas. Tudo o que é, já foi – e terminará por passar.

Tudo exceto os judeus. Totalmente fora de contexto, com uma ética que fez cada nação chamá-lo de louco e absurdo, totalmente radical, sempre fora do compasso. Definitivamente, não é parte desta floresta. E no fim, sua ética leva a melhor.

Faz-se necessária alguma explicação. Antes de mais nada, de onde eles tiraram estas idéias estranhas? E dizer-me que o Todo Poderoso os tirou da escravidão e ditou tudo para eles, não funciona. É verdade, mas não basta. Porque os seres humanos somente podem ouvir aquilo que já sabem. Precisava haver alguma coisa lá que chegou antes.

A resposta clássica é que certa vez, houve um homem chamado Avraham (Abraão), vindo de Ur, na Caldéia – a base original da civilização. Ele surgiu com este padrão através de seu próprio gênio independente. É claro que ser engenhoso, bravo e dissidente não bastava. Sua missão exigia também a tenacidade e a convicção para despertar uma geração que daria continuidade a esta idéia, nadando rio acima em situação de inferioridade perante a sociedade dominante. E então, por muitas eras, esta ética provou ser a espinha dorsal mais eficaz de uma sociedade sustentável.

Agora, diga-me, algum erudito racional realmente acredita neste cenário?

Na verdade, a versão apoiada pelo Talmud e descrita em detalhes pelo Rambam (Maimônides) é muito mais crível:

A ética que Avraham apresentou ao mundo já existia desde o início. A humanidade sabia que cada pessoa era feita à Divina imagem, que a vida tinha um propósito. Que o mundo era a obra de uma entidade celestial que desejava que dele cuidássemos, e que nos julgava segundo nossos méritos. Mesmo no tempo de Avraham, indivíduos isolados resistiam e pregavam isso a seus discípulos, como uma tradição desde Adam (Adão), Metushelach (Matusalém) e Nôach (Noé).

Mas estamos falando de seres humanos. Exatamente por causa da centelha Divina dentro de si, o humano é também a criatura selvagem e louca que busca a abordagem de vida mais bizarra, capaz e pronto a fazer qualquer coisa. Assim, a sociedade humana em geral abandonou o padrão original de Adam por “aquilo que a faz sentir-se bem.” A lei tornou-se nada mais que uma forma de o rei governar seu povo. A ética passou a ser nada mais que o costume que fosse mais confortável para a maioria das pessoas. A única medida do valor de uma vida humana era o grau de poder que a pessoa tinha. E o mundo natural era visto como um local sem valor, não valendo a pena investir em nada além daquilo que produzisse alimentos e poder sobre os outros.

Avraham não precisou começar com a humanidade a partir do zero. Ele tinha apenas que resgatar aquela ética original. Mas ele também redescobriu – e ele o fez por si mesmo – a base que tornou aquela ética sustentável: o Monoteísmo. Mais especificamente: a providência monoteísta. Para simplificar: todo adulto e criança deve saber que há um Único Criador de todas as coisas, que Se importa com aquilo que você está fazendo com Seu mundo.

Por que o monoteísmo e a providência são tão essenciais?

Voltemos à história novamente, segundo as fontes judaicas tradicionais:

Os predecessores de Avraham também sabiam do D’us Único, Criador do céu e da terra. Porém eles entendiam D’us como sendo sublime e transcendente demais para estar ocupado com este mundo profano e suas criaturas. Eles começaram a fazer pouco de Sua providência, afirmando que poderes secundários, de Seu mandato, tinham sido concedidos como uma parte do domínio. Chegaram ao ponto de construir templos, onde concentravam suas mentes na dinâmica destas forças, atingindo alturas espirituais e poder místico. Por fim, a sabedoria deu lugar ao charlatanismo, conforme os sacerdotes diziam às massas que uma determinada estrela, deus ou deusa tinha falado com eles, ordenando-lhes que servissem a ele ou ela de uma certa maneira. Os governantes acharam que uma boa mistura de conhecimento secreto e uma mitologia conveniente poderia ser um instrumento de poder sobre o populacho; que controlando o fluxo de conhecimento, seriam capazes de manter o povo em respeito e obediência.

Foi aí que Avraham divergiu. Ele enxergou através da ordem estabelecida com sua hierarquia de conhecimento e poder, e ponderou que esta era a origem de todo o mal. Viu até o fundo disso: enquanto D’us estivesse “lá em cima” e tudo o mais fosse visto como num plano descendente, mais e mais distante de Seu domínio, este mal continuaria.

Dentro deste paradigma, a vida humana perde seu valor essencial. Você, como indivíduo, não conta mais. Tudo que importa é quão alto você está na escala. Não somente os direitos humanos, como também o avanço da tecnologia é atrasado – pela necessidade da classe dominante de manter as massas trabalhando. Todo o progresso é dar ainda mais poder ao poderoso. A saúde pública, a previdência e a educação são um despropósito. Portanto, Avraham desafiou aquela hierarquia. Ele ensinou cada pessoa a invocar o nome do Único D’us dos céus e da terra, que julga igualmente os atos de todos os homens, desde o rei mais importante até o servo mais humilde. Ao colocar o D’us original de volta no mundo, Avraham recriou a “pessoa” – um ser humano que tem valor apenas por estar aqui.

Dentro do antigo padrão, a ética não tem uma base para se firmar. Se você não gosta daquilo que um deus exige de você, vai procurar outro deus que seja mais a seu gosto. Ou você molda estes deuses, enganando-os ou subornando-os, como eles mesmos estão acostumados a fazer um com o outro. Afinal, nenhum deles é supremo, nenhum é todo poderoso. Portanto, tudo é justificável. Então, Avraham destruiu os ídolos. Como existe somente um D’us, que supervisiona todas as coisas, a moralidade deixou de ser relativa. Todas as éticas são determinadas não pelo fluxo da conveniência social, mas por Seu padrão intransigente.

Sem a base de Avraham para a ética, a sociedade não tem estabilidade. Qualquer instituição poderia ser abalada até os alicerces, modificando as circunstâncias e os caprichos da vontade humana. Na Grécia Antiga, a instituição do casamento chegou à beira do colapso, devido às preferências pelo mesmo sexo, enquanto que em Roma, a unidade da família foi gradualmente desmantelada pela promiscuidade. As instituições que deveriam ter nutrido a espiritualidade humana em muitas sociedades tornou-se corrupta em orgias sangrentas e na veneração aos sentidos. Em muitos exemplos, tais como oriente, com nenhum senso de responsabilidade social, permitiu-se que a pobreza crescesse em proporções incontroláveis, com imensa concentração de poder. Em nossa época, com a origem das espécies atribuída aos místicos deuses do acaso e da lei natural, foram cometidos os mais horrendos crimes contra a humanidade, e a própria biosfera está ameaçada. Somente quando os edifícios da sociedade se erguerem sobre o alicerce sólido Daquele que Criou Tudo em Primeira Mão, uma sociedade sustentável poderá desenvolver-se.

A bem da verdade, a mensagem de Avraham também começou a perigar com o tempo. Não foi senão até que a providência monoteísta transcendesse o reino das idéias e se tornasse a real experiência de vida de um povo, que foi realmente capaz de prevalecer. E é exatamente isso que aconteceu no Monte Sinai, quando os descendentes de Avraham ficaram face a face com as ordens de agir diretamente vindas do Alto. O conceito da “mitsvá” entrou no mundo – algo que você faz porque D’us assim o deseja. E esta base tem se provado para sempre resistente.

Quanto ao restante das nações, como escreve o Rambam, elas também receberam ordens no Monte Sinai – de cumprirem as sete mitsvot de Adão e Nôach, que incluem a proibição contra o politeísmo.

Hoje, estamos testemunhando os mais dramáticos resultados da estratégia de Avraham em ação: nosso progresso nos últimos 500 anos, até chegar à atual habilitação do consumidor com a tecnologia e a informação, somente tornou-se possível através do despertar desta ética. Em um mundo politeísta, isso jamais teria ocorrido. Foi somente depois que o povo da Europa começou de fato a ler a bíblia e a debater o que ela tinha para lhes dizer, que os conceitos de direitos humanos, responsabilidade social, o valor da vida e por fim o ideal da paz mundial tiveram seu lugar no progresso da civilização. E somente um mundo assim poderia ter desenvolvido a educação e a saúde públicas, a pensão de aposentadoria, os telefones, máquinas de fax, computadores, a Internet, o design ambiental e o desarmamento nuclear.

Estamos muito envolvidos para reconhecermos isso; o cobertor das trevas que resiste lutando até seu último alento preocupa nossas mentes. Porém se pudéssemos viajar de volta no tempo e descrever ao judeu das eras passadas o mundo que temos hoje em dia – um mundo que valoriza a vida, a paz mundial, os direitos individuais, a liberdade de expressão, o estudo, o saber e a compaixão por aqueles que possuem menos – aquele judeu sem dúvida responderia de olhos arregalados: “Quer dizer, são os dias de Mashiach?”

Um tempo que começou quando um jovem na Suméria pegou um martelo e esmagou os ídolos na casa de seu pai.

Leitura complementar: A versão judaica da história está espalhada por todo o Talmud, mas um completo esboço está na abertura de Maimônides, Leis da Idolatria. Esta é uma leitura essencial, como também a palestra do Lubavitcher Rebe que ilumina aquele esboço, apresentada em Licutei Sichot, vol. 20, pág. 13-24.
Fonte: site do Beit Chabad

Tenha um sábado de paz !

Fernando Rizzolo

Do alto do prédio, olhando o mar

Do alto do prédio eu conseguia avistar a imensidão do mar. Bem à direita, podia-se ouvir o som da água banhando as rochas e seu borbulhar. Cheiro de sal, de mar, de praia, nem precisava descer; dali do alto eu sentia a grandeza, a magnitude da natureza. Certa vez ouvi um rabino dizer que a maior prova da bondade e sabedoria divina era Deus ter programado o mar para acabar exatamente na praia. Como sabia ele que dali para frente deveria ser reservado para os homens e seres vivos terrestres? Isso ficou marcado durante muitos anos na minha mente, e sempre que caminho na praia, ao lado do mar, com os pés resfriados pelas águas que exalam sal, penso nisso. Quanta grandeza e sabedoria divina..

Crer em algo superior, apenas pela observação de sua obra, é uma forma de oração. Quando somos capazes de reconhecer a complexidade na formação de todos os seres, vemos Deus. O primeiro filósofo a afirmar tal conceito talvez tenha sido o grande Baruch Spinoza, que acabou pagando caro por essas ideias. A comunidade judaica, na época de Spinoza, não aceitava seus dogmas. Depois, é claro, fizeram um juízo de retratação e enfim entenderam a grandiosidade de seu pensamento.

Mas por que, daqui de cima do prédio ao ver o mar, me lembrei de Spinoza, da linda interpretação do rabino em relação ao mar, ou das minhas caminhadas de reflexão pela praia? Talvez seja pelo contraponto entre a minha visão religiosa e as afirmações científicas vazias, imaginárias, que por mais das vezes refutam a crença. Tais afirmações científicas, no entanto, acabam desembocando, quase manhosas, nos braços de Deus, pois, de fato, chega-se a um ponto em que a explicação científica termina e o conhecimento entra no território do inexplicável, este vácuo povoado durante milênios pelos interpretadores da graça do poder divino do nosso criador, que pode ser chamado de Deus.

Observar, ler e entender sempre foi o meu destino, mania essa danada que já me roubou noites de reflexão sobre os pobres, a sociedade, Deus, a injustiça, e os desmandos dos tiranos. Ler sobre tudo enriquece a alma como já dizia meu avô, e quando me ponho a ler artigos científicos, aí sim, o conflito se estabelece. Diz a manchete de uma revista jogada no sofá: “Cientista britânico Stephen Hawking afirma em seu novo e inédito livro que a física moderna descarta a religião na origem do Universo”. Descansei ontem meu olhos durante alguns minutos em ler a matéria da tal revista, senti pena de Deus e mais ainda de Stephen e suas apologias. Mas, como não discuto futebol nem religião e tenho preguiça científica de absorver teorias que no final abraçam o inexplicável, volto ao velho terraço, vendo esse mar imenso, imaginando a grandeza dos seres, e, de forma discreta, penso que a ciência avança, mas o mar recua, apontando a certeza de que o inexplicável nos joga sempre nos braços de Deus.

Fernando Rizzolo

Os Mineiros Estão Livres

*Por Nechemia Schusterman

Estou aqui sentado, ouvindo as noticias, sobre os mineiros chilenos sendo resgatados um a um. A caminho da escola esta manhã, eram entre dez ou onze. Agora escuto os aplausos enquanto surge o de número doze, como fizeram os anteriores, alegre, animado e saudável.

Realmente um milagre. Lembro-me há alguns meses, 69 dias para ser exato, quando a mina desabou, pensando comigo mesmo: que horror, que tragédia. Então, algumas semanas depois quando descobriram que ainda estavam vivos. Fiquei surpreso pelo aparente milagre, mas especialmente pelo tremendo desafio que ainda viria pela frente – continuar vivo, ficar alerta, permanecer forte até que a equipe de resgate pudesse criar uma maneira de tirá-los dali.

Que situação assustadora! Ficar preso num pequeno espaço, por um período indefinido de tempo. A claustrofobia, o medo do desconhecido, dividindo minúsculas porções de comida e fazendo-a durar ao máximo para que pudessem sobreviver. Na época perguntei-me se eu conseguiria fazer isso.

Com o passar do tempo, começaram os esforços para o resgate, importando especialistas de todas as partes do mundo – médicos, engenheiros, psicólogos, a lista continua. Era uma missão com problemas nunca antes enfrentados, cada contingência precisava ser bem planejada.

Quando conseguiram abrir um tunel suficientemente largo, puderam enviar comida, remédios, câmeras e outros artigos necessários para manter os mineiros. Eu posso estar errado sobre isso, mas não creio que eles estivessem tomando pílulas o dia inteiro para lutar contra a depressão.

Como, continuei perguntando a mim mesmo, eles estão conseguindo?

Somente as próximas semanas e meses irão confirmar, mas baseado nos relatos da imprensa, acredito no seguinte: dois ingredientes-chave (aqueles que nossa fé também exige de nós) foram empregados com força total.

Ingrediente Um: Eles tinham um severo regime de regras e regulamentos que todos obedeciam. Cada qual era forçado a entender que o futuro de cada um dependia dos outros. Não havia isso de “cada qual por si mesmo”. Eles dividiram a comida numa maneira simples para assegurar que todos comessem. Tinham um estrito regime de exercícios ao qual todos tinham de aderir, para que pudessem permanecer sãos e estar no tamanho certo para caber na cápsula de resgate. Precisavam um do outro. Precisavam se entender e trabalhar como uma equipe para conseguir fazer o trabalho. Eram responsáveis uns pelos outros.

Como rabino, muitas vezes me perguntam por que há tantas leis no Judaísmo. Por que o Judaísmo não é mais fácil e menos restritivo? Essa história fornece uma resposta perfeita. A vida é como uma jornada rumo ao supremo resgate. Se fizermos tudo que nos agrada sem consideração de uns pelos outros, embora temporariamente possamos nos sentir livres, terminaríamos derrotados pelo próprio egoísmo, e jamais sairíamos da nossa caverna. As regras da Torá não estão aqui para nos restringir, mas para nos guiar através do labirinto das cavernas da vida e das minas desabadas. Elas são a solução, não o problema.

Ingrediente Dois: Nossa responsabilidade mútua uns com os outros. No Judaísmo é chamada Ahavat Yisrael. Como está escrito na Ética dos Pais (1:14): “Se eu não for por mim, quem será por mim? E se eu for apenas por mim, o que sou eu?” Somos todos responsáveis uns pelos outros, e a história dos mineiros destacou isso perfeitamente. Para que o resgate fosse bem-sucedido, eles tiveram de trabalhar como uma equipe.

O Rebe, Rabi Menachem Mendel Schneerson, de abençoada memória, certa vez comparou nossa mútua interdependência a uma missão no espaço: se um astronauta deseja acender um cigarro, ele simplesmente não pode fazê-lo. Suas ações egoístas arriscariam a vida de todos.

Assim também em nossas vidas – a vida de cada pessoa depende do outro. Às vezes isso é óbvio, como se viu no Chile, e às vezes precisamos cavar um pouco para sentir e saber disso. Mas é sempre verdadeiro.

Fonte: Site do Beit Chabad

Tenha um sábado de paz !

Fernando Rizzolo

Moralidade: A etiqueta da alma

*Por Rabino Chefe da Inglaterra, Professor Dr. Jonathan Sacks

Um breve passeio pela Internet revela que há Sociedades para a Proteção dos Animais, pássaros, plantas, crianças, edifícios antigos, lagos alpinos, florestas em New Hampshire e direitos autorais mecânicos. Existe até – e a saúdo como uma causa nobre – uma Sociedade de Proteção do Apóstrofo, dedicada a preservar o uso correto desta marca de pontuacão tão abusada. Insisto portanto na criação de uma Sociedade para a Proteção da Educação. É uma virtude seriamente ameaçada.

Já perdi a conta do número de pessoas visíveis ao público que são pagas, na verdade, para ser rudes. Há o entrevistador que, ao receber uma resposta, diz: “Retira isso”, e a anfitriã de um programa de perguntas e respostas que se revela no título: “Rainha da Maldade”. Há o apresentador no programa de debate moral que se especializa em mandar farpas ridicularizando qualquer um que ouse discordar dele; as estrelas que ganham fama por meio de obscenidade e blasfêmia calculadas; os heróis do futebol que chutam ou praguejam numa fúria coreografada; o jornalista famoso por sua habilidade em depreciar as modelos desse ano; e a supermodel conhecida por atirar excentricidades. A lista é interminável e desalentadora.

Não há muito a dizer sobre ser rude. Houve um tempo em que era preciso coragem para desafiar as convenções, mas agora não sobraram convenções para desafiar. Beethoven era famoso por ser descortês de tempos em tempos, mas ele tinha outras alegações à fama. Costumava haver uma arte do insulto elegante. Lady Astor ganhou reputação por ter dito a Winston Churchill: “Se você fosse meu marido, eu envenenaria seu café.” E Churchill respondeu: “Se você fosse minha mulher, eu o beberia com prazer.” Os insultos atuais, porém, estão mais perto da grosseria que da inteligência. As crianças adoram chocar e ser chocadas, mas não somos uma sociedade de crianças.

Em resumo, ser rude é ser grosseiro. Não há nada a dizer em sua defesa. É uma forma de ataque verbal, de depreciar, uma humilhação deliberada do outro. Por que tem aumentado. A melhor resposta foi dada pelo filósofo Alasdair MacIntyre. Houve uma época, diz ele, em que partilhávamos uma linguagem moral. Acreditávamos em certo e errado objetivos. Quando se chegava a um desacordo, as pessoas sabiam que tinham de argumentar em causa própria. Hoje acreditamos (erradamente) que a moralidade é subjetiva, qualquer que seja a que escolhemos. Ocorre então que não há argumento além da mera afirmação da própria opinião. A voz mais alta, mais aguda e mais rude sai ganhando.

É por isso que a civilização ainda importa. Aquelas virtudes há muito esquecidas – gentileza, cortesia, tato, contenção, e disposição para ouvir outro ponto de vista – significam que aqueles que as praticam levam as outras pessoas a sério. Não infligem sofrimento propositadamente. Acreditam que a verdade é mais importante que vencer um debate; que a sensibilidade aos sentimentos dos outros não é fraqueza, mas força. Por mais estranho que pareça, são os entrevistadores mais gentis, não os agressivos, que conseguem as respostas mais reveladoras. O talento vence as partidas, não a força bruta. Dar ao interlocutor uma atenção e ouvi-lo com justiça é a única maneira de vencer uma discussão e manter um amigo.

“Um tolo”, diz o Livro de Provérbios, “adora exibir as próprias opiniões.” Em contraste, “A língua que traz cura é uma árvore da vida.” Ou para citar o filósofo francês André Comte-Sponville, “Boas maneiras precedem e preparam o caminho para as boas ações. A moralidade é como a educação da alma, uma etiqueta da vida interior.” Somente aqueles que são pequenos fazem outros se sentir pequenos. A educação é o reconhecimento de que somos tão grandes quanto permitimos que outras pessoas o sejam.

fonte: site do beit chabad
Tenha um sábado de paz !

Fernando Rizzolo

Judaísmo e Vegetarianismo

*por Baruch S. Davidson

As leis da dieta casher eliminam camarão, toucinho, cheeseburguers e lagosta, porém a carne comum não faz parte da lista de “nãos” da Torá – se preparada de acordo com certas orientações. Para o melhor e para o pior, a carne inegavelmente é um dos itens favoritos do menu casher. É bom? Vamos dar uma olhada.

A História

Quando da sua criação, Adam, o primeiro homem, é ensinado por D’us os caminhos do mundo: “Veja, Eu te dei toda erva com semente que está sobre a superfície da terra e toda árvore que dá frutos; serão tuas para alimento.1 Semente, erva, árvore e fruto – sim – qualquer outra coisa – não.

Vários capítulos depois (e cerca de 1600 anos) mais tarde, quando sobreviveu à devastação do Dilúvio, Nôach sai da Arca, e ouve do Todo Poderoso: “Todo ser que se move será teu para comer; como a vegetação verde, Eu te dei tudo.”2 Sua dieta agora inclui também a carne.

Poderia parecer que o plano original (e ideias) de D’us era que não podemos comer carne.3 Um problema com essa abordagem é que muitas declarações na Torá implicam que comer carne é ideal e encorajado, por exemplo em honra ao Shabat e feriados.4

E daí? D’us preferiria que fôssemos vegetarianos como Adam ou carnívoros como Nôach?

A Abordagem Filosófica – Distinção de Responsabilidade

O filósofo do Século XV Rabino Yosef Albo, autor de Sefer Halkarim (“O Livro dos Princípios”), entende as instruções de D’us a Adam como uma implicação de que o lano Divino original era que o homem se abstivesse de matar e comer carne. Sob essa visão, a matança de animais é um ato cruel e furioso, o que impregna esses traços negativos no caráter humano; além dissom a carne de determinados animais embrutece o coração e mata sua sensibilidade espiritual.

As pessoas das primeiras gerações entenderam isto equivocadamente, no entanto, como significando que humanos e animais eram iguais, com expectativas e padrões iguais. Isso levou à degeneração da sociedade em violência e corrupção; pois se o ser humano nada mais é que um outro animal, então matar um homem é equivalente a matar um animal. Foi essa atitude e comportamento que levou D’us a purificar o mundo com o Dilúvio.

Após o Dilúvio, D’us estabeleceu uma nova ordem mundial. As pessoas precisavam reconhecer as obrigações morais e o Divino propósito confiado à humanidade. Para deixar isso claro, D’us disse a Nôach que a humanidade pode e deve comer a carne de animais. Nosso domínio sobre os animais destaca nossa superioridade e nos lembra que estamos encarregados com Divina responsabilidade de aperfeiçoar o mundo. Para minimizar seus efeitos negativos sobre os seres humanos, quando a Torá foi outorgada D’us proibiu a carne daqueles animais que têm uma influência nagativa sobre a alma.

(O homem é realmente mais importante que o animal? Se é assim, como ele é infundido com energia ao comê-lo? Veja Nota 5.)

Segundo essa abordagem, comer carne não é bom, mas serve a uma funcão muito importante.

A Abordagem Cabalística – Perfeição Cósmica

Embora alguns questionem o direito do homem de matar um animal para encher o estômago, o grande místico do Século XVI, Rabi Isaac Luria, questiona o direito de o homem consumir qualquer organismo para sua auto-preservação. Se tudo no mundo foi criado deliberadamente por D’us, por que o seu sangue é mais vermelho que a existência proposital de um tomate? E a resposta é … não é. Aquele que come apenas para satisfazer seus desejos egoístas engoliu a vida significativa de um vegetal sem desculpas. “Não é justo!” grita a planta indefesa.

Por outro lado, quando comemos com a intenção de usar a energia para ampliar nosso serviço humano a D’us, elevamos o alimento. Quando a pessoa realiza um ato Divino – um ato que transcende a naturexa da pessoa – o alimento que ele come é elevado juntamente com ele, é é reunido com sua fonte Divina.5

Porém há uma diferença entre alimentos animais e vegetais. Para os iniciantes, você não pode viver sem pão. Se você apenas comer pão quando você estiver pronto para elevá-lo, poderia morrer de fome e jamas ter outra chance para tentar de novo. Portanto não podemos restringir a ingestão de pão àqueles voltados para o espírito. Além disso, quando se come alimentos simples e necessários como o pão, é mais fácil manter uma perspectiva proposital. Porém carne é um luxo. E a indulgência com esse luxo torna a pessoa mais materialista do que era antes de comer. Portanto a pessoa deveria apenas comer carne se for capaz de realizar mais com a carne do que poderia com os vegetais. Uma maneira de fazer nossa ingestão de carne valer a pena é elevar não somente seus componentes físicos, como também elevar seu fator de prazer. Se você puder fazer isso, levou a si mesmo e o seu almoço a maiores alturas espirituais e sensibilidade do que consegue atingir comendo couve. Por outro lado, se não puder, está se arrastando – e ao animal – a um plano mais materialista.6

Por que somente o mundo pós-Dilúvio pode aceitar o desafio da carne?

A raça humana de Adam até Nôach tinha o potencial e força para comer o indispensável à sobrevivência básica, com a intenção de levar um vida com propósito, e assim o homem e o alimento teriam atingido seu objetivo. Porém comer carne exige muito mais que isto. A carne, com suas propriedades que induzem ao prazer, naturalmente leva a pessoa na direção da luxúria materialista. Elevar a carne exige a capacidade de elevar-se acima da ordem natural, de levar vida nova e altruísta a algo que naturalmente é a incorporação do materialismo e da auto-indulgência. A humanidade pre-Dilúvio e a carne pre-Dilúvio não permitiam isso.

Nôach saiu da Arca para um mundo diferente; um mundo onde tudo tem a habilidade criativa de ir além do seu estado natural de ser e assumir uma identidade muito maior. Uma nova era de potencial terreno nasceu.7 O mundo era agora um local onde o homem podia elevar a própria natureza dos componentes terrenos a alturas sobrenaturais – e elevar até seu poder de sedução e prazer também. Agora o homem recebeu a capacidade de comer até carne e elevar sua energia.8

Mesmo para nós, purificados pelo Dilúvio, comer carne não é um feito simples. Antes de mergulhar seus dentes naquele bife, aqui estão algumas coisas para ter em mente. Os Sábios declararam que uma pessoa de mente vazia não tem direito de comer carne.9 Eles também ensinaram a nunca comer carne por fome; primeiro satisfazer a fome com pão.10 (Num estômago vazio, é muito difícil se concentrar em outra coisa que não seja rechear a cara.) Somente quando estiver “comendo pensativamente”, concentrando-se em nossa Divina missão, estamos fazendo mais pelo animal do que o animal está fazendo por nós.

Segundo essa abordagem, pode ser cruel não comer carne, porque fazer isto rouba ao animal a chance de servir a um propósito mais elevado.

Não tenha medo. Reflita e concentre-se; cabe a você completar o plano Divino universal. Bon Appetit!
Fonte: site do Beit Chabad

Tenham um sábado de paz !

Fernando Rizzolo

Da Antiga Janela para a Diversidade

O ar era sempre quente, abafado, e da janela do meu quarto, do nosso apartamento na cidade de Santos, onde costumávamos passar as férias, eu tinha a visão da praia, que, aos olhos de um menino de 8 anos, era imensa. O cheiro da esteira, de um antigo colchão de palha que ficava na despensa, misturava-se com o odor de areia e sal que ficavam num baldinho, desses que as crianças brincam na praia. Isso tudo me dava uma sensação de alegria ingênua, típica daquelas férias em Santos.

Na minha lembrança daqueles momentos, sempre me vem à mente a imagem de uma pessoa, que, além de ser uma espécie de babá, cozinheira e doméstica, era, acima de tudo, uma amiga. Como meus pais passavam boa parte do tempo fora da cidade, eu recebia os cuidados dessa negra alta, forte e de fala macia chamada Nair. Nair era mineira, daquelas bem negras, e trazia consigo certos costumes, que eu, por conviver diariamente com ela, tentava decifrar de forma curiosa, em comparação com a cultura religiosa que recebia dos meus pais.

Talvez impulsionado pela curiosidade exótica de suas histórias e pelo carinho e dedicação que ela tinha por mim, eu ficava horas ouvindo seus contos recheados da cultura negra, pouco conhecidos na época. Nair tinha nascido numa cidade pequena do estado de Minas Gerais, onde a maioria era composta de negros descendentes de escravos, um tipo de quilombo. O que mais me fascinava entre vários costumes seus naqueles dias de praia era o de levantar-se cedo, muito cedo, e ir fazer uma oferenda a Iemanjá.

Certa vez, fiquei observando-a ir à praia da sacada lateral do prédio, em cima de um pequeno banquinho. Como num ritual, lá ia Nair toda de branco, caminhando a passos lentos pela areia, acenando para mim. Meus olhos de menino a acompanhavam de cima meio assustados, encantados e torcendo pela aparição da “santa do mar”, de quem tanto ouvia Nair falar. As velas na praia, o cheiro da palha, da areia e do sal, tudo isso me fazia lembrar as histórias dos santos e embriagava minha imaginação, causando em mim uma grande sensação de paz. Era maravilhosa a diferença entre a minha cultura e a de Nair.

O tempo passou, fui crescendo, e até meus 20 anos lá estava Nair ao nosso lado. Doze longos anos de cultura, história, convivência, risos, respeito às diferenças me fizeram relembrar e relacionar, com imenso prazer, praia à cultura negra, ao misticismo afro-brasileiro e ao carinho e à docilidade do povo negro. Por isso, todo dia 13 de maio, ou quando ouço a música Meu Pai Oxalá, lembro da Nair, da escravidão, das histórias, das lições e curiosidades sobre os santos, das nossas risadas sem razão, dos contos mal-assombrados, do cheiro de sal e, sobretudo, da cultura afro-brasileira.

Cresci e nunca mais soube da Nair, mas a antiga janela do prédio ainda está lá e o menino que um dia seguia sua amiga com olhos maravilhados vê sempre, nos negros de hoje, um pouco do sorriso alegre da querida Nair, caminhando em direção à praia, com uma vela na mão, acenando pra mim.

Fernando Rizzolo

Ignorando D’us

*por Dennis Prager

O povo que trouxe D’us ao mundo não tem muito a ver com Ele.

Talvez o aspecto mais triste da vida judaica moderna seja o quão desimportante é D’us para a maioria dos judeus. Os motivos para isso incluem: os judeus identificam religião com perseguição e secularismo com liberdade; os judeus são o grupo étnico mais elevadamente instruído nos Estados Unidos e portanto secularmente influenciado, do jardim de infância à universidade. Seja qual for o motivo, o fato é que D’us desempenha um papel pequeno em suas vidas. Isso é simplesmente catastrófico – para os judeus coletivamente, para os judeus individualmente, e para o mundo.

É terrível para os judeus individualmente, porque não há motivos seculares obrigatórios para o povo judeu sobreviver, somente os religiosos. É por isso que, em geral, os judeus religiosos estão mais comprometidos com a sobrevivência judaica. Um exemplo recente: durante o auge do terror palestino, enquanto as organizações judaicas seculares cancelaram suas excursões de jovens a Israel, os ortodoxos não o fizeram.

É uma tragédia para os judeus individualmente, pois sem D’us na vida da pessoa, seu senso de propósito e nível de felicidade são dramaticamente afetados. Os seres humanos são ligados ao transcendente, e as crianças, em especial, sofrem com a ausência de D’us em sua vida.

O mundo também paga um preço. Há um número desproporcional de judeus influentes na sociedade, e sua secularização radical, especialmente dos ativistas judeus, com freqüência tem conseqüências destrutivas. Praticamente cada movimento social radical tem tido fundadores e líderes judeus. Quando os judeus não usam o Judaísmo para guiar e canalizar seus impulsos religiosos, criarão e usarão outros “ismos”.

D’us é o assunto mais importante na vida. Em primeiro lugar, se não há D’us, a vida não tem significado. (Sim, podemos criar significados subjetivos, mas são apenas isso – subjetivos.) Em segundo lugar, se D’us não é a fonte da moralidade, então o bem e o mal são apenas uma questão de gosto. É por isso que nossas moralmente confusas universidades têm se tornado as instituições americanas mais hostis aos Estados Unidos e a Israel. Quando eu era aluno de graduação na Universidade de Colúmbia, entendi que o Salmista estava certo: “A sabedoria começa com o temor a D’us.”

Que a maioria dos pais judeus seja incapaz de dizer ao filho: “D’us ama você”, ou “Olhe só aquele lindo pôr-do-sol – D’us não é impressionante?” é muito triste.

Muitos pais judeus temem que seus filhos possam se tornar “religiosos demais”, mas nunca se preocupam que eles possam se tornar seculares demais.

Apesar disso, “secular demais” é exatamente o que a maioria dos judeus se tornou, até mesmo alguns que cumprem algumas leis judaicas. O bar mitsvá, em média, é falho em D’us e santidade; e a educação judaica média, mesmo em muitas escolas de período integral, pode se concentrar no hebraico ou mesmo em observância, mas raramente se concentra em D’us. As famílias podem acender velas de Shabat, mas além de uma breve menção na bênção, o Nome de D’us não é falado. Em muitos exemplos, até mesmo a sinagoga está livre de D’us, tendo se tornado basicamente um local de encontros semanais para a comunidade judaica, em vez de a casa de D’us.

Não admira que muitos judeus tenham sido atraídos por “Judeus para Jesus”. Este tipo de grupo oferece aos judeus aquilo que muitos não receberam: uma vida centralizada na fé. Praticamente, nenhum judeu criado com D’us e a Torá jamais se tornou um “Judeu para Jesus”. São os judeus para nada que se tornam Judeus para Jesus, Judeus para Marx, e judeus para toda causa secular que se conhece. Sem o Judaísmo, as causas seculares se tornam a religião substituta e fonte de valores para muitos judeus.

Talvez eventos como o Onze de Setembro choquem os judeus e os façam reavaliar seu secularismo. A instituição secular que eles mais respeitam, a universidade, tem demonstrado ser um fracasso moral, e na verdade um perigo para os judeus. A civilização mais secular, a Europa Ocidental, da mesma forma tem se revelado anti-semítica e moralmente falida. E os maiores partidários dos judeus têm vindo dos mais religiosos de seus amigos americanos (incluindo o Presidente). Além disso, até o judeu mais secular tem precisado entender que os judeus e o estado judeu obviamente desempenham um papel central nos assuntos humanos. Certamente, estes desenvolvimentos devem encorajar os judeus a considerar levarem D’us mais a sério.
Está na hora de levarem D’us a sério. O mundo nos agradecerá. E nossos filhos também.

1. Tehilim 111:10
Dennis Prager é autor de quatro livros, colunista nacionalmente reconhecido, e apresentador de um Talk Show em 60 estações de rádio nos Estados Unidos. Pode ser contatado através de seu website http://www.dennisprager.com

Fonte: site do Beit Chabad

Tenham um sábado de paz !

Fernando Rizzolo

A Roda da Fortuna

Todas as obras éticas da Torá enfatizam a importância da humildade e a repugnância da vaidade.

Rabi Akiva foi certa vez ao mercado, a fim de encontrar um comprador para uma pedra preciosa. Um homem mal vestido que estava sentado entre os pedintes disse que desejava comprá-la. Rabi Akiva pensou que o homem estivesse zom…bando dele.

O homem levou Rabi Akiva até uma mansão. Quando entrou, um criado trouxe-lhe uma cadeira dourada. Abriu um baú de dinheiro e comprou a pedra preciosa.

Os servos prepararam uma mesa opulenta para Rabi Akiva, e serviram uma refeição suntuosa. “Não entendo isso” – disse Rabi Akiva. “Se você é tão rico, por que se associa com os mendigos?”

O homem respondeu: “Rabi, minha fortuna poderia facilmente subir-me à cabeça e fazer-me pensar que sou melhor que os pobres. Fomos todos criados de maneira igual. Por algum motivo, D’us quis me abençoar com riquezas. Eu me junto aos pobres para que meu dinheiro não me torne um homem vaidoso.”

Continuou o homem: “Além disso, o mundo é cíclico. Hoje sou milionário, amanhã posso ser um mendigo. Se isso acontecer, já tenho meu lugar reservado entre os pobres” (Menorat Hamaor 332).

Tenham um sábado de paz !

Fernando Rizzolo

Moralidade: a etiqueta da alma

*Por Rabino Chefe da Inglaterra, Professor Dr. Jonathan Sacks

Um breve passeio pela Internet revela que há Sociedades para a Proteção dos Animais, pássaros, plantas, crianças, edifícios antigos, lagos alpinos, florestas em New Hampshire e direitos autorais mecânicos. Existe até – e a saúdo como uma causa nobre – uma Sociedade de Proteção do Apóstrofo, dedicada a preservar o uso correto desta marca de pontuacão tão abusada. Insisto portanto na criação de uma Sociedade para a Proteção da Educação. É uma virtude seriamente ameaçada.

Já perdi a conta do número de pessoas visíveis ao público que são pagas, na verdade, para ser rudes. Há o entrevistador que, ao receber uma resposta, diz: “Retira isso”, e a anfitriã de um programa de perguntas e respostas que se revela no título: “Rainha da Maldade”. Há o apresentador no programa de debate moral que se especializa em mandar farpas ridicularizando qualquer um que ouse discordar dele; as estrelas que ganham fama por meio de obscenidade e blasfêmia calculadas; os heróis do futebol que chutam ou praguejam numa fúria coreografada; o jornalista famoso por sua habilidade em depreciar as modelos desse ano; e a supermodel conhecida por atirar excentricidades. A lista é interminável e desalentadora.

Não há muito a dizer sobre ser rude. Houve um tempo em que era preciso coragem para desafiar as convenções, mas agora não sobraram convenções para desafiar. Beethoven era famoso por ser descortês de tempos em tempos, mas ele tinha outras alegações à fama. Costumava haver uma arte do insulto elegante. Lady Astor ganhou reputação por ter dito a Winston Churchill: “Se você fosse meu marido, eu envenenaria seu café.” E Churchill respondeu: “Se você fosse minha mulher, eu o beberia com prazer.” Os insultos atuais, porém, estão mais perto da grosseria que da inteligência. As crianças adoram chocar e ser chocadas, mas não somos uma sociedade de crianças.

Em resumo, ser rude é ser grosseiro. Não há nada a dizer em sua defesa. É uma forma de ataque verbal, de depreciar, uma humilhação deliberada do outro. Por que tem aumentado. A melhor resposta foi dada pelo filósofo Alasdair MacIntyre. Houve uma época, diz ele, em que partilhávamos uma linguagem moral. Acreditávamos em certo e errado objetivos. Quando se chegava a um desacordo, as pessoas sabiam que tinham de argumentar em causa própria. Hoje acreditamos (erradamente) que a moralidade é subjetiva, qualquer que seja a que escolhemos. Ocorre então que não há argumento além da mera afirmação da própria opinião. A voz mais alta, mais aguda e mais rude sai ganhando.

É por isso que a civilização ainda importa. Aquelas virtudes há muito esquecidas – gentileza, cortesia, tato, contenção, e disposição para ouvir outro ponto de vista – significam que aqueles que as praticam levam as outras pessoas a sério. Não infligem sofrimento propositadamente. Acreditam que a verdade é mais importante que vencer um debate; que a sensibilidade aos sentimentos dos outros não é fraqueza, mas força. Por mais estranho que pareça, são os entrevistadores mais gentis, não os agressivos, que conseguem as respostas mais reveladoras. O talento vence as partidas, não a força bruta. Dar ao interlocutor uma atenção e ouvi-lo com justiça é a única maneira de vencer uma discussão e manter um amigo.

“Um tolo”, diz o Livro de Provérbios, “adora exibir as próprias opiniões.” Em contraste, “A língua que traz cura é uma árvore da vida.” Ou para citar o filósofo francês André Comte-Sponville, “Boas maneiras precedem e preparam o caminho para as boas ações. A moralidade é como a educação da alma, uma etiqueta da vida interior.” Somente aqueles que são pequenos fazem outros se sentir pequenos. A educação é o reconhecimento de que somos tão grandes quanto permitimos que outras pessoas o sejam.

fonte: Beit Chabad

Tenha um sábado de paz !

Fernando Rizzolo

D’us Em Plena Campanha

*Por Yanki Tauber

Um presidente tem quatro anos entre as eleições, um deputado precisa renovar seu mandato a cada quatro anos, enquanto os ditadores permanecem no cargo durante o tempo que quiserem, desde que consigam manter seus generais felizes (ou apavorados). Porém D’us passa pela reeleição todos os anos.

Em todo Rosh Hashaná, (ano novo judaico) coroamos D’us como rei. Segundo os cabalistas, sem esta coroação anual (efetuada pela nossa decisão de nos submetermos à soberania Divina, nossa recitação dos “versículos de soberania” incluídos nas preces especiais do dia, e pelo toque do shofar), o “reinado” de D’us não seria renovado, e a totalidade da criação – que deriva do desejo Divino de ser rei – deixaria de existir. (Geralmente não pensamos sobre reis precisando de eleição para manter o cargo, mas isso é porque a palavra “rei” é uma tradução um tanto inexata da palavra hebraica “melech”. Um “melech”, por definição, é um soberano cujo reinado deriva do desejo e livre escolha de um povo de submeter-se ao seu governo. Um rei que reina por força ou exploração não é um “melech”, e sim meramente um moshel ou “governante”.)

Como D’us Se prepara para Sua reeleição anual?

Ele simplesmente Se senta em Seu palácio confiando em nosso bom senso para proclamá-Lo como rei novamente? Ele saiu atrás do voto, misturando-Se com as massas, dando apertos e beijinhos nos bebês? Eis aqui como o mestre chassídico Rebe Shneur Zalman de Liadi (1745-1812), descreve o mês de Elul – o mês que precede a coroação Divina em Rosh Hashaná:

É como um rei que, antes de entrar na cidade, o povo sai para saudá-lo no campo. Ali, todos que desejarem podem encontrá-lo; ele recebe a todos com um semblante alegre e mostra uma face sorridente a todos. E quando ele vai para a cidade, eles o seguem até lá. Mais tarde, porém, depois que ele entra no palácio real, ninguém pode entrar em sua presença exceto com audiência marcada, e apenas pessoas especiais e selecionadas. Assim também, por analogia, o mês de Elul é quando encontramos D’us no campo…

(Licutê Torá, Reê 32 b; veja também Licutê Sichot, vol. II pág. 632 ff.)

Embora essa descrição tenha alguma semelhança com um político concorrendo para um cargo numa democracia moderna, existem, obviamente, algumas diferenças. Tais como o fato de que uma promessa de campanha feita por D’us é muito mais provável de ser cumprida do que aquela feita pelo típico candidato a um cargo.

Entramos no mês de elul. O rei está no campo; se você precisar de algo da parte Dele, agora é a hora de pedir.

Fonte: Site do Beit Chabad

Tenha um sábado de paz !

Fernando Rizzolo

Controlando seu Adolescente

*Por Daniel Schonbuch

Controle

À medida que os filhos se movem da infância para a pré-adolescência, têm uma crescente necessidade de adquirir controle sobre seu ambiente. Para satisfazer essa necessidade, deve-se dar aos adolescentes um poder razoável de fazer opções sobre aquilo que comem, com quem brincam, e em quais atividades extra-curriculares desejam participar. Eles precisam ter a oportunidade de fazer escolhas que acham importantes em diferentes áreas de sua vida.

Os pais podem encontram muitas maneiras de habilitar os adolescentes com segurança, sem permitir que façam opções perigosas. Adolescentes podem fazer escolhas seguras quando compram roupas, planejam viagens em família, ou escolhem seus presentes de aniversário.

Na maior parte do tempo a importância das escolhas não importa; até pequenas decisões podem fazer diferença e permitir que sintam que podem satisfazer seu desejo de controle de forma saudável. Seja comer sorvete de chocolate ou baunilha, a que horas reunir-se com os amigos, ou quais dias são melhores para um passeio em família são igualmente importantes. Embora algumas opções pareçam inconsequentes, o que importa é a sensação que os adolescentes têm de que receberam o poder para optar.

Certa vez aconselhei uma família cujo filho mais velho tinha dificuldade em se sentar por um longo tempo na mesa do Shabat. Como primogênito, ele parecia ter um forte desejo de controle e se sentia velho demais para ficar sentado com seus irmãos e irmãs mais novos. Sugeri ao pai que ele fizesse do filho um parceiro administrando a refeição do Shabat e entregando a ele alguma responsabilidade, como dar presentes aos outros filhos pelo bom comportamento. Quase imediatamente, o adolescente se sentiu valorizado à mesa e ficou mais disposto a participar e apreciar a experiência familiar. Foi dada a ele uma maneira de preencher sua necessidade de controle de modo saudável, o que reduziu o conflito pelo poder à mesa que já durava algum tempo.

O controle também pode ser dado em retorno para um adolescente que aceita maior responsabilidade. Eis aqui algumas sugestões para níveis seguros de controle que os pais podem dar ao seu filho adolescente:

* Para adolescentes que desejam usar o carro: Faça uma lista das atividades de manutenção necessárias, como abastecer, trocar o óleo e checar a pressão dos pneus. Explique que quando você vir que eles são responsáveis pelos cuidados com o carro, você discutirá maneiras de deixá-los usar com maior frequência.

* Para adolescentes que desejam comprar suas próprias coisas: Abra uma conta bancária com eles e estabeleça datas limite para guardar o dinheiro para comprar os itens que eles desejam. Você pode também depositar uma semanada na conta, conforme o comportamento deles em casa.

* Para adolescentes que desejam se divertir mais fora de casa: Faça uma lista de deveres dentro de casa pelos quais eles são responsáveis. Recompense seu desempenho monetariamente ou levando-os para atividades divertidas.

* Para adolescentes que querem comprar muitas roupas: Fixe um valor mensal para roupas, um orçamento, e uma lista de preços das roupas que eles querem comprar.

* Para adolescentes que não gostam da escola e desejam trabalhar: Arrume um estágio após a escola num comércio local ou numa profissão.

*Para adolescentes que não gostam de comer junto com a família: Compre um livro de receitas fáceis e faça-os escrever um cardápio semanal das comidas que preferem. Eles também podem ajudar a preparar as comidas que escolheram.

Quando os pais dão aos adolescentes uma saudável quantidade de controle, estão dando a eles a força para entrar no mundo adulto e assumir responsabilidade pelas próprias ações.

Significado

O quinto pilar do mundo interior é aquilo que o eminente psiquiatra e sobrevivente do Holocausto Victor Frankl chamava de “Desejo por um Significado”. Este desejo por um significado implica querer conhecer os porquês da vida e não apenas os “comos”.

A maioria dos adolescentes tem um enorme desejo de saber por que os eventos estão acontecendo a eles. Na verdade, quando os adolescentes são habilitados com significado e entendem os porquês da vida, são mais capazes de negociar os comos e os muitos desafios que a vida apresenta.

Infelizmente, nosso sistema educacional com frequência nega a necessidade de significado a um adolescente. Nossas escolas tendem a dizer aos nossos filhos o que eles têm de fazer, mas não por que tem de fazê-lo. Quando recebem uma resposta do tipo: “porque eu disse que sim”, eles interpretam que o professor não está interessado naquilo que eles estão sentindo ou naquilo que têm para dizer.

Com isso em mente, os pais precisam gastar muito tempo tentando explicar aos adolescentes os porquês da vida. Por exemplo, quando os filhos se sentem negligenciados pela escola, os pais podem ajudar discutindo com eles como uma escola funciona, as pressões financeiras e de organização que enfrenta, e por que os professores nem sempre podem dar aos alunos a atenção que merecem.

Os adolescentes também se beneficiam ao saber o significado por trás do comportamento dos pais. Se você quer que seu filho adolescente vá cedo para a cama, por exemplo, o motivo que pode dar é que ele trabalhou muito o dia inteiro e precisa dormir cedo. E isso é o suficiente. Pelo menos o seu adolescente sabe o que você espera dele, ou dela: que vá dormir e não pense que simplesmente você não o quer por perto.

Lembro-me de ter chegado em casa após um dia duro de trabalho, encontrando uma casa animada cheia de crianças. Eu disse a eles que precisava de uma folga e que ficaria contente em brincar mais tarde com eles. No passado – antes de eu ter aprendido sobre o desejo interior de meus filhos por um significado – eu teria passado muito tempo explicando a eles como eu me sentia. Após aprender mais sobre o mundo interior deles, eu pude me sentar com meus dois filhos mais velhos e dizer: “Quero que saibam que eu os amo muito, e tive um dia de muita pressão no trabalho. Estou com dor de cabeça e preciso de algum tempo para ler um livro e relaxar. Se vocês me derem um pouco de tempo agora, poderei dar mais tempo a vocês depois. Por favor, brinquem entre vocês por mais meia hora. Então eu vou ajudá-los com a lição de casa e poderemos brincar.” Quando expliquei a eles por que não poderiam ter minha atenção imediata, eles ficaram muito menos ofendidos por eu não passar tempo com eles.

Os pais não deveriam se preocupar por terem de dar a resposta perfeita a cada pergunta ou saber o significado por trás de tudo que acontece na vida. Também as respostas não têm de ser uma prova absoluta no sentido filosófico. Se os pais não sentem que têm as respostas corretas, podem sempre dizer aos adolescentes que gostariam de conversar com um expecialista naquela área ou ler mais sobre o assunto. O elemento chave é conscientizar os adolescentes de que você está interessado no mundo deles e disposto a discutir ideias que estão próximas de seus corações.

Quando se concentram no mundo interior de seus filhos adolescentes, os pais podem criar uma conexão mais profunda e facilitar um maior senso de proximidade. Os benefícios desse novo relacionamento incluem:

*Respeito e confiança mútuos
*Empatia – compreensão de um pelo outro
*Ênfase nas conquistas em vez de nas falhas
*Troca de pensamentos e sensações, em vez de escondê-los e guardar ressentimento

Passar tempo qualitativo juntos
Como parte do seu processo de conectar-se com seu adolescente, um passo importante é passar tempo juntos. Sei que, para muitas famílias, passar tempo com uma criança ou adolescente parece uma tarefa assustadora. Porém, esforçar-se por fazê-lo pode ser importante no sentido de construir o seu relacionamento.

Uma das questões que os pais têm é sobre o que acontecerá se eles passarem tempo sozinhos com um adolescente com quem eles brigam. A resposta com frequência é surpreendente. A maioria dos adolescentes aprecia a ocasião especial de passar tempo sozinho com os pais, especialmente fora de casa. Aconselho muitas famílias que têm gritarias diárias com seus adolescentes, mas quando os tiram de casa, o ambiente emocional pode mudar muito rapidamente.

Durante esse tempo com seu filho, os pais deveriam tentar imaginar que estão saindo para um encontro pela primeira vez. Todos sabem que a primeira vez que as pessoas encontram alguém são cuidadosas com suas emoções. Sabem que têm de ser calmas e prestar atenção especial para não se intrometer nos assuntos privados da pessoa. Há uma espécie de distância saudável que protege as pessoas quando elas se encontram pela primeira vez e as ajuda a manter um senso de respeito e reverência.

Quando esiver sozinho com seu adolescente é importante não repisar os mesmos assuntos pelos quais discutiu em casa. Fale sobre ideias gerais sobre assuntos da atualidade, música, esportes ou sobre os sentimentos de seu filho sobre a vida e os relacionamentos; isso é mais produtivo. A ideia principal é passarem juntos um tempo agradável. Desenvolva a conversa da mesmo maneira que faria com um amigo.

Muitos pais pensam que a única maneira de conseguir que seu filho adolescente passe tempo com eles é comendo fora ou fazendo compras. Porém isso não é totalmente verdade. Sugiro aos pais que se conectem com seus filhos encontrando hobbies e atividades de interesse comum. Por exemplo, minha mulher e eu encontramos um estúdio de cerâmica aqui perto onde pais e filhos podem pintar itens de cozinha como canecas de café e bules de chá que são então produzidos profissionalmente num forno. Pintar cerâmica é uma maneira simples e divertida de passar tempo juntos. Você também pode partilhar aquilo que pintou com o restante da família, algo simbólico da natureza produtiva de passar tempo junto com seus filhos.

Rabino Daniel Schonbuch, MA, é Diretor Executivo da Shalom Task Force e autor de um livro intitulado “First Aid for Jewish Marriages”. Ele tem um consultório particular para Terapia em Casamento e Família e reside em Crown Heights, NY, com sua mulher e filhos.

Fonte: site Beit Chabad

Tenham um sábado de paz !!

Fernando Rizzolo

Os Caminhos na Vida

*por Rav Efraim Birbojm

“André e Rodrigo, cansados de morar na cidade grande, decidiram viajar para procurar um lugar melhor. Cada um comprou um cavalo e partiram juntos para procurar o lugar ideal para viver. Após viajarem muitas horas, depararam-se com uma bifurcação. Os dois ficaram confusos, não sabiam que caminho escolher. Um dos caminhos parecia agradável, tranquilo, sem muitas curvas nem dificuldades. O outro caminho já parecia um pouco mais tortuoso, com muitas curvas e trechos difíceis.

Os dois já tinham escolhido o caminho mais simples e iam recomeçar a viagem quando André viu uma pequena tabuleta no chão. Ao começar a ler, percebeu que tinha sido escrita pelo engenheiro que havia projetado as duas estradas. Na tabuleta estava escrito uma espécie de conselho: “Cuidado com as aparências. Nem sempre a estrada mais fácil é aquela que leva aos melhores destinos”.

Rodrigo deu risada. Se achava inteligente demais para acreditar naquela placa tola. Ele achou, com arrogância, que o engenheiro não tinha nada para acrescentar na sua decisão. Imediatamente seguiu pela estrada fácil e direta.

Já André ficou em dúvida. Se o próprio engenheiro havia deixado aquela mensagem, o melhor seria seguir pela estrada mais difícil e longa, pois certamente chegaria a um lugar melhor. Mas por outro lado, a outra estrada parecia muito atrativa. A escolha era realmente difícil e ele sabia que a decisão influenciaria toda sua vida. Depois de muito tempo de reflexão, ele decidiu escutar o conselho do engenheiro que havia projetado a estrada. Afinal, quem poderia saber mais do que o próprio projetista daquelas duas estradas? Viajou segurando firme seu cavalo, contornando as difíceis curvas e vencendo os obstáculos no caminho. Cada vez mais o caminho ia ficando agradável e fácil. Após algumas horas de viagem ele chegou a um belíssimo jardim de rosas e foi saudado por pessoas muito amáveis e hospitaleiras.

Enquanto isso, Rodrigo seguia feliz pelo outro caminho. Mas aos poucos a estrada, que era agradável, começou a se tornar esburacada e perigosa. Após algumas horas de viagem, cada vez mais difícil e desagradável, ele chegou ao destino final: um espinheiro, por onde somente conseguiu passar machucando todo o seu corpo. E finalmente foi recebido por pessoas que o enganaram e roubaram todos os seus pertences”

Isto é o que o judaísmo nos ensina: nem sempre os caminhos mais curtos são os que nos levam aos melhores lugares. Ao contrário, sem esforço e sem vencer os desafios não crescemos e não chegamos a lugar nenhum na vida.
fonte: Blog http://www.ravefraim.blogspot.com.

Tenham um sábado de paz !

Fernando Rizzolo

Como encontrar sua alma gêmea

Por Emuna Braverman

“Como vou saber se ele é minha alma gêmea?” uma de minhas alunas perguntou-me outro dia.

“Isso não importa,” respondi. “Assuma um compromisso com ele, coloque nisso todo o trabalho e esforço necessários, e ele se tornará sua alma gêmea.”

Alma gêmea é uma das ideias mais confusas e equivocadas na vida judaica. Embora o Talmud declare que 40 dias antes da formação do feto, uma voz Celestial desce do Alto e decreta quem vai ser parceiro de quem, essa atividade ocorre no âmbito espiritual.

Na verdade, isso pode tornar-se uma distração. Isso nos leva a procurar sinais e prenúncios e os misteriosos caminhos do cosmos que nos aproximaram, e a ignorar os elementos mais importantes exigidos para criar um relacionamento bom e produtivo.

O fato de que você “nunca” vai até aquela loja e que “nunca” está em casa naquela hora e que ele estava comprando “exatamente” a mesma coisa que você pode ser uma história bonitinha para contar aos seus netos (ou não), mas não demonstra se ele é bom e leal.

A lua, as estrelas e aquele brilho especial não falam se ele é honesto e confiável.

E toda a atração física no mundo não nos diz nada sobre seu poder de permanecer a longo prazo, sobre sua verdadeira compreensão da palavra compromisso.

É por isso que eu sugiro que se precisar falar sobre alma gêmea (e parece que precisamos!) isso deveria vir ao fim da discussão, não no início.

Quando duas pessoas constroem juntas uma vida, quando começam com um alicerce de valores compartilhados e bom caráter, e seu compromisso é forte, eles criarão um casamento forte.

Isto é o que você consegue conquistar após anos de conflito e alegria, anos de sofrimento e celebração, anos de esforço e risadas.

Com todo o trabalho duro, com constante doação ao cônjuge, eles criarão um vínculo irrevogável. Através das atividades de família e envolvimento na comunidade eles aprofundarão sua união. Seu senso de intimidade e conexão somente crescerá com o tempo.

É o que você recebe depois que cumpriu seus deveres. É aquilo que você consegue quando continua em frente não importa o quanto a estrada seja difícil. O que você consegue após anos de conflito e júbilo, dor e celebração, esforço e risos.

Há um aspecto ligeiramente místico – é aquilo que você consegue quando não está procurando por ele, quando não é enganado por exterioridades ilusórias e pseudo-espiritualidade.O que você recebe após usar seu tempo sendo carinhoso e amante, após criar uma verdadeira unidade conjugal de dois indivíduos.

É verdade que tudo está nas mãos do Todo Poderoso, mas não necessariamente na maneira que pensamos inicialmente. Se fizermos o que é realmente necessário para fazer o casamento funcionar, então o Todo Poderoso faz um milagre para nós – vermos que embora não tenhamos reconhecido isso a princípio, desposamos nossa alma gêmea, afinal.
fonte: site do Beit Chabad

Tenham um sábado de paz !

Fernando Rizzolo

Fernando Rizzolo candidato a Dep.Federal fala de Sonhos e Esperanças.

Fernando Rizzolo 3318 candidato a Deputado Federal por SP. Divulgue este vídeo e ajude o Rizzolo a chegar lá !!

Publicado em últimas notícias, Brasil, cotidiano, economia, geral, News, notícias, Política, Principal. Tags: , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , . Leave a Comment »

Conexão Hi-tech

* Por Tzvi Freeman

Isto ocorreu nos anos sessenta, quando os primeiros computadores foram introduzidos nos negócios. O Professor Abraham Polichenco, pioneiro na tecnologia de computadores, visitou o Lubavitcher Rebe e fez a seguinte pergunta:

“Sei que tudo que existe no mundo, até mesmo algo que descobrimos mais tarde na história, tem sua fonte em algum lugar na Torá. Então, onde estão os computadores na Torá?”

Sem hesitar, o Rebe respondeu: “Tefillin.” O professor ficou perplexo.

“O que há de novo em um computador?” o Rebe continuou. “Você entra em uma sala e vê muitas máquinas familiares: uma máquina de escrever, um grande gravador, uim aparelho de televisão, um perfurador de buracos, uma calculadora. O que há de novo?

“Mas sob o chão, cabos conectam todas estas máquinas de modo que trabalhem como uma só.”

O professor assentiu entusiasticamente. Ele não havia percebido isto antes. Mas claro! Isto é tudo o que um computador é: uma síntese da mídia e uma série de dispositivos de processamento de dados.

“Agora olhe só para você. Você possui um cérebro que está em um mundo, e seu coração está em outro. Suas mãos quase sempre acabam envolvidas em algo completamente estranho a ambos. Três equipamentos diversos.

“Você então coloca tefillin. Na sua primeira ação do dia, conecta a cabeça, o coração e sua mão com estes cabos de couro – todos para trabalharem juntos com uma só intenção. E quando você sai para enfrentar o mundo, todas as suas ações encontram harmonia em um propósito único, coordenado.”

Fonte: site do Beit Chabad

Tenham um sábado de paz !!

Fernando Rizzolo

Encarando o problema de frente

No Oeste americano, às vezes caem tempestades muito pesadas. Elas começam de repente com chuvas congelantes e a temperatura despenca abaixo de zero. Então, terríveis ventos frios começam a trazer enormes pedras de gelo. A maioria dos bois que estão no campo aberto vira de costas para as rajadas de vento e gelo. Com a força do vento, eles não conseguem resistir e começam a ser empurrados, até que inevitavelmente são jogados contra a cerca de arame farpado e não conseguem mais sair de lá. Em grandes tempestades, muitos bois acabam morrendo por causa dos ferimentos.

Mas uma raça de bois sempre sobrevive. É conhecida como “Hereford”. O que eles fazem durante as tempestades? Eles não se viram de costas para as rajadas. Instintivamente eles enfrentam o vento forte. Vários bois se juntam, ombro a ombro e, com as cabeças abaixadas, ficam de frente para a tempestade. Assim, juntos, conseguem suportar por horas. Segundo os criadores de gado, nas tempestades em que a maioria dos bois morre, os Herefords são quase sempre encontrados vivos e saudáveis.

Aprendemos duas lições dos bois Hereford: que a união pode nos ajudar nos momentos mais difíceis e que a única forma de vencer as dificuldades é encará-las de frente quando elas surgem em nossas vidas”

SHABAT SHALOM

Rav Efraim Birbojm

Tenham um sábado de paz !

Fernando Rizzolo

O grito de uma criança

*por Rabino Chefe da Inglaterra, Professor Jonathan Sacks

Um dos aspectos mais chocantes do maior ato de desumanidade na história da humanidade foi o extermínio de crianças entre as milhares de vítimas. Mais de um milhão e meio de crianças foram mortas durante o terror nazista. Teve início com os deficientes, epilépticos e mentalmente retardados, passando para os grupos considerados inferiores aos espécimes perfeitos da raça ariana, culminando com aqueles culpados de ter avó ou avô judeus.

Mais de um milhão de crianças judias foram perdidas durante estes anos, uma geração inteira assassinada. Até hoje, quando caminho nas ruas de determinadas cidades da Europa, sinto-me como se estivesse na presença de fantasmas, ouvindo novamente as palavras de D’us a Caim: “O sangue de teu irmão clama a Mim lá da terra.”

Há oito anos, visitei Auschwitz pela primeira vez. É difícil descrever o arrepio que se sente ao passar pelos portões com sua inscrição zombeteira: “O trabalho liberta.” O que mais congelou meu sangue, porém, foi a visão das roupas das crianças, ainda ali, preservadas: os minúsculos sapatos, a capa vermelha de uma menina de três anos, as pequenas malas amarradas com cordão. Há certas coisas que depois que você as vê, o assombram para sempre, e para mim isso foi o pior de tudo.

A palavra hebraica para compaixão, rachamim, vem de rechem, e significa “um útero”, porque mais que qualquer outra coisa, o ato de trazer ao mundo uma nova vida é a matriz de nosso respeito pela vida. Para assassinar crianças, os nazistas tiveram primeiro de destruir aquele senso de compaixão, o que fizeram – assim como fizeram tudo o mais – com eficiência brutal. Nos primeiros anos, as crianças recebiam injeções letais. Mais tarde, morriam de inanição ou então à bala, baioneta ou estranguladas.

Estes atos provaram ser demais para poucos soldados, e lentos demais para a planejada liqüidação de todos os judeus da Europa. Assim foram criados os campos de extermínio, com câmaras de gás disfarçadas de chuveiros. Um guarda de Auschwitz, testemunhando no Juramento em Nuremberg, admitiu que no auge do genocídio, quando o campo estava matando dez mil judeus por dia, as crianças eram atiradas ainda vivas à fornalhas.

Nunca a humanidade chegou tão perto do mal pelo mal em si.

As crianças eram e sempre serão o teste de nossa humanidade. Porém, ainda nos dias de hoje, trinta mil morrem a cada dia de doenças evitáveis, e centenas de milhões vivem sem alimentação adequada ou abrigo, educação ou assistência médica. Pior de tudo, ainda são usadas como peões no jogo de xadrez do ódio, sendo jogados em zonas de conflito em todo o mundo.

Porém, mesmo nesses anos mais tenebrosos houve exceções – as quase dez mil crianças trazidas, na sua maioria para a Inglaterra, na operação de resgate chamada Kindertransport, e os milhares de outros abrigados, escondidos e salvos por homens e mulheres comuns, cuja simples humanidade os levou a extraordinários atos de coragem, quando salvar a vida de um judeu significava arriscar a própria vida. Muitos membros de nossa comunidade devem a vida a pessoas assim, cujo heroísmo ainda acende uma chama de esperança num mundo escuro e perigoso.

Ao final de sua vida, Moshê reuniu os filhos daqueles que ele levara da escravidão à liberdade e disse: “Escolham a vida, para que vocês e seus filhos possam viver.” Aquelas palavras continuam a reverberar numa época em que o ódio dá as mãos às armas de destruição em massa. Se o Holocausto nos ensinou alguma coisa, é isso: tudo aquilo pelo qual lutamos não vale a pena, se nos deixa surdos ao grito de uma criança.

Fonte: Site do Beit Chabad

Tenham um sábado de paz !

Fernando Rizzolo

“Bullying”

*Por Sara Esther Crispe

Semana passada fui à casa de meus pais e encontrei alguns álbuns antigos, do ensino médio e do ginásio, e até mesmo alguns da escola primária. Graças ao Facebook e outros sites sociais da rede, muitos desses colegas são pessoas com quem agora mantenho contato.

Ironicamente, tenho muitos “amigos” na minha lista de amigos com quem não tenho amizade. Nunca tive. Quando muito, estes “amigos” tornaram a minha juventude muito infeliz. Eu era provocada, perseguida mesmo, porém anos antes de o termo “bullying” ser usado.

Olhando em retrospecto, posso dizer que talvez tenha sido o mau tratamento tanto pelos colegas quanto por alguns professores (enquanto escrevo essas palavras, meu estômago se contrai à medida que recordo meu professor da terceira série que me aterrorizava), que me tornou a pessoa que sou hoje.

Talvez eu seja uma das sortudas que se fortaleceram através dessas experiências. Pois todos que me conhecem sabem que sou bem dura quando preciso ser, e certamente me recuso a ser forçada… seja por quem for.

Porém olhando para o presente, e não apenas para o passado, percebi algo mais. Por mais que algumas pessoas tenham mudado drasticamente, a maioria continuou do mesmo jeito. Não apenas a grande maioria das minhas colegas mora na mesma cidade onde crescemos, como a maioria tem filhos da mesma idade e nas mesmas escolas que frequentamos.

E embora eu não possa dizer com certeza, poderia apostar que aqueles que eram “populares” quando eu era jovem provavelmente são pais de filhos “populares” agora. Pergunto-me se eles deixam os filhos brincarem com aqueles que “não são tão legais”, ou se eles os mantêm separados da maneira que os pais deles faziam com eles.

Olho para os divorciados na lista desses velhos “amigos” e como os filhos deles estão vestidos e posam nas fotos. Estou julgando superficialmente? Ora! Porém uma foto pode dizer mil palavras, e quando uma mão no quadril e um sorriso irônico se assemelha à mesma pose e rosto da mãe vinte anos antes, é difícil não presumir que as características faciais não são a única coisa que esta criança herdou.

Ainda nesta semana li sobre outro caso trágico de uma criança linda que tirou a própria vida por causa do incessante “bullying” por parte dos colegas. Porém o problema não é apenas entre as crianças. Brota dos pais. E brota dos pais que provavelmente foram “bullies” ou talvez tenham sido vítimas de “bullying”.

Qualquer pai ou mãe que permite que seu filho persiga outros (e se eles não estão cientes de como os filhos se comportam, aí já é outro problema…) provavelmente está repetindo aquilo que fizeram a outros, ou aquilo que gostariam de ter feito. Porque pais que são veementemente contrários e têm tolerância zero com o “bullying” são muito menos prováveis de ter filhos que levam outras crianças a se matarem.

Então, o que podemos aprender com essa recente tragédia? Como fazemos para assegurar que isso não tornará a acontecer?

Escrevo este artigo no período de Sefirat Haomer. Nesta época do ano, durante sete semanas nos dedicamos a aperfeiçoar nossas emoções e nossas características. Cada dia da semana tem um foco diferente, cada dia exige de nós que olhemos para o passado e retifiquemos nossas falhas para podermos melhorar no futuro.

O Judaísmo reconhece que todos nós temos o poder de mudar. Mudar radicalmente. Este é o conceito de teshuvá, verdadeiro arrependimento e retificacão. Porém isso não acontece por si mesmo. Não acontece simplesmente porque ficamos mais velhos. Acontece se, e somente se, mudarmos conscientemente nosso modo de pensar, sentir e agir.

Assim como nossos filhos são indivíduos, eles são também esponjas. Aprendem com aquilo que veem e nós, como pais, somos modelos de comportamento e professores. Se maltratamos os outros, se maltratamos a nós mesmos, é isso que estamos ensinando nossos filhos a fazer. É isso que estamos dizendo que é aceitável. Da mesma forma, se podemos admitir nossos erros e nossas falhas, mostramos a eles que a mudança é possível, mesmo que seja difícil.

Em Pêssach celebramos nossa saída do Egito. Fomos resgatados de gerações de “bullying”, de mau tratamento e escravidão. Porém ainda não estávamos prontos para receber a Torá. Isso veio somente depois de fazermos muita introspecção e auto-aperfeiçoamento. Pois embora tenhamos sido vítimas no Egito, precisávamos provar que não repetiríamos aquilo que vimos e aprendemos. Precisávamos provar que seríamos indivíduos sadios e membros de uma comunidade saudável. Portanto D’us nos deu estas sete semanas, estes quarenta e nove dias para trabalhar em nós mesmos e mudar nossa mentalidade daquela de vítima para a de transformador.

Dez, vinte, trinta anos podem ter passado desde que saímos da escola. Mas quanto realmente mudamos? Quanto realmente nos desenvolvemos? E nossos filhos? Eles são semelhantes àquilo que fomos na idade deles ou a como estamos agora?

Definição de Bullying

Compreende todas as formas de atitudes agressivas, intencionais e repetidas, que ocorrem sem motivação evidente, adotadas por um ou mais estudantes contra outro(s), causando dor e angústia, e executadas dentro de uma relação desigual de poder. Portanto, os atos repetidos entre iguais (estudantes) e o desequilíbrio de poder são as características essenciais, que tornam possível a intimidação da vítima. Formas do bullying: colocar apelidos,ofender, zoar gozar, encarnar, humilhar, fazer sofrer,discriminar, excluir, isolar, ignorar,intimidar, perseguir, assediar, aterrorizar, amedrontar, tiranizar dominar, agredir, bater, chutar, empurrar, ferir, roubar, quebrar pertences.

Fonte: Site do Beit Chabad

Tenham um sábado de paz !!

Fernando Rizzolo